Músico, na verdade, não enxerga característica mencionada como negativa — apenas reconhece que ela afasta certos tipos de ouvintes
Publicado em 09/08/2024, às 10h00
Formado em 1996 após Josh Hommeter deixado o Kyuss, oQueens of the Stone Age se afirmou como uma das bandas mais importantes do rock no século 21. Conquistou discos de ouro e platina em diversos países — inclusive o de origem, Estados Unidos —, emplacou álbuns no topo das paradas e realizou incontáveis shows para plateias lotadas, na maioria das vezes em arenas ou grandes festivais, por todo o planeta.
Mas não estamos falando de uma banda perfeita, ao menos na visão de seu criador. Homme enxerga um “problema” — entre aspas, pois depende do critério — na obra que construiu ao lado de parceiros variados.
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Em entrevista a Dean Delray(via Ultimate Guitar), apontou que seu grupo não é fácil de se gostar logo na primeira audição. Não deixa de ser verdade, já que o QOTSA não tem um catálogo marcado por hits cativantes.
“Não acho que o Queens of the Stone Age seja uma banda muito fácil de ouvir pela primeira vez. É uma banda de oito discos, então você se pergunta: ‘por que eu deveria ouvir o oitavo disco de alguém?’. Eu certamente me pergunto isso quando vamos gravar um disco. Até que chego à resposta: ‘é exatamente isso o que eu gosto de fazer’ e deixo por isso mesmo.”
A referência ao número oito não é por acaso. A banda lançou em junho do ano passado o disco In Times New Roman…, seu oitavo trabalho de inéditas — e o primeiro em quase seis anos.
Embora não seja exatamente “easy listening”, o Queens of the Stone Age traz uma característica positiva em sua obra, na visão de Josh. Para ele, há um fio condutor por todos os álbuns, com músicas que são “primas de outras músicas”. É algo que, em sua visão, se apresenta conforme se escuta o material repetidamente.
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“Estamos construindo a partir de todos esses outros discos. Gosto de criar músicas que são primas de outras músicas.”
Só que isso leva ao problema mencionado, de acordo com o vocalista e guitarrista.
“Isso significa que, mesmo quando nossas músicas são simples, elas são de alguma forma um pouco complicadas. Então, ouvir uma ou duas vezes… pessoas me dizem o tempo todo: ‘ouvi nove vezes e ainda não entendi’. E eu digo: ‘mas você voltou nove vezes para ouvir, graças a Deus você está fazendo isso’.”
Dessa forma, a audição desafiadora consolida fãs mais fiéis e interessados pela obra. Homme conclui:
“Que bênção é ter pessoas dando uma quinta chance, porque acredito que se você gosta de rock ‘n’ roll, isso vai funcionar. E na quinta vez, você vai entender. Música é como uma ferramenta. E se você tem uma ferramenta nova que não sabe como usar, você fica tipo: ‘que p#rra é essa?’. Mas uma vez que você entende isso, você a usa nos momentos da sua vida que você acha que precisa dela — e se torna a melhor ferramenta.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.