Pongo volta ao Brasil e promete novidades empolgantes: 'Conexões que vêm de anos'
À Rolling Stone Brasil, artista angolana falou sobre shows no Carnaval, influência da música brasileira e próximos trabalhos
Rodrigo Tammaro
Publicado em 28/02/2025, às 18h23
A Rainha do Kuduro voltou ao Brasil. A cantora Pongo se apresenta nesta sexta-feira, 28, em São Paulo, e depois segue para o Carnaval da Bahia e de Pernambuco nos dias 1, 2 e 3 de março.
Após um show em Brasília no Festival Latinidades de 2024, a artista angolana encara a nova passagem pelo país como uma oportunidade de se conectar com as próprias raízes enquanto compartilha a cultura de Angola com o lado de cá do oceano.
Em conversa com a Rolling Stone Brasil, Pongo fala sobre as expectativas para cantar em uma das maiores festas do mundo e a relação com a música brasileira. A artista também promete novidades empolgantes ainda em 2025.
A energia do Carnaval (e de Pongo)
Reconhecida por dar uma nova vida ao gênero musical Kuduro com pitadas de pop, EDM e influências africanas, a artista inaugurou a visita ao Brasil na última quinta-feira, no Sesc Campinas. Nesta sexta-feira, ela se apresenta no Sesc Pompeia, na capital paulista (para informações sobre ingressos, clique aqui).
Então, parte para o Trio da Cultura em Salvador (1º de março) e encerra a agenda de shows no Carnaval do Recife e no REC Beat (2 e 3 de março, respectivamente), ambos na capital pernambucana.
A ansiedade para participar de uma festa como o Carnaval não é de hoje. Engracia Domingos da Silva começou a se aventurar no mundo da arte na dança e com o nome artístico Pongolove, uma referência à cantora congolesa M'Pongo Love. Depois, engatou a carreira musical com a banda Buraka Som Sistema em 2008 e desde então recebe pedidos dos fãs brasileiros para cantar no país.
Embora tenha se apresentado em Brasília no ano passado, estar na maior festa popular do planeta é uma experiência nova e uma responsabilidade que exige da cantora algo que ela sabe entregar com maestria: agitação.
O público pode esperar a energia máxima que o Carnaval do Brasil, o melhor do mundo, merece. Para mim é uma realização poder estar aqui. Tem tudo a ver comigo.” — Pongo
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Conexão Brasil-Angola
Em São Paulo, Pongo terá como convidado especial o rapper brasileiro Rincon Sapiência, parceria considerada uma grande honra. A colaboração com brasileiros não é novidade. No Coala Festival de Portugal, a artista chamou o também rapper BK’ para dividir o palco.
A intimidade de Pongo com a música brasileira vem desde que ela se conhece por gente. Apesar da distância geográfica, Brasil e Angola têm muito em comum, inclusive na música. É o caso, por exemplo, da percussão bem marcante e também do semba, gênero musical e de dança que foi um dos precursores do samba brasileiro.
"Estamos em um axé máximo com o Brasil em termos culturais. É uma conexão enraizada em mim", diz antes de citar Margareth Menezes, Daniela Mercury, Fafá de Belém, forró e funk como influências brasileiras. Por isso, Pongo encara a visita ao país também como uma conexão com a própria ancestralidade, além de uma oportunidade de compartilhar e elevar a cultura angolana e africana pelo mundo.
É uma responsabilidade muito grande que eu agarro com todas as minhas forças para dar continuidade a esse feito de trazer música angolana no estilo kuduro para o Brasil, porque nos consideramos países irmãos. Mas é uma honra também, um daqueles momentos nos quais sinto que a trajetória e o sacrifício valem a pena. Ancestral, para mim, não é só o passado. É o passado que traz respostas sobre o presente e o futuro para onde queremos ir. Vir para o Brasil é muito mais que uma turnê. Não sei, não tenho muitas palavras, é algo que vem de dentro, uma conexão bem profunda.” — Pongo
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Respostas sobre o Futuro
O esforço em valorizar as próprias raízes e tradições culturais de Angola fica perceptível na obra de Pongo. Não só pelo ritmo kuduro, mas também pelas palavras. Nas letras, nomes de músicas e álbuns, a artista usa o português, mas também recorre línguas como o kimbundo.
O objetivo também é esse. Agregar para mim e aquilo que eu represento e, ao mesmo tempo, abrir as portas e ampliar o interesse em Angola, que eu sei que tem. Porque todos nós queremos saber de onde viemos exatamente para termos respostas de para onde vamos. Angola faz parte da África, que tem algumas dessas respostas. E o Brasil quase todo vem de lá. É uma família.” — Pongo
Depois do envolvimento com a Buraka Som Sistema, Pongo lançou a carreira solo com o EP Baia (2018). Em seguida, vieram Uwa (2020) — que significa “passo”, em kimbundo — e o álbum Sakidila (2022) — “obrigado”, na língua angolana.
Em 2024 a artista lançou o EP Pongo Baddie, com quatro faixas. Neste ano, ela aparece ao lado de NoMBe no single “Sugar Rush (Late Night Snacks)” e colabora com a banda franco-etíope Kutu em “Namuna”. Se a conexão com o passado dá pistas sobre o futuro, o de Pongo promete. Ela revela que tem muitos projetos por vir e que não está no Brasil por acaso:
São conexões que já vem de anos e que finalmente estamos aqui para conseguir realizar. Posso dar um spoiler com a mãe grande Margareth Menezes. Com certeza vamos conseguir, durante esse encontro no Carnaval, preparar muita coisa boa para lançar este ano.” — Pongo
Outras novidades também estão no radar, mas Pongo prefere manter o mistério. De qualquer forma, as respostas estão no futuro.
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