Por que Geezer Butler, autor de várias letras sobre o diabo, nunca fala palavrão
Baixista e principal letrista do Black Sabbath recorda episódio na infância que o fez eliminar xingamentos de seu vocabulário
Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb) com pauta de Igor Miranda
Autor de letras como “War Pigs”, “Black Sabbath” e “N.I.B.”, que mencionam diretamente Satã e Lúcifer, Geezer Butler, ironicamente, tem o pudor de nunca falar palavrão. Pelo menos desde que aprendeu uma lição ainda na infância, em Birmingham, na Inglaterra.
Segundo o baixista e principal letrista do Black Sabbath, tal aprendizado veio por meio de seu pai. Uma lição da qual nunca se esqueceu.
Ele recordou o episódio em entrevista de 2021 ao podcast On The RAGS (via Blabbermouth):
“Quando eu era criança, meus pais eram católicos irlandeses muito, muito rigorosos. Havia sete crianças em casa. Nenhum de nós tinha permissão para xingar. Então, quando eu saía de casa, eu era o pior falador da rua. E um dia eu estava xingando todo mundo com todos aqueles palavrões e tudo, e alguém reclamou da minha linguagem, e a polícia veio me assustar, na minha casa. Meu pai me deu uma surra com seu cinto de couro. Foi isso que me fez parar de xingar. E ele me disse: ‘Isso faz você parecer muito, muito ignorante, porque só pessoas burras xingam porque não conseguem pensar em uma palavra adequada para dizer’.”
Geezer conclui com a moral da história:
“Isso ficou na minha cabeça. E quando eu ia xingar, eu pensava em uma palavra diferente. E isso expandiu meu vocabulário.”

Geezer Butler e as letras do Black Sabbath
Fascinado pelo universo de ficção científica, o baixista desenvolveu o gosto pela leitura e se tornou o letrista principal do Black Sabbath. No início, referências ao demônio e suas derivações eram recorrentes em suas letras, conforme contou à revista MOJO (via Classic Rock):
“Eu acreditava totalmente no diabo. Comecei a ler livros de Aleister Crowley e Dennis Wheatley, especialmente The Devil Rides Out, que deveria ser um conto de advertência, mas que parecia um manual sobre como ser satanista. Eu tinha cruzes de cabeça para baixo e pôsteres de Satanás por todas as paredes, que eram pintadas de preto, e meu pai quase teve um ataque cardíaco. Ele saiu por aí derrubando tudo.”

Com o tempo, no entanto, Geezer abandonou o tema, pelo menos de forma explícita. Ele contou o motivo em uma matéria assinada por Paul Brannigan, da Classic Rock.
O baixista declarou:
“Eu estava interessado em satanismo e as coisas começaram a dar errado, então desisti rapidamente da magia negra. O Black Sabbath, no fim das contas, foi um alerta contra a magia negra e o satanismo.”
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