Apesar de ter construído uma carreira praticamente irretocável, banda canadense não esteve livre de eventuais tropeços
Publicado em 21/10/2023, às 13h00
Ao longo das mais de quatro décadas de sua existência, o Rush teve uma carreira praticamente irretocável. Mesmo em fases diversas de sua trajetória, a banda canadense composta por Geddy Lee (voz, baixo e teclados), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria) lançou álbuns elogiados e realizou turnês com apresentações de alto nível técnico.
Porém, como todo grupo que fica por tanto tempo em atividade, o trio teve seus “tropeços”. O mais notório deles, na opinião de Lee, se deu justamente nos anos iniciais do grupo.
Em entrevista de 2020 à revista Classic Rock(via Far Out Magazine), o vocalista e multi-instrumentista definiu Caress of Steel (1975) como o pior álbum da carreira do Rush. Curiosamente, ele foi disponibilizado entre dois grandes clássicos do trio: Fly by Night (1975), que marcou a estreia de Neil Peart, e 2112 (1976), que consolidou a transição para uma sonoridade mais progressiva. Geddy comenta:
“Imediatamente Caress of Steel vem à mente quando se fala do pior disco do Rush. Mas curiosamente, eu conheci muitos fãs que amam esse disco.”
Na mesma ocasião, Lee citou outro álbum que certamente não está entre os mais apreciados: Presto (1989). O disco trouxe a banda colocando fim nos experimentos com sintetizadores feitos na década de 1980. Mesmo trazendo músicas como “Show Don’t Tell” e “The Pass”, o material, segundo ele, não agrada os fãs.
“Acho que Presto decepcionou muitos fãs. O trabalho de composição dele é um pouco monótono.”
Talvez Geddy Lee não enxergue Caress of Steel como um bom álbum justamente por seu caráter transitório. Foi o primeiro disco em que o Rush realmente explorou a sonoridade progressiva, que só se consolidaria a partir do sucessor 2112.
Alex Lifeson, inclusive, entende que Caress of Steel possibilitou a bem-sucedida carreira posterior do grupo. Em entrevista de 1980 à revista Guitar Player, ele comentou:
“Sem Caress of Steel, não poderíamos ter feito 2112. E este último, para nós, foi como voltar com força total. Foi naquela época que dissemos: ‘tudo bem, todo mundo quer que façamos músicas curtas e legais, como fizemos no primeiro álbum’. Ou faríamos isso, ou simplesmente falamos: ‘vão se ferrar, faremos o que quisermos’. Essa última opção foi a que escolhemos, então chegamos com 2112. Ainda é o sentimento que tenho com esse álbum nos dias de hoje. Posso sentir a hostilidade pairando.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.