GRAMMY

O roqueiro que chamou indicações ao Grammy de ‘honrosas, mas trágicas’

Yungblud reflete sobre reconhecimento da Academia e o peso emocional de uma performance ao vivo inesquecível

Kadu Soares (@soareskaa)

Yungblud
Foto: Mariano Regidor/Redferns

Yungblud definiu suas primeiras indicações ao Grammy Awards como “uma honra, mas também trágicas”. O cantor britânico recebeu três nomeações: Melhor Álbum de Rock por Idols (2025), Melhor Canção de Rock por “Zombie” e Melhor Performance de Rock por sua versão de “Changes”, apresentada no último show do Black Sabbath, realizado em julho.

A fala veio em entrevista recente ao Q Podcast, quando Yungblud admitiu que ainda tenta entender como se sente diante do reconhecimento. “Eu não sei como me sinto sobre isso”, disse o artista, ao comentar o fato de ter sido indicado justamente por uma performance ao vivo, sem retoques de estúdio ou possibilidade de correção posterior. Para ele, trata-se de um momento único, que existe apenas naquele instante — e que não pode ser revivido da mesma forma.

Segundo o músico, a indicação por “Changes” carrega um peso especial justamente por ter sido cantada em um contexto tão simbólico: a despedida definitiva do Black Sabbath, uma de suas maiores influências. “É um momento que se foi e que você não consegue compartilhar novamente com a pessoa para quem estava cantando”, afirmou.

Por isso, Yungblud classificou o reconhecimento como algo ambíguo. Ao mesmo tempo em que celebra a validação de seu trabalho por uma das maiores premiações da música, ele reconhece o lado trágico de ver um instante tão carregado de significado ser transformado em objeto de avaliação técnica. A fala reforça sua postura artística de valorizar o sentimento acima da perfeição.

As indicações coroam um dos anos mais intensos da carreira do cantor, que vem se consolidando como uma das figuras centrais do rock contemporâneo ao misturar atitude punk, vulnerabilidade emocional e reverência a seus ídolos — sem nunca abandonar o discurso de identidade e pertencimento que marca sua obra.

Idols, legado e o momento de pausa de Yungblud

Lançado em junho, Idols (2025) marcou uma nova fase na discografia de Yungblud. O álbum estreou no primeiro lugar no Reino Unido e foi concebido como uma obra dividida em duas partes: a primeira voltada à reconstrução de si mesmo, e a segunda, a um mergulho mais sombrio em temas como mortalidade, desencanto e tempo. É justamente essa dualidade que sustenta o tom emocional do disco.

A faixa “Zombie”, indicada ao Grammy, se destaca como um dos momentos mais intensos do projeto. Escrita a partir de sentimentos de desgaste emocional e despersonalização, a música ganhou ainda mais força com um videoclipe protagonizado por Florence Pugh, ampliando o alcance da mensagem de vulnerabilidade que atravessa o álbum.

Apesar do reconhecimento, Yungblud anunciou recentemente o cancelamento das datas restantes de sua turnê em 2025, após exames médicos indicarem a necessidade de cuidar da voz e da saúde. Segundo ele, a pausa é essencial para processar tudo o que viveu e seguir criando com honestidade. “Se você não sente, você fica anestesiado”, disse.

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Kadu Soares é formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, possui um perfil no TikTok e um blog no Substack, onde faz reviews de projetos musicais.
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