"ME DEU UMA SURRA"

Por que Geezer Butler, autor de várias letras sobre o diabo, nunca fala palavrão

Baixista e principal letrista do Black Sabbath recorda episódio na infância que o fez eliminar xingamentos de seu vocabulário

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb) com pauta de Igor Miranda

Geezer Butler em 2019
Geezer Butler em 2019 - Foto: Stephen J. Cohen / Getty Images

Autor de letras como “War Pigs”, “Black Sabbath” e “N.I.B.”, que mencionam diretamente Satã e Lúcifer, Geezer Butler, ironicamente, tem o pudor de nunca falar palavrão. Pelo menos desde que aprendeu uma lição ainda na infância, em Birmingham, na Inglaterra.

Segundo o baixista e principal letrista do Black Sabbath, tal aprendizado veio por meio de seu pai. Uma lição da qual nunca se esqueceu.

Ele recordou o episódio em entrevista de 2021 ao podcast On The RAGS (via Blabbermouth):

“Quando eu era criança, meus pais eram católicos irlandeses muito, muito rigorosos. Havia sete crianças em casa. Nenhum de nós tinha permissão para xingar. Então, quando eu saía de casa, eu era o pior falador da rua. E um dia eu estava xingando todo mundo com todos aqueles palavrões e tudo, e alguém reclamou da minha linguagem, e a polícia veio me assustar, na minha casa. Meu pai me deu uma surra com seu cinto de couro. Foi isso que me fez parar de xingar. E ele me disse: ‘Isso faz você parecer muito, muito ignorante, porque só pessoas burras xingam porque não conseguem pensar em uma palavra adequada para dizer’.”

Geezer conclui com a moral da história:

“Isso ficou na minha cabeça. E quando eu ia xingar, eu pensava em uma palavra diferente. E isso expandiu meu vocabulário.”

Geezer Butler no Black Sabbath (Foto: Amy Harris / Invision / AP)

 

Geezer Butler e as letras do Black Sabbath

Fascinado pelo universo de ficção científica, o baixista desenvolveu o gosto pela leitura e se tornou o letrista principal do Black Sabbath. No início, referências ao demônio e suas derivações eram recorrentes em suas letras, conforme contou à revista MOJO (via Classic Rock):

“Eu acreditava totalmente no diabo. Comecei a ler livros de Aleister Crowley e Dennis Wheatley, especialmente The Devil Rides Out, que deveria ser um conto de advertência, mas que parecia um manual sobre como ser satanista. Eu tinha cruzes de cabeça para baixo e pôsteres de Satanás por todas as paredes, que eram pintadas de preto, e meu pai quase teve um ataque cardíaco. Ele saiu por aí derrubando tudo.”

Black Sabbath
Black Sabbath nos anos 1970 (E-D): Geezer Butler, Tony Iommi, Bill Ward e Ozzy Osbourne – Foto: Chris Walter / WireImage

 

Com o tempo, no entanto, Geezer abandonou o tema, pelo menos de forma explícita. Ele contou o motivo em uma matéria assinada por Paul Brannigan, da Classic Rock.

O baixista declarou:

“Eu estava interessado em satanismo e as coisas começaram a dar errado, então desisti rapidamente da magia negra. O Black Sabbath, no fim das contas, foi um alerta contra a magia negra e o satanismo.”

Rolling Stone Brasil especial: Iron Maiden

Iron Maiden na capa: a Rolling Stone Brasil lançou uma edição de colecionador inédita para os fãs da banda de heavy metal. Os maiores álbuns, a lista dos shows no Brasil, o poder do merchadising do grupo e até um tour pelo avião da banda você confere no especial impresso, à venda na Loja Perfil.

Rolling Stone Brasil especial: Iron Maiden

 

+++ LEIA MAIS: Quanto custa para assistir à live da despedida do Black Sabbath?
+++ LEIA MAIS: Por que o Black Sabbath trazia mafiosos para serem seus empresários
+++ LEIA MAIS: O primeiro compromisso de Ozzy Osbourne após show de despedida

TAGS: black sabbath, Geezer Butler