Baterista se surpreendeu com o sucesso conquistado pelo trio que formava ao lado de Kurt Cobain e Krist Novoselic
Publicado em 27/04/2024, às 10h00
Segundo álbum de estúdio do Nirvana, Nevermind (1991) é um dos discos mais vendidos de todos os tempos. Foram mais de 30 milhões de cópias comercializadas em todo o planeta.
Indo além, o trabalho foi responsável por moldar o rock e até mesmo a cultura pop do início da década de 1990. A proposta mais sóbria ia contra praticamente todos os excessos dos anos 1980.
Para muitos, é como se a história do Nirvana começasse em 1991. Longe disso. O grupo foi fundado em 1987 por Kurt Cobain (voz e guitarra) e Krist Novoselic (baixo) e chegou a lançar um álbum, Bleach, em 1989. À época desse disco, o baterista sequer era Dave Grohl, mas sim Chad Channing.
+++ LEIA MAIS: 5 vezes em que Dave Grohl se mostrou o cara mais legal do rock [LISTA]
Por mais que a banda apresentasse potencial, é seguro dizer que ninguém esperava tamanho sucesso de uma vez só. Grohl, que foi integrado à banda em 1990, sabe muito bem disso.
Em entrevista de 2021 à Uncut (via Far Out), o baterista, que se tornaria líder do Foo Fighters após a morte de Cobain, compartilhou algumas reflexões sobre como era o Nirvana antes do estouro. Inicialmente, ele comentou que muitas pessoas no entorno do grupo estavam entusiasmadas com seu futuro, mas o próprio músico não achava que teria tanta popularidade.
“Todo mundo tinha essas opiniões bem empolgadas. Contudo, eu costumava pensar e dizer: ‘bem, é gentil da sua parte dizer isso sobre a banda, mas não há nenhuma maneira de isso decolar’.”
O próprio cenário musical do período — fim dos anos 1980 — fazia Grohl pensar dessa forma. No rock, era a época de auge do hard rock, com visuais extravagantes e influências bem diferentes do Nirvana. O trio, inclusive, se via como parte do subgênero punk, que vivia uma baixa em popularidade naqueles tempos.
“Você também tem que se lembrar do que era popular na música na época. Não eram bandas como nós. Portanto, parecia totalmente implausível que algum dia chegaríamos perto desse tipo de sucesso.”
Embora tenha sido o nome mais popular do grunge, o Nirvana não foi o primeiro do movimento de Seattle, cidade nos Estados Unidos, a lançar um álbum por uma grande gravadora. Ainda em 1989, o Alice in Chains assinou com a Columbia Records, disponibilizando seu álbum de estreia, Facelift, no ano seguinte. Curiosamente, o grupo de Layne Staley (voz) e Jerry Cantrell (guitarra) era o mais identificado com a cena hard rock ainda em voga, embora isso já não se refletisse mais no som deles.
No entanto, foi com Nevermind, já mencionado segundo álbum de estúdio do Nirvana, que o grunge estourou. Para se ter ideia, Facelift conquistou certificação de ouro nos Estados Unidos, pelas 500 mil cópias vendidas, somente em setembro de 1991 — pouco antes de Cobain e companhia surgirem para o mainstream. Com o empurrãozinho dado pelo movimento, o trabalho chegou a 3 milhões de unidades comercializadas no país.
O êxito comercial de Nevermind também deu uma força para outros grupos. O Pearl Jam havia lançado Ten, seu álbum de estreia, um mês antes. As vendas, porém, decolar somente a partir de 1992. Já o Soundgarden, que disponibilizou em outubro de 1991 seu terceiro disco, Badmotorfinger, também engrenou — assim como o projeto Temple of the Dog, que reunia músicos das duas bandas citadas.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.