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Paulo Netto homenageia Belchior com show intimista em São Paulo

No dia em que Belchior completaria 76 anos, Paulo Netto interpretou grandes sucessos do cantor, em tributo que ainda contou com a voz de Marisa Orth

Pamela Malva • Publicado em 27/10/2022, às 12h00

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Paulo Netto no Blue Note (Foto: Rolling Stone Brasil)
Paulo Netto no Blue Note (Foto: Rolling Stone Brasil)

Ao subir no palco, as cores estampadas no figurino de Paulo Netto combinavam com os holofotes do Blue Note e anunciavam a arte emotiva que logo tomaria conta do lugar. Na última quarta-feira, 26, dia em que Belchior completaria 76 anos, o pernambucano realizou um show exclusivo em São Paulo e, como se grandes composições já não fossem o suficiente, o evento ainda contou com Marisa Orth.

Natural de Condado, cidade da Zona da Mata Norte, em Pernambuco, Netto já faz tributos a Belchior há mais de 10 anos, interpretando alguns dos maiores sucessos do repertório do músico cearense. Para a Rolling Stone Sessions, então, Netto homenageou Belchior mais uma vez, em um show repleto de emoção, nomes queridos na plateia, uma grande atriz no palco e muita poesia na ponta da língua.

A noite começou com “Sensual”, sucesso de 1978 que conta com os versos perfeitos para o início de um show: “Quando eu cantar/ Quero ficar molhado de suor/ E por favor não vá pensar/ Que é só a luz do refletor”. Em seguida, vieram grandes composições, como “A Palo Seco”, “Alucinação” e “Paralelas” — faixa esta que deu início ao projeto Paulo Netto Canta Belchior, lançado recentemente pelo cantor.

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Com um tom cada vez mais intimista, que, segundo Paulo Netto, era o objetivo da apresentação e das músicas selecionadas para a noite, o pernambucano recitou textos baseados nas letras de “Alucinação” e “Fotografia 3X4”. Mais tarde, pouco antes de entoar “Mucuripe” e aplaudido pela plateia, Netto agradeceu presenças especiais que, em uma das mesas, costuravam o passado e o presente.

Acontece que, no mesmo dia em que o cantor comemorou os 10 anos do show em tributo a Belchior e o próprio aniversário do cearense, o show de Paulo Netto no Blue Note também foi acompanhado de perto por Camila e Mikael, filhos de Belchior, e Ângela, mãe dos irmãos e ex-esposa do cantor.

Estou muito feliz com a presença de vocês. Eu tinha o sonho de cantar com Belchior na plateia e viajei muito com esse show. Mas quando ouvi que ele se foi, falei 'acabou'. Só que o ofício segue.”

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E que bom que seguiu, porque, mesmo tantos anos após seus lançamentos, faixas como “Apenas um Rapaz Latino Americano” e “Tudo Outra Vez” ganharam ainda mais profundidade na voz de Paulo Netto. Principalmente considerando que, conforme dito por João, figurinista de Netto, o cantor “põe água na mágoa” de Belchior, ao interpretar as composições com respeito e um otimismo contagiante.

O bom-humor, inclusive, se multiplicou quando outra voz uniu-se aos tons de Paulo na metade do show. Era a vez dela: após subir pela lateral do palco enquanto Netto introduzia o sucesso “Sujeito de Sorte”, Marisa Orth colocou sua afinação para jogo e encheu os pulmões com os versos de Belchior. No final da faixa, sujeito de sorte mesmo foi quem conseguiu presenciar a performance dos artistas.

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Marisa Orth, então, assumiu a dianteira da apresentação e, com suas interpretações sempre impecáveis, cantou os versos de “Comentário a Respeito de John”, hit lançado em 1999. Mais tarde, no fim da noite, a atriz — que, em recente entrevista à Novabrasil FM, disse amar as letras de Belchior desde criança — retornou ao palco para cantar “Sujeito de Sorte” outra vez.

Já próximo ao fim do tributo, veio o sucesso “Velha Roupa Colorida”. E, embalado pelos versos “o que há algum tempo era jovem novo, hoje é antigo/E precisamos todos rejuvenescer”, Paulo Netto direcionou-se aos amigos na plateia para falar sobre a complexa trajetória da arte no país.

Todos sabemos a dificuldade de continuar na estrada, sabemos a dificuldade de colocar artistas no palco. Mas eu acredito que a arte e a poesia preenchem a gente de muito amor e coragem, que é o que a gente precisa pra seguir, seguir em uma pausa luminosa para se encontrar e celebrar esse grande poeta”, afirmou.

Com um violão em mãos, Paulo Netto guiou o fim da noite com “Princesa do Meu Lugar”. Em seguida, ainda cheio de energia, finalizou a apresentação refletindo sobre como os tempos, curiosamente, ainda parecem os mesmos, ao entoar os complexos versos de “Como Nossos Pais”. Apagadas as luzes, na parede da memória, a lembrança do tributo a Belchior tornou-se um quadro colorido e cheio de amor.

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