Mergulhamos na trama do Paradise Guerrilla para entender, afinal, quem são as figuras misteriosas por trás do pop dançante, e quais os planos e ambições para o futuro do grupo
Primeiro, há uma surpresa. Então, um estranhamento, seguido de curiosidade. Entender o Paradise Guerrillaé ir além de seu pop dançante, com influências de The Weeknd e David Bowie. A quem tem cabeça aberta, envolve entrar junto na ficção detalhada que narra a história do encontro de uma cantora, Starlight, com dois seres interdimensionais, U.F.O e Frankstation.
De imediato, a primeira pergunta é: quem são os músicos por trás de cada personagem? E a resposta, o trio garante, é irrelevante. Quando em formação, eles são os próprios personagens do projeto, lançado no início de 2022 e que tem pretensões para além da música, como o lançamento de uma HQ e o envolvimento com o universo gamer.
“A música tá sempre com a gente, é a base de tudo, mas a gente não é só a música, a gente também é toda essa história que está em torno da gente”, diz Starlight.
Nesse sentido, as músicas serviriam como pistas para entender a história: “Another Galaxy”, o primeiro single, narraria o encontro do trio em si; “Escape” aprofunda a trama da abdução. “I Wanna Make a Hole in the Sky”, que adianta o nome do álbum, fala literalmente sobre abrir um buraco no céu para fugir com uma pessoa amada.
Em cada passo, quem conduz para dentro da história é Starlight, a vocalista, responsável na trama por apresentar o mundo e a música a U.F.O e Frankstation, que ainda não sabem falar os idiomas humanos. Frente a frente com o trio, porém, a curiosidade não cessa. É preciso ir além, tentar entender quem são os humanos por trás do projeto. E é quebrando a ficção que se compreende de que mundo vem o Paradise Guerrilla.
O encontro para esta entrevista é dividido em dois momentos – a conversa em vídeo com Starlight, U.F.O e Frankstation, devidamente paramentados [abaixo], e outra conversa, cara a cara, de portas fechadas, onde o trio abre mão de suas personagens para responder de onde vem o projeto.
As identidades seguem irrelevantes aqui. Fazem parte do mistério que o trio quer manter pelo bem do projeto como um todo. No momento, basta dizer que os três são artistas brasileiros, com experiência em outras plataformas para além da música, e que sabem exatamente onde querem chegar.
O Paradise Guerrilla faz o caminho oposto ao de bandas tradicionais. Em vez de crescer com shows até o momento de lançar um disco, o trio, que nasceu na pandemia, ficou dois anos trancado no estúdio, sem ver nenhuma pessoa. É deste período, de gravações e ensaios, que surge I Wanna Make a Hole in the Sky, o primeiro álbum, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2022.
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O grupo chegou a sondar uma parceria com uma distribuidora na Alemanha e estavam prontos para deixar o Brasil. "Este sempre foi o plano", contam. Então o Paradise Guerrilla é procurado pela Orchard, distribuidora digital da Sony Music, que propôs a representação em 45 países, com a condição da banda ficar um período baseada em São Paulo. Uma “lição de casa”, que garantiria, além dos primeiros fãs, uma visibilidade ao cenário internacional.
Foi assim que, apoiados por uma gravadora e por um plano tão minucioso quanto a ficção que os envolve, o Paradise Guerrilla marcou sua estreia nos palcos – sem um single lançado sequer. No dia 10 de março, eles lançam música e vídeo de “Another Galaxy” [assista abaixo], bem a tempo da primeira apresentação ao vivo, na mesma noite.
"Foi inacreditável. Não tocamos nenhum cover, só música nossa", conta o baixista que interpreta Frankstation. Foi neste dia, diz Starlight, que o projeto nasceu. Realizada em São Paulo e prevista para 350 pessoas, a data acabou reunindo 500 convidados e abriu as portas para o que viria a seguir: uma apresentação no Rio de Janeiro, que acabou chamando atenção do empresário André Almada. Almada seria responsável por levá-los a uma apresentação no Camarote Pride, durante a Parada do Orgulho em São Paulo, em junho, um ponto alto para a trajetória até então.
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Ao passo que revela em verso cada etapa de sua ficção, o Paradise Guerrilla também conquista espaço em rádios e serviços de streaming. Com “Another Galaxy”, soma 260 mil visualizações no Spotify, além de outras 130 mil no YouTube. Para “Escape”, armaram um feat com o americano Tsukiyomi. E o trabalho só começou: no segundo semestre o grupo segue a agenda de lançamentos para I Wanna Make a Hole in the Sky, e suas 11 músicas, que no momento seguem em mixagem e masterização em Los Angeles por John Armstrong, que já trabalhou com nomes como Madonnae Travis Scott.
Fora dos estúdios, o grupo se prepara para uma apresentação no UCCONX, um dos maiores eventos de cultura geek e do universo gamer da América Latina e para uma nova data no Blue NoteSão Paulo. A cada aparição, uma nova conquista. A cada encontro, surpresa e curiosidade se repetem, como uma fórmula.
"A gente ainda tá entendendo o público e o público está nos entendendo", diz U.F.O: "Os personagens não usam máscaras - eles são aquilo. Apesar de ter uma certa contundência visual ali, certa agressividade, existe também outro lado que cativa as pessoas, um magnetismo que não é pesado ou negativo". "As crianças vêm abraçar. Quando elas veem, começam a acenar para a outra, para mais outra, todas querem chegar perto", conta Frankstation.
E, se máscaras e ficções já são grande parte do Paradise Guerrilla hoje, o grupo anuncia: eles querem mais. De olho no futuro, Starlight dispara: "Quanto mais a gente crescer, mais a gente vai investir para ter coisas incríveis, de espetáculo em nosso show: fogo, nave, telão de LED, tudo o que puderem imaginar a gente vai querer botar no show do Paradise".