Curiosidade foi revelada pelo baixista Geezer Butler, que revelou razão para vocalista e guitarrista não se bicarem nos tempos de juventude
Publicado em 06/09/2023, às 09h00
Muitas bandas começam após amigos começarem a se interessar, juntos, por música. Este definitivamente não foi o caso do Black Sabbath.
Entre 1968 e 1969, a banda teve alguns nomes diferentes (The Polka Tulk Blues Band e Earth) e experimentou formatos diferentes (com direito a um saxofonista nos tempos de Polka Tulk Blues) até estabelecer sua configuração com Ozzy Osbourne (voz), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria). E definitivamente a amizade não foi o que atraiu esses caras, especialmente os dois primeiros citados.
Em entrevista à Metal Hammer, Butler relembrou que, de início, Osbourne e Iommi se recusaram a trabalhar juntos. Os dois não se suportavam.
Inicialmente, o baixista contou que estava procurando um vocalista para a banda que tinha na época, Rare Breed.Tony e Bill tinham outro projeto e não estavam envolvidos com este grupo. Certo dia, deparou-se com um anúncio de um cantor que lhe chamou atenção pelo simples fato de ter equipamento próprio à disposição.
“Eu vi este anúncio em um jornal, 'Ozzy Zig wants a Gig’ (em tradução livre, algo como ‘Ozzy Zig quer uma banda’). Havia as palavras mágicas: 'tem seu próprio sistema de PA’. Não importava como ele soava. Tinha o endereço dele, então fui até lá, e no dia seguinte Tony e Bill Ward foram lá com a banda deles.”
O vocalista e o guitarrista foram colegas de escola e não tinham nada de bom para falar um sobre o outro. Por isso, o convite do baixista para o Rare Breed se mostrou mais atraente para Osbourne.
“Ozzy estudou com Tony e eles se odiavam. Tony praticava bullying contra ele na escola. Então, Ozzy decidiu que iria comigo porque não queria tocar com Tony. Foi assim que começamos.”
No fim das contas, o Rare Breed durou pouco tempo. Além disso, as coisas começaram a desandar um pouco para Geezer Butler, que foi dispensado de seu emprego formal à época. Nessa época, o baixista tomou a decisão de focar 100% de seu tempo na música.
“Só fizemos dois shows juntos em Rare Breed. Então, fui demitido do trabalho e queria trabalhar com música em tempo integral.”
A saída foi tentar algo com Tony Iommi. O guitarrista tinha uma parceria forte com Bill Ward, então o baterista se envolveu naturalmente. Não havia muita opção para Ozzy Osbourne, logo, ele também entrou.
“Fomos até a casa de Tony para ver se ele conhecia algum baterista. Bill estava lá na casa de Tony. Ele disse: ‘entro nessa banda se Tony entrar’. E lá fomos nós, primeiro como Earth, depois como Sabbath.”
Como dito, o Black Sabbath teve um breve período onde atendeu pelos nomes Polka Tulk Blues Band e Earth. A história é curiosa: a Polka Tulk Blues Band trazia os quatro membros futuramente conhecidos pelo Sabbath além de Jimmy Phillips (amigo de infância de Ozzy) na slide guitar e Alan “Aker” Clarke no saxofone. Os outros músicos viram logo que o sexteto não daria certo, mas em vez de dispensarem Phillips e Clarke, simplesmente acabaram com a banda para iniciar outra: o Earth.
Na configuração de quatro músicos, as coisas começaram a dar certo. Logo o Earth começou a fazer shows em casas noturnas da Inglaterra, especialmente em Birmingham, sua terra natal.
Em entrevista à Rolling Stone EUA (via site Igor Miranda), o vocalista do Judas Priest, Rob Halford, relembrou como soava o Earth antes de se chamar Black Sabbath. Halford também é natural de Birmingham.
“Tenho vagas lembranças de vê-los como Earth em um clube obscuro em Birmingham. Eles tocavam uma espécie de blues pesado, de forma jazzística e progressiva, musicalmente. Havia uma forma livre rolando quando eles tocavam, mas o peso dominava.”
Tal sonoridade guiou os primórdios do Black Sabbath, especialmente seu álbum de estreia, homônimo, lançado em 1970. Para muitos, este disco representa o marco zero do heavy metal. Halford comenta:
“Quando eles viraram Black Sabbath, encontraram a identidade. Os riffs de Tony tiveram um papel mais forte e eles tinham algo único, que os diferenciava de todas as bandas locais ou por aí. Ozzy parecia e soava especial e a dinâmica de Geezer e Bill definiu uma sonoridade que ninguém conseguia igualar.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.