UMA DAS VOZES DO MAIDEN

O ponto forte — e o ponto fraco — de Paul Di’Anno, segundo Steve Harris

Saudoso vocalista gravou os dois primeiros álbuns de estúdio do Iron Maiden, mas acabou demitido e substituído por Bruce Dickinson

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 14/03/2025, às 11h34
Paul Di'Anno e Steve Harris ao vivo com o Iron Maiden - Foto: Virginia Turbett / Redferns
Paul Di'Anno e Steve Harris ao vivo com o Iron Maiden - Foto: Virginia Turbett / Redferns

Paul Di’Anno teve uma passagem meteórica pelo Iron Maiden. O vocalista integrou a formação por apenas três anos, entre 1978 e 1981, e gravou somente dois álbuns, a estreia de 1980 e Killers (1981), mas foi o suficiente para fazer história.

Na opinião de Steve Harris, baixista e líder do grupo, o cantor falecido em outubro último tinha um ponto forte e um ponto fraco muito perceptíveis. Em entrevista à Classic Rock (via site Igor Miranda), ele deixou claro que não faltava talento a Di’Anno: os problemas que levaram à sua demissão eram, basicamente, comportamentais.

Nas palavras do baixista:

“A voz de Paul tinha uma certa qualidade. Havia um aspecto áspero. Mas ele não se cuidava. Ele tinha esse botão de autodestruição. E tive a impressão de que ele nunca acreditou de verdade que poderia chegar ao próximo nível. Acho que havia uma insegurança ali.”

Ao citar o “botão de autodestruição”, Steve se refere ao comportamento errático de Paul, reforçado pelo uso de drogas. O próprio cantor admitia que, à época, abusava da cocaína e se desentendia muito com o baixista e líder do grupo. Ao ser demitido em 1981, teve sua vaga ocupada por Bruce Dickinson, em uma movimentação que, na verdade, amplificou o sucesso da banda.

Paul Di'Anno, ex-vocalista do Iron Maiden, em 1981 - Foto: Paul Natkin / Getty Images
Paul Di'Anno, ex-vocalista do Iron Maiden, em 1981 - Foto: Paul Natkin / Getty Images

Nas décadas que se passaram, Di’Anno fez vários ataques públicos via imprensa a Harris. Chegou a compará-lo em 2009 com Adolf Hitler, em um comentário infeliz do qual o próprio confessou se arrepender. Porém, os dois fizeram as pazes e se reencontraram em 2022, quando o cantor já estava sofrendo com problemas de saúde e se locomovia em cadeira de rodas.

Ainda à Classic Rock, Steve relembrou com carinho da amizade retomada com Paul — e pareceu se divertir ao citar as provocações do ex-colega.

“Estive em contato com ele até algumas semanas antes de sua morte. Paul era um patife adorável. Gostava de me irritar se vestindo como o vocalista Adam Ant. Ele fazia qualquer coisa para me provocar. Digamos que ele gostava de irritar as pessoas. E isso ele fez! Ele costumava me chamar de Hitler. Já fui chamado de Aiatolá [considerado sob as leis do Islão xiita o mais alto dignitário na hierarquia religiosa] e Sargento, mas Hitler realmente supera tudo.”
Steve Harris ao vivo com o Iron Maiden em São Paulo, 2024
Steve Harris ao vivo com o Iron Maiden em São Paulo, 2024 - Foto: Igor Aleixo

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