Os méritos de Ace Frehley no começo do Kiss, segundo Paul Stanley e Gene Simmons
Guitarrista se estabeleceu como um dos mais influentes do rock no início dos anos 1970 — ele próprio admite que se acomodou depois
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 01/01/2025, às 11h00O talento de Ace Frehley enquanto guitarrista é incontestável. Especialmente em seus primeiros anos de Kiss, o músico apresentou riffs, solos e até composições por completo que entraram para a história do hard rock.
Nomes que se provariam importantes para o instrumento nos anos seguintes não hesitam em citá-lo como influência. De Dimebag Darrell (Pantera) a Mike McCready (Pearl Jam), são muitos os nomes que exaltam o Spaceman.
Apesar disso, a sensação passada quando se analisa a carreira de Frehley por completo é que ele nunca aproveitou todo o seu potencial. Tendo problemas com álcool e drogas, o guitarrista acabou saindo da banda em 1982, não conseguiu repetir o sucesso sozinho e não ofereceu muito ao retornar para uma contestada segunda passagem entre 1996 e 2002.
Paul Stanley e Gene Simmons, líderes do Kiss, nunca esconderam a admiração que têm por Ace enquanto músico. Por outro lado, não deixam de criticá-lo pelas situações “extracampo”.
Em entrevista à Guitar World, no ano de 2014, a dupla voltou a falar sobre o Spaceman e a deixar claro que talento faltava por ali. Gene, inicialmente, declarou:
“Como músico, você tem que dar créditos a ele. Ele sabia das coisas. Quando ele se importava — durante os três primeiros discos, eu diria —, ele era ótimo. Dava até para cantar aqueles solos dele. Era como ópera. A integridade de seu estilo era instantaneamente reconhecível. Assim que ele tocava, você sabia que era ele. Este é provavelmente o melhor elogio que você pode fazer a um guitarrista.”
De fato, foi a partir do quarto álbum de estúdio, Destroyer (1976), que a situação começou a desandar. O guitarrista passou a se envolver mais com álcool e drogas, reduzindo suas contribuições em estúdio. No disco citado, chegou a ser substituído em alguns momentos por músicos de estúdio.
Por sua vez, Paul Stanley destacou que, mesmo em tempos recentes, seguiu falando bastante sobre Ace Frehley em entrevistas.
“Eu digo às pessoas: ele realmente sabia fazer aquilo. Ele pode discutir o quanto quiser sobre o fato de ele ainda tocar da mesma forma, ou dizer o que quiser para explicar por que ele não ascendeu para algo ainda maior. Todos têm direito a uma opinião. Mas eu vi alguém jogar um talento fora.”
Para concluir, Simmons comentou:
“Antes das drogas, do álcool e de tudo, ele era basicamente Ace, um cara amável. Todos nós cuidávamos dele. Eu o amava. Amo o 'Ace endireitado'. Mas odeio qualquer viciado em drogas, pois eles estão possuídos.”
Ace Frehley e o Kiss
Ace Frehley foi o último integrante original a entrar para o Kiss, ainda em 1973. Permaneceu até 1982, sendo creditado por todos os álbuns até ali — embora não tenha tocado de verdade em Creatures of the Night (1982), nas faixas inéditas da coletânea de Killers (1982) e em parte do material inédito do ao vivo Alive II (1977), além de canções isoladas de alguns outros trabalhos.
Voltou em 1996, junto do baterista Peter Criss, para uma turnê com a formação original. Após a realização de uma tour de despedida que não encerrou de fato a banda, Frehley se desvinculou do grupo em definitivo no ano de 2002. Nesse período, gravou apenas duas faixas do álbum Psycho Circus (1998).
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