Desde 2000, quando ainda tocava com Jimmy Page, vocalista opta por releituras e mudanças de arranjo para canções da banda
A trajetória de Robert Plant não se limita ao Led Zeppelin, banda encerrada em 1980. Ao longo dos mais de quarenta anos seguintes, o vocalista construiu uma longeva carreira solo e se envolveu em uma série de projetos, muitas vezes distantes do hard rock praticado com a banda que o consagrou.
Apesar disso, o cantor tocou — e ainda toca — músicas de seu antigo grupo ao vivo. Na tentativa de oferecer algo diferente e também encaixar a voz de um cantor que passou dos 70 anos de idade, a solução foi mudar arranjos e adotar uma nova roupagem para as canções que gravou ao lado de Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham.
Em entrevista ao USA Today (via Blabbermouth), ao lado da parceira musical Alison Krauss, Plant foi perguntado se ainda gosta de tocar as músicas do Zeppelin ou se o faz por “obrigação” — afinal de contas, o artista já compartilhou reflexões críticas sobre seu passado musical. Em resposta, declarou:
“Eu as amo (músicas do Led Zeppelin). Tenho muito orgulho delas, bem como de ter a chance de mudá-las e ouvir aquela voz junto a mim. Isso permite uma abordagem exótica dos elementos mais dramáticos. Às vezes fico emocionado com isso, porque estou ouvindo essas canções – todas elas são belas adaptações que eu jamais poderia ter sonhado. É uma grande conquista.”
No início de junho, Plant e Krauss disponibilizaram uma versão ao vivo para “When the Levee Breaks”, música de Memphis Minnie e Kansas Joe McCoy lançada em 1929. A faixa aparece em Led Zeppelin IV (1972) e tem uma das linhas de bateria mais marcantes de John Bonham.
Além dela, o duo tem executado em shows recentes canções como “Rock and Roll”, “The Battle of Evermore” e um trecho da tradicional “Gallows Pole”. Outra faixa muito lembrada nas apresentações e diretamente relacionada ao grupo britânico é “Please Read the Letter”, da parceria do cantor com Jimmy Page, nos anos 1990.
A mencionada reunião com o guitarrista, que deu origem ao projeto chamado Page and Plant, fez com que o cantor chegasse a uma conclusão um tanto dura. Robert notou que estava na hora de mudar a sua abordagem em relação a material antigo.
Em 2018, o cantor relatou ao canal The House of Strombo (via site Igor Miranda) um insight que teve durante um show na Alemanha, já no ano 2000:
Chegou a um ponto em uma noite em Mannheim, onde estávamos tocando dentro de um grande cubo de concreto para uma enorme audiência de homens levantando seus punhos para o ar. Eu pensei: ‘bem, não acho que nós precisamos mais disso, é hora de sair com o ônibus rapidamente’.”
A partir daí, praticamente todos os projetos de Robert Plant passaram a apresentar material de sua banda original com novas roupagens — além de suas novas composições explorarem ritmos diferentes do rock. Isso foi percebido inicialmente com o Strange Sensation, como pode ser visto no DVD ao vivo Soundstage: Robert Plant and the Strange Sensation (2006), que traz músicas como “No Quarter”, “Black Dog”, “Four Sticks” e “Whole Lotta Love”.
Já com a Band of Joy — banda que levava o nome do primeiro grupo de Plant, pré-Zeppelin —, rolavam versões modificadas de “Misty Mountain Hop”, “Houses of the Holy”, “Ramble On”, entre outras. O mesmo ocorreu com o The Sensational Space Shifters, que trazia no repertório canções como “Going to California”, “Friends” e “Bron-Y-Aur Stomp”.
Em 2019, Robert Plant formou uma banda acústica chamada Saving Grace. O setlist também incluiu músicas do Led Zeppelin, a exemplo de “What Is and What Should Never Be” e “The Rain Song” — sempre em uma pegada diferente da original.
Colaborou: André Luiz Fernandes.