Por que Kurt Cobain não iria gostar do Weezer, segundo Rivers Cuomo

Embora tenha vindo de Los Angeles e não de Seattle, o Weezer veio de uma cena alternativa que não é muito diferente da que deu vida ao Nirvana, entre o fim dos anos 80 e início dos 90. Mesmo assim, Rivers Cuomo acredita que Kurt Cobain não gostaria tanto de sua banda — apesar de ele próprio amar o trio completado por Dave Grohl e Krist Novoselic.

A admiração é tanta que o Weezer já fez um show inteiro somente composto por músicas do Nirvana, sob o nome de Goat Punishment, projeto com o qual também já homenageou Oasis e outros artistas. Em entrevista ao NME (via Guitar.com), porém, Cuomo acha que Cobain gostava de um tipo de música bem diferente do que ele faz.

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O frontman do Weezer disse:

Parecia que a música pela qual ele buscava era mais rústica nas arestas, mais punk e menos comercial.”

Nunca saberemos a opinião de Kurt a respeito do Weezer, visto que este nos deixou em 1994. Porém, é possível ter uma ideia por uma segunda opinião.

Courtney Love, viúva do líder do Nirvana — e cantora e guitarrista do Hole — publicou certa vez em seu perfil no X/Twitter um vídeo de Rivers e seus colegas fazendo um cover de “Lithium”, do grupo do marido, durante apresentação no Rock in Rio 2019.

Além do trecho com a descrição, a artista publicou junto um emoji de coração, o que parece ser um sinal de aprovação.

Perguntado sobre a reação de Courtney, Rivers agradeceu, mas não mudou de opinião: ele continua achando que Kurt não seria um fã do Weezer, ao contrário da esposa. O vocalista e guitarrista de Los Angeles – nascido em Nova York - disse:

Courtney é um verdadeiro ícone para nossa geração, é como nossa irmã mais velha. Você realmente quer que alguém como ela aprove o que você está fazendo e Kurt não viveu o suficiente para nos ouvir – ele morreu um mês antes do nosso álbum Blue Album sair (em abril de 1994). Mas acredito que ele não nos aprovaria. Mas o fato de Courtney aprovar é incrível.”

O Nirvana que nunca foi

Nirvana e Weezer são diferentes não apenas musicalmente, mas também no visual. Enquanto o trio de Kurt Cobain era o principal representante comercial do movimento grunge e trazia de volta uma estética mais crua e próxima do punk, Rivers Cuomo, Brian Bell, Matt Sharp e Patrick Wilson pareciam saídos do departamento de TI de alguma empresa, especialmente na foto da capa do Blue Album (1994).

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Embora o grupo estivesse mais preocupado com o som do que com o visual, Cuomo admite que se chateou com os primeiros comentários da mídia e dos fãs, já que queria que a banda fosse vista como o “novo Nirvana”. O músico confessou isso em entrevista para a Louder, onde disse:

Quando fizemos o Blue Album, eu me vi sob uma luz completamente diferente. Achei que seríamos o próximo Nirvana, que seríamos levados muito a sério como uma banda de rock cheia de angústia. E fiquei completamente chocado, surpreso e desapontado quando lançamos o disco e descobri que a notícia na imprensa era: ‘Este é um bando de geeks. A vingança dos nerds!’.”

Na mesma entrevista, o frontman do Weezer foi perguntado se tem preocupações em relação à forma como é visto. Ele admitiu que sim:

Sim, parece que não sou tão hábil em administrar minha reputação como alguns outros artistas são. Eu sei que algumas pessoas pensam que sou um esquisitão. Mas acho que quando as pessoas me conhecem, a maioria gosta de mim e acha fácil se relacionar comigo.”

Cuomo se mostrou frustrado em relação a isso.

Sendo um músico de alto nível, as pessoas não te conhecem de verdade, elas apenas ficam com as primeiras impressões ou impressões distantes e muitas vezes isso tem sido bastante negativo sobre mim. Isso importa para mim.”

Nerdolas ou não, o fato é que o Weezer alcançou o sucesso já com seu primeiro álbum, que vendeu 3,5 milhões de cópias só nos Estados Unidos.

Colaborou: André Luiz Fernandes.