'ERA MELHOR DAR FIM'

Paul Stanley abre o jogo sobre turnê frustrante do KISS em 2000

Sem alegria ou conexão entre os integrantes, músico admite que chegou a concordar com críticas negativas recebidas no período

Daniela Swidrak (@newtango)

Kiss em 1999
Kiss em 1999 - Foto: Jeff Kravitz / FilmMagic, Inc

Paul Stanley não guarda boas lembranças da primeira turnê de despedida do KISS. A Farewell Tour, realizada entre 2000 e 2001, acabou marcando apenas o segundo rompimento com Ace Frehley e Peter Criss, sem o prometido encerramento das atividades do grupo.

Em entrevista ao podcast The Magnificent Others, apresentado por Billy Corgan (do Smashing Pumpkins), o guitarrista abriu o jogo sobre como se sentia na época: completamente infeliz.

“Eu pensava: ‘Tô odiando isso, tô realmente infeliz’”, ele relembrou, conforme transcrição da People. E completou:

A banda estava desajustada, tinha noite que o show era horrível, e parecia que ninguém ali queria estar junto. Faltava conexão, faltava alegria.

Stanley contou que críticas negativas normalmente não o afetam, mas naquela fase ele mesmo concordava com o que lia. “É diferente quando você sente que estão exagerando ou querendo te atacar. Mas quando você lê uma crítica e pensa: ‘É verdade, eu também estou odiando isso’, aí é sinal de que tem algo muito errado”.

Ele comparou o momento a ter que sacrificar um animal doente: “Foi como pensar ‘melhor acabar logo com isso’. E isso ia contra tudo que a gente sempre defendeu, que a banda é maior do que qualquer um de nós”.

Mesmo com a formação clássica, Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss, o clima nos bastidores era pesado, marcado por egos, interesses divergentes e pouca vontade de seguir adiante.

A volta — ou melhor, a continuidade

Paul Stanley contou ainda que a continuidade das atividades do Kiss, mesmo após uma turnê de despedida, só começou a se desenhar quando, pouco depois do fim dos shows, foi abordado por um fã num lava-rápido. “Ele veio me dizer o quanto tinha curtido o show e perguntou se a gente ia voltar pros 35 anos da banda. E eu fiquei surpreso: ‘Sério? Vocês ainda querem a gente por perto?’”.

A resposta do público foi o empurrão que faltava.

A verdade é que a gente só saiu de cena porque quis. Ninguém tinha pedido pra gente parar.

O show final da Farewell Tour aconteceu em abril de 2001. Menos de um ano depois, a banda já havia retomado as atividades, com Tommy Thayer na vaga de Frehley. Em 2004, Eric Singer — baterista que integrava o grupo na primeira metade dos anos 1990 — foi trazido para substituir Criss.

Mais de uma década depois, em 2019, o KISS anunciou a turnê End of the Road, vendida como uma nova despedida, que teve parte da agenda pausada por causa da pandemia. O suposto “último show” foi realizado no final de 2023, no Madison Square Garden, em Nova York, mas como os fãs já sabem, a aposentadoria dos mascarados é sempre um capítulo em aberto.

No próximo mês de novembro, um evento em celebração aos 50 anos do fã-clube KISS Army deverá ter as participações de Stanley, Simmons e Thayer. A promessa é de que o trio faça uma performance musical com outros instrumentistas, sem máscaras, fantasias. Em entrevistas, Paul e Gene têm dito que não se trata de uma reunião, apenas uma presença em um evento de fãs.

 

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Nascida na Argentina mas radicada no Brasil há mais de 15 anos, Daniela achou na música sua linguagem universal. Formada em radialismo pela UNESP, virou pesquisadora criativa e firmou seu pé no jornalismo musical no portal Popload. Gateira, durante a semana procura a sua próxima banda favorita e aos finais de semana sempre acha um bom show para assistir.
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