Todos os integantes da formação original já se manifestaram em apoio à ideia, mas obstáculos de saúde precisariam ser contornados
Publicado em 11/12/2024, às 09h56
Todos os integrantes originais do Black Sabbath se manifestaram, nos últimos meses, de forma favorável à realização de um último show da banda. O vocalista Ozzy Osbourne, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e até o baterista Bill Ward, deixado de fora da última reunião, toparam uma despedida contando com Ward, visto que a turnê final foi realizada com Tommy Clufetos em sua função.
Em entrevista ao Lifeminute (via Ultimate Classic Rock), Butler deu mais detalhes do que parece ser já um plano por parte de Osbourne. Debilitado pelo Parkinson e outros problemas de saúde, o vocalista quer realizar um show de despedida e reunir o Sabbath original para tocar algumas músicas.
“Ozzy estava falando comigo sobre fazer seu show de despedida — o que ele ainda quer fazer, pois ele está morrendo de vontade de sair e tocar. E ele sugeriu que, em seu show final, nós quatro [do Black Sabbath] subíssemos no palco e talvez tocássemos três ou quatro músicas juntos. E seria isso, finalizado.”
O baixista reforçou que a ocasião seria “única”. Ou seja: apenas uma aparição, em um show, sem qualquer tipo de turnê.
Da forma como Geezer transmitiu a informação, entende-se que Ozzy tenha a intuito de realizar um evento que contemple, também, a sua carreira solo. Seria algo parecido com o que ele fez nas datas finais de sua primeira turnê de despedida, No More Tours, no início dos anos 1990. À época, ele iria se aposentar por um diagnóstico de esclerose múltipla — que posteriormente revelou-se equivocado.
Nas últimas semanas, o tópico voltou a ser abordado por Tony Iommi, agora em entrevista à Guitar World. O único integrante a participar de todas as atividades do lendário grupo de heavy metal não descartou a possibilidade, mas reforçou que depende de todos estarem saudáveis o suficiente.
Ele afirma:
“Quem sabe? Você nunca pode dizer ‘nunca’. E nós nunca dissemos ‘nunca’. Realmente depende da saúde de todos e do que esperamos uns dos outros agora.”
Existe, claro, uma dúvida relacionada ao fato de que todos eles estão afastados do palco há algum tempo. Além disso, quase todos lidaram com problemas nos últimos tempos.
“Ainda podemos tocar e soar da mesma forma juntos? Não sei porque já faz muito tempo. Está no ar. Quando isso acontecer — se acontecer —, teremos que ver em que estado todos estão e se podemos subir no palco. Se pudermos, tem que ser bom. Caso contrário, eu não faria isso.”
Por fim, Tony reforçou: não faria sentido apenas aparecer diante do público com instrumentos. É preciso tocar — e bem.
“O que você pode provar fazendo isso? Se não estiver certo ou tão bom quanto era, então não há sentido em fazer isso. Aos meus olhos, tem que ser tão bom ou melhor.”
Entre todos os envolvidos, Ozzy Osbourne é quem está mais debilitado. O vocalista sequer conseguiu cantar durante sua recente homenagem no Rock and Roll Hall of Fame, no último mês de outubro.
Diagnosticado com Parkinson, o cantor de 75 anos está com seus movimentos comprometidos após uma queda doméstica sofrida em 2019. O grave tombo promoveu uma piora em sua coluna, operada em 2003 devido a um acidente de quadriciclo. Sua turnê de despedida como artista solo, No More Tours II, precisou ser cancelada em definitivo.
Tony Iommi, 76, foi diagnosticado com um linfoma em 2012. O tratamento foi bem-sucedido e em 2016 ele revelou que o câncer está em remissão, mas ele está sob acompanhamento constante. Diz-se que a aposentadoria do Sabbath foi motivada em especial por sua saúde, visto que as viagens constantes afetam sua imunidade.
Bill Ward, também 76, lida com questões de saúde desde a década de 1990. Em 1998, ele deixou de participar de dois shows do Black Sabbath em função de um infarto. Uma das razões para ter sido desconsiderado da reunião anunciada em 2011 foi o fato de estar fora de forma, de acordo com Osbourne. O cantor disse, em comunicado publicado em 2015, que o colega esteve no hospital por diversas vezes em 2013 e havia passado por uma cirurgia no ombro. Jáa em 2017, foi internado novamente com problemas cardíacos.
O único a não lidar com problemas de saúde, ao menos publicamente, é Geezer Butler. Todavia, o baixista anunciou há algum tempo sua aposentadoria do mundo da música. Hoje com 75 anos, ele diz que não tem mais a disposição de outros tempos para um recomeço — o qual havia sido tentado com o supergrupo Deadland Ritual.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.