"ESPONJA DE MÚSICA"

Por que Jimi Hendrix teria adorado hip-hop, segundo seu engenheiro de som

Eddie Kramer refletiu sobre legado do guitarrista e, em exercício de imaginação, pensou na relação dele com a música moderna

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 12/12/2024, às 08h00
Jimi Hendrix (Foto: Michael Ochs Archives/Getty Images)
Jimi Hendrix (Foto: Michael Ochs Archives/Getty Images)

A morte precoce de Jimi Hendrix, aos 27 anos, ainda leva a vários exercícios de imaginação quanto ao futuro do guitarrista. Para Eddie Kramer, que foi engenheiro de som do artista, a capacidade de reinvenção e absorção de novos conceitos o tornaria um grande admirador do hip-hop.

O assunto foi abordado em entrevista à Classic Rock. O engenheiro tentou pensar em como seria um Jimi já mais experiente. No que teria trabalhado? O que mudaria em sua música, que sempre esteve em constante evolução?

Kramer disse:

Jimi poderia ter se tornado um velho estadista, talvez com sua própria companhia de filmes, sua própria editora musical, ainda fazendo música, trabalhando com artistas jovens. Ele teria abraçado o rap e o hip-hop – tudo isso teria se tornado uma pequena parte do que ele criou, porque ele absorvia música com uma esponja.”

As mudanças em cada um dos trabalhos de Hendrix podem ser ouvidas em diversos momentos. Kramer apontou:

Se você ouvir os álbuns, de Are You Experienced (1967), passando por Axis (1967), até Electric Ladyland (1968), eles estão em uma curva íngreme, e você pode ouvir a música trocando e mudando. E Band of Gypsys (1970)? Aquela foi uma mudança radical – mas ótima.”
Jimi Hendrix (Foto: David Redfern/Redferns)

Nem ideia de que estava fazendo história

Ainda de acordo com Eddie Kramer, Jimi Hendrix era obviamente diferenciado, mas não havia como saber mais do que isso na época em que trabalhos tão revolucionários eram concebidos. O engenheiro relembrou:

Você não fazia ideia de que estava gravando a história no momento. Você sabia que o cara era um gênio e você só estava lá e era parte do processo criativo. (Sua morte) é a parte infeliz da história. Mas o fato de que ele esteve conosco por aqueles quatro anos e criou toda aquela música maravilhosa... e ela ainda vive. É algo que vive e respira.”

Jimi Hendrix fora dos holofotes

A figura de Jimi Hendrix nos palcos é o que todo mundo tem em mente quando se lembra do artista. Todavia, pessoas próximas o viam de outra forma.

Em 2022 (via Far Out Magazine), Kramer participou de um evento ao lado de Janie Hendrix, irmã do guitarrista, que falou um pouco sobre a relação dele com a família. Ela comenta:

Quando ele vinha para casa, ele não tinha uma guitarra em suas mãos. Ele queria passar tempo com a família. Nós tínhamos essas conversas em família onde sentávamos em um círculo na sala, e queríamos fazer um monte de perguntas a Jimi. Ele ligava para casa o tempo todo, mas não estava sempre falando sobre o que ele estava fazendo. Ele realmente só queria saber o que todo mundo estava fazendo, porque estando na estrada, ele sentia que perdia os aniversários, feriados de Natal e vários eventos.”

Janie descreveu Jimi como uma pessoa quieta e reservada, que gostava de jogar Monopoly com a família em casa. A irmã do guitarrista concluiu:

Ele era muito tímido e quieto e só queria passar um tempo junto, falar e ouvir. Ele ouvia muito, mais do que nós gostaríamos, porque nós queríamos saber dele. Então esse era meio que sua vida fora da música – apenas muito quieto, tímido, de fala suave.”

Jimi Hendrix nos deixou em 1970, com apenas 27 anos de idade, em decorrência de uma overdose. Sua carreira foi curta, mas teve influência gigantesca para as gerações seguintes. É possível dizer que o guitarrista fez o rock mudar — para melhor.

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Colaborou: André Luiz Fernandes.