O rock morreu? O que atrai o público para shows hoje? Nando Reis opina

A discussão sobre a “morte” do rock existe em todo o planeta. No Brasil, contempla não apenas artistas e bandas do exterior, como também os grandes nomes nacionais. Ao mesmo tempo em que grupos do gênero não surgem no mainstream como em outros momentos, os clássicos de outras décadas ainda despertam grande interesse.

Diante de tudo isso, qual a avaliação de Nando Reis? O rock morreu? O que realmente atrai fãs para os shows nos dias de hoje?

O assunto foi abordado em entrevista ao podcast Futeboteco. Conforme transcrição da Rolling Stone Brasil, Nando aponta, inicialmente, que não enxerga o rock — mesmo segmentado para a década de 1980 — como um “movimento” e que o mercado musical está sempre passando por transformações, a ponto de, agora, atrair público sob uma estratégia de “eventos exclusivos”.

“Acho que são todas as transformações. Não penso muito em ‘movimento’, não gosto muito dessa ideia. [...] Acho que o showbusiness está num momento onde o que atrai são esses eventos. ‘Titãs, o reencontro’, Gilberto Gil fazendo uma última grande turnê. Não acho que seja só nostalgia, são coisas exclusivas que você olha e fala: ‘isso não acontecerá de novo, essa é uma oportunidade’.”

Reis deixou claro que sua análise é “intuitiva” e tem “achismo”, pois não dá para saber como tudo funciona no universo musical. O artista reforçou, também, que a forma como as pessoas consomem música passou por enorme mudança nas últimas décadas, seja pelas plataformas de streaming, a exemplo de Spotify e YouTube, ou pelas redes sociais, como TikTok.

Fato é que, na opinião de Nando, “há gosto para tudo” no momento atual. A música pesada serve como exemplo:

“Acho que tem gosto para tudo. O rock tem nichos, como o heavy metal, milhões de nomenclaturas [subgêneros] que devem ter seu público fiel, uma cena.”

Como o rock brasileiro cresceu nos anos 1980, segundo Nando Reis

Ainda durante sua reflexão, Nando Reis apontou por que a década de 1980 se mostrou tão prolífica para a música brasileira, sobretudo o rock. Para ele, uma série de acontecimentos em cadeia levou à ascensão de artistas e bandas aclamados até os dias de hoje — a começar pelas rádios, como ele explica:

“Havia um contexto onde se encaixou o rock dos anos 1980 e 1990. Não era nem o rock, era a música que o Brasil produzia naquele momento. [...] A música brasileira, em língua portuguesa, passou a tocar na rádio FM. Até então, não tocava, só na AM. A rádio FM era uma coisa de flashbacks.”

Outras situações combinadas contribuíram. O artista relembra:

“Ao mesmo tempo, começa-se a ter uma compreensão. As bandas tocavam na danceteria. Começou a haver uma mudança da infraestrutura de equipamentos depois do Rock in Rio. Houve aumento de qualidade no equipamento, relacionado à abertura das importações, depois que veio com Fernando Collor.”

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