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As 40 melhores músicas do Oasis, segundo Rolling Stone

Os grandes momentos dos irmãos Gallagher — dos clássicos dos anos 1990 às joias obscuras do Oasis

ROLLING STONE EUA

Oasis em 1994 (E-D): Tony McCarroll, Paul 'Bonehead' Arthurs, Noel Gallagher, Liam Gallagher, Paul 'Guigsy' McGuigan (Foto: Michel Linssen / Redferns via Getty Images)
Oasis em 1994 (E-D): Tony McCarroll, Paul 'Bonehead' Arthurs, Noel Gallagher, Liam Gallagher, Paul 'Guigsy' McGuigan (Foto: Michel Linssen / Redferns via Getty Images)

Após uma pausa conturbada de 15 anos, os ir-mãos Liam e Noel Gallagher retomaram o Oasis. A reunião e, posteriormente, o anúncio da turnê de 2025 levaram os fãs de volta ao catálogo dos pioneiros do Britpop, com o Spotify relatando um aumento de 690% nas reproduções de músicas da banda.

Mas os ouvintes casuais que foram diretamente para os principais álbuns do grupo, Definitely Maybe (1994) e (What’s the Story) Morning Glory? (1995), têm motivos para la-mentar. Eles perdem algumas verdadeiras joias dos irmãos Gallagher, desde singles do final da carreira até uma abundância de lados B da época de ouro da banda — muitos dos quais aparecem em nossa lista das 40 melhores músicas do Oasis. De qualquer forma, “Wonderwall” não fica fora.

As 40 melhores músicas do Oasis, segundo Rolling Stone EUA

40. ‘All Around the World’ (1997)
Os irmãos realmente se inclinaram para sua imitação amorosa dos Beatles nesta canção viajante de Be Here Now (1997), uma saga de quase 10 minutos (!) que teria se encaixado perfeitamente no Magical Mystery Tour do Fab Four. É desnecessariamente longo? Com certeza. Mas é irresistível, desde a entrega característica de Liam para dizer a palavra “shine” (brilhar), passando também por alguns “na-na-na’s” e “la-la-la’s” cativantes até as cordas envolventes. Oito anos após o lançamento, “All Around the World” fez uma segunda viagem quando a AT&T a usou em um comercial de TV. — Joseph Hudak

39. ‘Go Let It Out’ (2000)
Oasis entrou no novo milênio com uma energia de “grandalhão com garfo em dia de sopa. O império do Britpop estava em declínio. O rock eletrônico estava em ascensão. E “Go Let It Out” era o som dos Gallaghers furiosos contra a morte do brilho dos anos 1990. Como Liam proclamou, “somos uma banda boa para caralho, e acho que as pessoas finalmente perceberão isso com este álbum”. O primeiro single dos anos 2000 é construído em torno de um groove de baixo e bateria e queixas sociais. “Is it any wonder why princes and kings are clowns that caper in their sawdust rings?” (“É de se admirar que príncipes e reis sejam palhaços que saltam em seus círculos de serragem”, na tradução livre) Noel pondera. Ou seja: “O refrão é sobre como, na Inglaterra, somos bastante fascinados com o motivo pelo qual pessoas famosas agem como idiotas absolutos.” — Sarah Grant

38. ‘Lord Don’t Slow Me Down’ (2007)
Embora a música nunca tenha aparecido em um álbum, Noel Gallagher certamente tem orgulho deste single feroz de 2007. E apesar de o Oasis nunca ter tocado esta canção ao vivo, ele fez isso como artista solo. O motivo de Noel amar a música é nítido: “Lord Don’t Slow Me Down” é um trovão que mistura The Who, The Kinks e Highway 61 Revisited, de Bob Dylan, com um riff escaldante, uma bateria exagerada no estilo Keith Moon e o vocal desesperado do artista. A demo com Liam cantando pode ser ainda mais frenética. Talvez eles nunca tenham tocado ao vivo porque não conseguiram decidir quem faz melhor. — Jon Dolan

Oasis em 2004 (Foto: Dave Hogan/Getty Images)
Oasis em 2004 (Foto: Dave Hogan/Getty Images)

37. ‘Sad Song’ (1994)
Em homenagem ao 30º aniversário de Definitely Maybe, Oasis lançou uma versão rara de “Sad Song” com um jovem Liam comandando os vocais. Mas ainda somos parciais à versão de Noel, disponibilizada originalmente apenas no Reino Unido, Japão e França. É tudo o que ele faz de melhor: letras desoladas, como o verso “we cheat and we lie/nobody says it’s wrong/so we don’t ask why” (“nós trapaceamos e mentimos/ninguém diz que é errado/então não perguntamos o porquê”), cantadas em seu estilo lamentoso e um violão acústico simples. Para uma banda conhecida por ser impetuosa e barulhenta, “Sad Song” é uma elegância contida. — J.H.

36. ‘Half the World Away’ (1994)
Assim como seus ídolos, os Beatles, os lados B do Oasis rivalizavam frequentemente com os respectivos singles. “Half the World Away” é um ótimo exemplo disso. Lançada em 1994 como o flip de “Whatever” e, mais tarde, na coletânea The Masterplan, essa canção comovente é amada justamente por ser despretensiosa. “É sobre tentar desesperadamente deixar a situação em que você está. Sonhando com outro lugar, saindo de casa, saindo da cidade”, disse Noel. Ele a escreveu em Las Vegas, “beliscando” os acordes country do swing de Burt Bacharach em “This Guy’s in Love With You” e então acrescentando sua própria melancolia de Manchester. Noel viu a música como algo sombrio e deprimente, mas os fãs ouviram a banda capturando aquele estranho paradoxo de crescer: os desejos conflitantes entre ir embora e ficar. — S.G.

35. ‘Round Are Way’ (1995)
Em 1995, quando Noel criava mais músicas boas do que sabia o que fazer com elas, “Round Are Way” — o título é um erro de grafia da expressão de Manchester “round our way”, usada para se referir à vizinhança — foi uma das três faixas relegadas ao lado B de “Wonderwall”. Essencialmente uma atualização de “Our House”, do Madness, a música sobre a nostalgia da infância em Manchester, Inglaterra, apresenta uma batida de glam rock forte, trompetes ao estilo “Got to Get You into My Life”, dos Beatles, gaita de blues ardente de Mark Feltham, do Nine Below Zero, e letras evocativas sobre meninos travessos e partidas de futebol. “Round Are Way” ainda é corretamente aclamada como uma das melhores faixas não-álbum do Oasis. — Dan Epstein

34. ‘Soldier On’ (2008)
Na despedida do Oasis, Liam deu a última palavra. “Soldier On” encerra Dig Out Your Soul, de 2008 — o último álbum da banda antes da saída de Noel. O vocal corta a distorção e a névoa inflexível, como se fosse um soldado cansado da guerra arrastando suas botas para o próximo campo de batalha. Há algo irônico — e apropriado — sobre o Oasis terminar seu álbum com este anti-hino abstrato. “Soldier On” avança lentamente com uma onisciência estranha. Ela se recusa a alcançar a grandeza melódica dos maiores sucessos da banda e, por causa dessa resistência, sai mais poderosa. Os vocais de Liam se acomodam na lama, com uma resolução desconfortavelmente calma: “Hold the line, friend of mine, sing a song,” (“aguente firme, meu amigo, cante uma música”), ele entoa, desafiador, abatido e, de alguma forma, ainda resistindo. — S.G.

Liam e Noel Gallagher em show do Oasis em 2008 (Foto: Morena Brengola/Getty Images)
Liam e Noel Gallagher em show do Oasis em 2008 (Foto: Morena Brengola/Getty Images)

33. ‘Stop Crying Your Heart Out’ (2002)
Este é o momento brilhante de Liam em um álbum que diz não se lembrar de ter feito: “Eu também não gostei do título. Heathen Chemistry? Foda-se”, disse. “Stop Crying Your Heart Out” é o som do Oasis testando como traduzir o Britpop no rock do início dos anos 2000. A mensagem da música ressoou no mundo em luto após os ataques de 11 de setembro, e foi uma vitória comercial atrasada enquanto a popularidade da banda pós-anos 1990 diminuía. Curiosamente, a gravidade emocional da música foi inspirada no futebol e acabou sincronizada com a Copa do Mundo de 2002: “Nós pensamos: ‘Inglaterra está fadada a ser eliminada.’” — S.G.

32. ‘Sunday Morning Call’ (2000)
No quarto álbum, Oasis estava tão exausto que nem se preocupou com a concordância nominal do título Standing on the Shoulder of Giants. “Sunday Morning Call” é tanto uma desaceleração sonora quanto uma metáfora para o impacto depois da experiência psicodélica de Be Here Now. Noel estava na casa dos 30 anos, tinha um filho e estava chegando à conclusão de que não viveria para sempre. Já Liam não aparece nos créditos. A decisão da banda de lançá-la como single foi tão louca quanto a música alcançar quarta posição no topo das paradas inglesas. — Stephen Rodrick

31. ‘Going Nowhere’ (1997)
Gravada durante as sessões de Be Here Now, “Going Nowhere” foi inexplicavelmente lançada apenas como lado B de “Stand by Me”. A música tem uma energia de “bem-vindo ao estrelato, todas as saídas estão fechadas”: Noel soa como uma pessoa que recentemente ficou rica e se sente cercada por sua riqueza enquanto canta “I’m gonna get me a motor car/Maybe a Jaguar” (“Eu vou comprar um carro / Talvez um Jaguar”), uma das melhores/piores letras do catálogo. “Going Nowhere” sugere que as coisas estão ruins, mas logo vão piorar, com um som salgado inspirado em Burt Bacharach que só aumenta a sensação de melancolia dourada. É um sentimento admiravelmente sombrio composto por um homem cego. — S.R.

30. ‘Falling Down’ (2008)
Terceiro single de Dig Out Your Soul (2008), “Falling Down” foi também o último single do Oasis a ser lançado antes da separação da banda em agosto de 2009. Alcançando o número 10 nas paradas do Reino Unido, a música ganhou um valor adicional na cultura pop ao ser usada como tema de abertura da série de anime japonesa Eden of the East. Entre os vocais sonhadores de Noel, o groove propulsivo, as guitarras acústicas arejadas e os floreios psicodélicos do teclado mellotron, “Falling Down” antecipa a direção que ele tomaria com sua próxima banda, Noel Gallagher’s High Flying Birds. — D.E.

29. ‘Where Did It All Go Wrong?’ (2000)
Uma das performances vocais mais afiadas de Noel, a balada premonitória sobre um relacionamento que desmorona apareceu no injustamente criticado Standing on the Shoulder of Giants. “Where Did It All Go Wrong?” é o grande destaque, uma fatia concisa de medo e arrependimento, impulsionada pelo ritmo de bateria de Alan White e alguns teclados ameaçadores de Noel, que tocou tudo, exceto a percussão. “I hope you know/that it won’t let go/it sticks around with you until the day you die” (“Eu espero que você saiba/que isso não vai embora/isso fica com você até o dia em que você morrer”), grita ele no refrão, antes de levantar as mãos e perguntar: “Onde foi que tudo deu errado?” — J.H.

28. ‘I’m Outta Time’ (2008)
Joia nostálgica de Dig Out Your Soul (2008), “I’m Outta Time” alcançou a 12ª posição nas paradas do Reino Unido, tornando-se o primeiro single do Oasis desde “Shakermaker” (1994) a não alcançar o Top 10. Talvez a falta da ousadia característica da banda tenha algo a ver com isso: Mesmo sem o trecho da entrevista de John Lennon que encerra a música, “I’m Outta Time” passa mais a sensação de uma música descartada por Lennon do que o trabalho de uma das bandas de rock mais ousadas da Grã-Bretanha. Mesmo assim, é maravilhosa, com destaque para a performance vocal notavelmente sutil de Liam. — D.E.

27. ‘The Importance of Being Idle’ (2005)
A melhor música dos Kinks que Ray Davies nunca escreveu, “The Importance of Being Idle” é toda cheia de dedilhados alegres e letras atrevidas sobre se deliciar em não fazer absolutamente nada: “A man’s got a limit/I can’t get a life if my heart’s not in it” (“Um homem tem seu limite / Eu não consigo ter uma vida se meu coração não estiver nisso”). Faixa de destaque de Don’t Believe the Truth (2005), esse foi o segundo single do Oasis cantado por Noel a alcançar o topo das paradas do Reino Unido após “Don’t Look Back in Anger”. Também foi o 19º hit consecutivo do Oasis no Top 10 britânico — quebrando um recorde de bandas como Beatles e ABBA —. Por outro lado, foi a última vez na qual o grupo chegou no primeiro lugar. — D.E.

26. ‘Songbird’ (2002)
A primeira composição de Liam em um álbum do Oasis, “Songbird” surgiu do nada. A banda se orgulhou de se inspirar em McCartney/Lennon em todas as ocasiões, mas enquanto Noel sempre foi mais o cara do Magical Mystery Tour/Sgt. Pepper’s, “Songbird” é tão imediata quanto Help!. A atitude “ir direto ao ponto” de Liam é uma característica de sua carreira solo pós-Oasis, que rivaliza com a do irmão em qualidade e vendas. A música deixou claro que, independentemente do que acontecesse com o Oasis, Liam não ia simplesmente desaparecer. — S.R.

25. ‘Stand by Me’ (1997)
Principal faixa de Be Here Now, esta balada de alto nível começa com uma das letras mais diretas de Noel: “Made a meal and threw it up on Sunday” (“Fiz uma refeição e vomitei no domingo”), uma referência a uma crise de intoxicação alimentar que ele alegou ter experimentado. Mas até essa descrição corriqueira está carregada de emoção graças à entrega extraordinária de Liam, que se eleva até o anseio do coro: “Stand by me/nobody knows the way it’s gonna be” (“Fique comigo/ninguém sabe como será”). Para dar risada, confira a versão do álbum ao vivo Familiar to Millions, onde Liam repreende a produção por cegá-lo com um holofote: “Tire essa luz de mim!” — J.H.

Liam e Noel Gallagher durante show do Oasis em 1997 - Foto: Dave Hogan / Getty Images
Liam e Noel Gallagher durante show do Oasis em 1997 – Foto: Dave Hogan / Getty Images

24. ‘The Hindu Times’ (2002)
Qualquer música do Oasis que dê a Liam a oportunidade de cantar as palavras “high” (“alto”) e “sunshine” (“brilho do sol”) é uma boa música, mesmo que o título deste single de Heathen Chemistry seja um pouco questionável. Mas com certeza ela é um grande rock, e uma das faixas mais cheias de atitude do grupo nos anos 2000. “I do believe I got flair/I got speed and I walk on air” (“Eu realmente acredito que tenho estilo/Eu tenho velocidade e ando no ar”) Liam se gaba no primeiro verso, imediatamente lembrando aqueles que possam ter esquecido que ele é, de fato, uma estrela do rock ‘n’ roll. — J.H.

23. ‘Lyla’ (2005)
A piada de longa data de Noel aqui é que Lyla, o foco deste single de Don’t Believe the Truth (2005), é irmã de Sally de “Don’t Look Back in Anger”, uma daquelas curiosidades divertidas e sem sentido dos fãs que mistura a história do Oasis com suas linhas do tempo. Mas, deixando as alusões de lado, o destaque da música é sua imensa qualidade de rock de estádio ao ar livre — com guitarras estrondosas, vocais elevados e uma percussão que marca a estreia de Zak Richard Starkey, filho de Ringo Starr, que já havia tocado com The Who antes de substituir o baterista Alan White. O resultado é uma das faixas mais animadas e orientadas ao pop no catálogo da banda, ao ponto de Noel chamá-la de “uma música para pular”. — Julyssa Lopez

22. ‘Shakermaker’ (1994)
O segundo single que o Oasis lançou, “Shakermaker” (1994), também foi o primeiro de várias músicas que colocaram a banda em apuros judiciais devido às tendências “pássaro-ladrão” de Noel, já que sua melodia tinha uma semelhança impressionante com “I’d Like to Teach the World to Sing”, jingle da Coca-Cola dos anos 1970. Embora a música tenha sido um hit número 11 no Reino Unido, graças às suas guitarras pesadas e ao vocal deliciosamente sarcástico de Liam, Oasis não viu muito lucro líquido com ela. Uma ação por plágio movida pela empresa de refrigerantes levou a banda a chegar a um acordo por um valor de aproximadamente meio milhão de dólares. — D.E.

21. ‘She’s Electric’ (1995)
Noel Gallagher deu uma de suas melodias mais doces e inspiradas em McCartney para esta música do Morning Glory, e Liam entrou no clima, trocando seu habitual desprezo por um falsete cativante no refrão. Se os singles do segundo álbum do Oasis mostraram o quão grandes eles poderiam ser, essa faixa do álbum — não uma grande balada ou um rock grandioso, mas uma história doce sobre uma garota, seu irmão, sua mãe e seus doze primos — mostrou que eles também tinham um lado surpreendentemente delicado. E se eles simplesmente plagiaram o final de “With a Little Help from My Friends”? Bem, às vezes o amor é roubo. — Simon Vozick-Levinson

20. ‘I Am the Walrus’ (1994)
O Oasis levou sua obsessão pelos Beatles a conclusões lógicas com vários covers — de algum modo, eles conseguiram tornar “Octopus’s Garden” tolerável — mas somos mais fãs dessa faixa ao vivo, que os fãs mais fiéis sempre adoraram. Os tempos estão acelerados enquanto as guitarras em camadas dão uma sensação de profundidade à produção. E você pode ouvir o raro “falsete de Liam”. Para ser justo, “Sitting in an English garden waiting for the sun” (“Sentado em um jardim inglês esperando pelo sol”) facilmente poderia ser uma letra do Oasis. — Jason Newman

19. ‘Talk Tonight’ (1995)
Após uma “performance” catastrófica e impulsionada por metanfetamina durante a primeira turnê dos Oasis nos Estados Unidos em 1994, Noel Gallagher voou para São Francisco, determinado a deixar a banda. Ele procurou uma mulher que havia conhecido nos bastidores de um show e sentou-se em seu apartamento, completamente angustiado, enquanto ela simplesmente o ouvia até tarde da noite. Depois disso, escreveu “Talk Tonight”, exemplo comovente de como o sarcasmo de Noel se transforma em sinceridade e ternura, enquanto o corte acústico reduz o vigor habitual da banda a uma vulnerabilidade pura e dolorosa. É facilmente um dos melhores lados B do Oasis — uma homenagem despojada a ter alguém ao seu lado nos momentos mais baixos. — J.L.

18. ‘Stay Young’ (1997)
“Hey, stay young, and invincible!” (“Ei, fique jovem e invencível!”), Liam ordena nesta saudação ao processo de crescer e envelhecer. Mas, embora o vocalista venda perfeitamente o apelo da juventude, isso nunca foi suficiente para Noel, que afirmou não gostar da música. Na verdade, após escrevê-la para Be Here Now, ele a descartou e a colocou no single de “D’You Know What I Mean?” como lado B. Mesmo assim, os fãs continuam felizes por esse parente lírico de “Live Forever” existir. — J.H.

17. ‘Morning Glory’ (1995)
“All your dreams are made/When you’re chained to the mirror and the razor blade” (“Todos os seus sonhos são feitos/Quando você está preso ao espelho e à lâmina de barbear”), grita Liam em “Morning Glory”, resmungo sobre o lado sombrio da dependência de cocaína, que, por mais que tenha um toque de hipocrisia vindo dos irmãos Gallagher em 1995, é inegavelmente impactante. A música fica em algum ponto entre Document, do R.E.M., e Revolver, dos Beatles, o tipo de mistura brilhante e despreocupada de rock & roll que o Oasis fazia com facilidade e frequência. As guitarras soam como se tivessem passado a noite toda cheirando e lamentando. — J.D.

16. ‘Don’t Go Away’ (1997)
“Don’t Go Away” muda da névoa de cocaína e do excesso maníaco de Be Here Now para um momento de beleza sincera — uma grande e bonita música de ritmo médio sobre tentar entender a perda pessoal. A banda já tinha a canção desde antes da fama, mas ela ficou guardada, talvez porque o tom reflexivo não combinava com a atitude arrogante de suas outras músicas na época. Porém, ela adiciona um peso sofrido ao clima de estrela do rock amargurada de Be Here Now, e hoje ressoa como um dos picos de suas grandes baladas. — J.D.

15. ‘Little by Little’ (2002)
Enquanto os clichês de Noel Gallagher, após quatro garrafas de cerveja, tomaram um rumo notavelmente zen depois de ele passar um mês na Tailândia em 19997, ele canta: “We don’t claim to be perfect but we’re free” (“Não afirmamos ser perfeitos, mas somos livres”) e “Fading like the stars we wish to be” (“Enfraquecendo como as estrelas que gostaríamos de ser”). Mas depois do balanço em tom menor como o Pink Floyd, o refrão volta ao único nirvana que o Oasis conhece: uma melodia maior que a vida sobre manter a cabeça erguida quando o mundo vai para o inferno. Segundo Noel, o irmão teve dificuldades com a parte vocal, então ele mesmo tentou cantar. “Você podia ver Liam sentado na mesa, dizendo ‘Filho da p*ta. Ele conseguiu.’” Anos depois, o sempre humilde Liam tuitou: “Eu posso e vou cantar melhor do que Noel qualquer música que ele, mesmo que eu leve um chute nas bolas.” — S.G.

14. ‘Roll With It’ (1995)
Noel mais tarde definiria o single de Morning Glory como “merda”, mas discordamos respeitosamente. O andamento médio evoca visões do músico tocando Revolver, enquanto Liam entoa as letras “B” e “D” como ninguém — “Don’t ever BEEEE DE-nied” (“Nunca seja denegado”). A imprensa musical, eufórica, colocou “Roll With It” contra “Country House”, do Blur, já que ambas as músicas foram lançadas na mesma semana, resultando na “Batalha do Britpop” (o Blur venceu essa rodada). — J.N.

Noel Gallagher, guitarrista do Oasis, em 1995 - Foto: Paul Bergen / Getty Images
Noel Gallagher, guitarrista do Oasis, em 1995 – Foto: Paul Bergen / Getty Images

13. ‘D’You Know What I Mean?’ (1997)
A arrogância dos Gallagher após o mega sucesso de (What’s the Story) Morning Glory? era tanta que escolheram uma música de quase oito minutos com sons invertidos e toneladas de retorno para ser o primeiro single de rádio de Be Here Now (1997). E ninguém os impediu. Em retrospectiva, “D’You Know What I Mean?” foi a música certa para anunciar um álbum tão inchado e barulhento, mas, ao contrário de todo o Be Here Now, essa canção se mantém. Embora possa faltar a melodia de “Wonderwall”, o hino compensa com ameaças e atitude — a combinação perfeita para o volátil vocalista do Oasis. — J.H.

12. ‘Whatever’ (1994)
Claro, eles podem ter roubado a melodia de “How Sweet to Be an Idiot”, pop britânico de 1973 de Neil Innes, mas tanto faz. O primeiro single que não fez parte de um álbum do Oasis é sustentado pela London Session Orchestra, cujas cordas dão um toque de classe à música e equilibram as declarações desafiadoras de Liam sobre ser “livreeeee para ser o que eu quiser” (“freeeeeee to be whatever I want”). Três anos depois, Royal Philharmonic Orchestra faria uma versão famosa e terrível das músicas do grupo para um álbum, mas ignore esse detalhe e apenas ouça essa música várias vezes. — J.N.

11. ‘Slide Away’ (1994)
Apesar da arrogância provocativa de Noel, no fundo, ele tem o coração mole (a música “Talk Tonight” já reduziu os caras mais durões a pedaços). A penúltima faixa de Definitely Maybe descreve o turbulento relacionamento do músico com sua namorada na época. “I dream of you — we talk of growing old” (“Eu sonho com você — falamos sobre envelhecer juntos”), Liam canta, antes de adicionar a devastadora resposta: “But you said please don’t!” (“Mas você disse, por favor, não faça isso!”). Todas as músicas, é claro, estão abertas à interpretação. Exemplo número um: a fã do Oasis que diz ter uma tatuagem na lombar escrito, “Slide in, baby/Together we’ll fly’” (Deslize para dentro, bebê/Juntos vamos voar’”). Amor é amor. — J.N.

10. ‘Some Might Say’ (1995)
O primeiro single número um do Oasis no Reino Unido começou como uma demo de Noel mais lenta, pesada e, nas palavras dele, “mais vulgar” do que a versão de (What’s the Story) Morning Glory?. A versão lançada para o mundo adicionou o brilho do Britpop que fez dela uma combinação perfeita da atitude dos Stones com o charme à la Beatles. A letra é tão estranhamente boba quanto qualquer música do Oasis, mas o coro arrebatador “some might say we will find a brighter day” (alguns podem dizer que encontraremos um dia mais brilhante”) pegou em cheio na Inglaterra após 16 longos anos de governo conservador. “Oasis estava no topo das paradas, acho que ‘Some Might Say’ tinha acabado de alcançar o número um”, lembrou o veterano jornalista britânico e historiador John Savage no documentário Live Forever: The Rise and Fall of Britpop. “E eu me lembro de assisti-los e simplesmente chorar. Pensei, ‘Algo realmente está mudando aqui.’” — J.D.

09. ‘Rock ‘n’ Roll Star’ (1994)
Para a maioria do mundo, no verão de 1994, os irmãos Gallagher eram ninguém. Mas, quando a primeira faixa de Definitely Maybe terminou, eles eram estrelas do rock. A música de abertura do álbum de estreia do Oasis estabeleceu todas as regras básicas para a banda: os riffs seriam grandes, as letras simples o suficiente para serem lembradas no final da noite e, de alguma forma, tudo pareceria verdade. Quando Liam cantou sobre viver sua vida entre as estrelas, ele tocou um acorde que continua ressoando por 30 anos em sessões de karaokê e playlists de viagens de carro. A chave está na palavra “tonight” (“hoje à noite”) — quando você aumenta o volume dessa música, você também se torna uma estrela. — S.V.L.

08. ‘The Masterplan’ (1995)
“Acho que é a melhor música que já escrevi,” disse Noel Gallagher à NME sobre esse adorado lado B de “Wonderwall”. Cantada por Noel e com a participação de uma orquestra, essa é uma obra-prima do irmão mais velho, uma balada crescente sobre como, no final das contas, realmente não há um plano para a existência. “Isso resume sua jornada pela vida”, disse ele nas notas do encarte da compilação The Masterplan. “Tudo o que sabemos é que não sabemos.” Muitos fãs dos EUA tiveram seu primeiro contato com a música quando Noel a tocou em 1996 no MTV Unplugged — episódio que Liam pulou. — J.H.

07. ‘Champagne Supernova’ (1995)
Antes de Chappell Roan, a única música sobre supernovas envolvendo bebidas alcoólicas era o hino Britpop que fecha (What’s the Story) Morning Glory?. Noel Gallagher a descreveu como “provavelmente o mais psicodélico que conseguirei fazer,” o que só confirma para nós que ele colocou Sgt. Pepper para tocar, ouviu “Lucy in the Sky With Diamonds” e decidiu criar sua própria obra-prima sobre o céu. A música conta com o guitarrista Paul Weller, do Jam, entregando um solo de chorar, ao lado de versos psicodélicos como: “Slowly walking down the hall/Faster than a cannonball/Where were you while we were getting high?” (“Caminhando lentamente pelo corredor/Mais rápido que uma bala de canhão/Onde você estava enquanto estávamos chapados?”). Se você já se perguntou sobre o que a música fala, Noel também. “Algumas das letras foram escritas quando eu estava fora de mim,” disse à NME em 1995. “Elas significam coisas diferentes dependendo do meu estado de espírito”. — Angie Martoccio

06. ‘Cigarettes & Alcohol’ (1994)
Talvez essa seja a imitação de Liam do cantor do Sex Pistols, Johnny Rotten — mas “Cigarettes & Alcohol” parece estar em sintonia com algumas das principais ofertas do punk (além do riff de Chuck Berry que a banda T. Rex roubou). Mas isso não é exatamente como “No Future”, dos Sex Pistols. O futuro está claramente delineado aqui — é apenas preenchido com sonhos impossíveis e péssimos empregos (se você conseguir um). Então, é “melhor fazer a fileira branca” (“Might as well do the white line”). Isso faz de “Cigarettes & Alcohol” uma espécie de celebração das emoções baratas que diminuem a expectativa de vida, um “sem futuro” próprio. Mas a música vive plena na gloriosa autodestruição do presente. Isso é uma maneira “saudável” de viver? Uma maneira “boa” de viver? Provavelmente não. Mas é rock? Bem, sim. — Jon Blistein

Oasis em 1994 - Foto: Koh Hasebe / Shinko Music / Getty Images
Oasis em 1994 – Foto: Koh Hasebe / Shinko Music / Getty Images

05. ‘Acquiesce’ (1995)
A melhor das faixas lado B do Oasis? Nós certamente achamos que sim. Gravada durante as sessões de (What’s the Story) Morning Glory?, “Acquiesce” acabou sendo deixada fora do álbum de 1995, aparecendo em vez disso como complemento do single “Some Might Say” no Reino Unido. Embora tenha sido lançada posteriormente na compilação de 1998 The Masterplan, o legado da música vai muito mais longe. Para muitos fãs, é a colaboração definitiva de Liam/Noel, com o caçula esnobando os versos e o irmão mais velho cuidando do coro com a mensagem de unidade: “Because we need each other/We believe in one another” (“Porque precisamos uns dos outros / Acreditamos uns nos outros”). Eles podem ter estado muitas vezes um contra o outro, mas em “Acquiesce” os Gallagher estão em perfeita harmonia. — J.H.

04. ‘Wonderwall’ (1995)
“Que porra de afinação é essa?” foi a resposta de Liam Gallagher ao ouvir a nova música de Noel em maio de 1995, uma balada emocionante que ele supostamente escreveu para sua namorada da época. Três décadas depois, “Wonderwall” é um clássico do rock com mais de dois bilhões de reproduções no Spotify, e inspiração de covers no mundo todo, de Ed Sheeran a Paul Anka. Liam já se acostumou com ela, enquanto Noel ainda tem sentimentos mistos. “Você toca os primeiros três segundos e todo mundo vai: ‘Certo, é isso que viemos ouvir,’” ele disse à Rolling Stone 2019. “Todos os grandes artistas têm uma dessas músicas. Eu tenho sorte de ter cinco. E é engraçado, não é minha favorita de jeito nenhum”. — A.M.

03. ‘Supersonic’ (1994)
Em uma entrevista para a revista Mojo, Noel Gallagher resumiu a atitude do Oasis no início da carreira em 1994: “Vamos enfrentar o U2. É isso que minha banda almeja. Eu não dou a mínima para Felt ou Ned’s Atomic Dustbin. Quero algo maior que isso.” Nunca o desinteresse por Ned’s Atomic Dustbin soou tão épico quanto em “Supersonic”, com seu sarcasmo no estilo John Lennon se encontrando com Johnny Rotten, uma avalanche de guitarras e a gloriosa declaração: “I need to be myself/I can’t be no one else” (“Eu preciso ser eu mesmo/Eu não posso ser mais ninguém”). Noel afirma que a escreveu em meia hora, transformando linhas desconexas como “I’m feeling supersonic / Give me gin and tonic” (“Estou me sentindo supersônico/Me dê gim e tônica”) e “I know a girl called Elsa /She’s into Alka-Seltzer” (“Eu conheço uma garota chamada Elsa/Ela gosta de aspirina”) em algo que parecia tocado pelos deuses do rock, que logo estariam recebendo o Oasis em seu panteão. — J.D.

02. ‘Live Forever’ (1994)
Se você nunca se sentiu assim por um amigo, companheiro de banda, amante ou até um completo desconhecido brindando com você na sua quarta dose da noite, será que você pode realmente dizer que viveu? “Maybe you’re the same as me/We see things they’ll never see/ You and I are gonna live forever” (“Talvez você seja igual a mim/Nós vemos coisas que eles nunca verão/Você e eu viveremos para sempre”). Noel desbloqueou a intensidade absurda e romântica de tantas noites de adolescência tardia quando escreveu esses versos. Milhões de jovens impressionados ouviram os irmãos Gallagher reivindicando uma sabedoria secreta sobre o mundo e gritaram: “Sim!” Alguns até começaram suas próprias bandas para expressar essas mesmas coisas. Mas nenhum deles escreveu uma música que tenha chegado perto do nível de “Live Forever”. — S.V.L.

01. ‘Don’t Look Back in Anger’ (1995)
“Wonderwall” tem os memes, o karaokê e a imortalidade. Mas no pódio do Oasis, uma música supera todas as outras. “Don’t Look Back in Anger” é a banda em seu ponto ideal: uma balada poderosa, que fica ainda melhor se cantada no meio de um abraço, construída a partir de uma adoração descarada pelos Beatles, mas ainda assim algo único e belo. E astuta o suficiente para saber: “Please don’t put your life in the hands / Of a rock ‘n’ roll band / Who’ll throw it all away” (“Por favor, não coloque sua vida nas mãos/De uma banda de rock ‘n’ roll/Que jogará tudo fora”). Então, há a outra ressonância óbvia. “Don’t Look Back in Anger” é uma música que valoriza aceitação e perdão, seguir em frente na vida sem arrependimento ou ressentimento. Ela oferece uma maneira de viver que Noel e Liam Gallagher provavelmente deveriam ter seguido anos atrás, e talvez eles tenham finalmente feito isso. — J.B.

Rolling Stone Brasil: Edição de Colecionador — Oasis

Rolling Stone Brasil, edição de colecionador, Oasis
Rolling Stone Brasil, edição de colecionador, Oasis

Rolling Stone Brasil – Edição de colecionador. O sonho do retorno do Oasis com Noel e Liam Gallagher na formação parecia impossível. Não é mais. A dupla, cheia de atitude, deixou sua marca no rock mundial logo nos dois primeiros discos de estúdio, Definitely Maybe (1994) e (What’s the Story) Morning Glory? (1995), cujas músicas ressoam com os antigos e novos fãs.

Os Gallagher sobreviveram ao teste do tempo e estão melhores do que nunca, seja tecnicamente ou pela relação interna. Neste especial, a Rolling Stone Brasil resgata as brigas, disseca o estilo inconfundível dos irmãos de Manchester e faz uma análise aprofundada da discografia, lados B e melhores músicas da banda. À venda no site Loja Perfil.

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