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Por que o AC/DC não acabou mesmo após perder quase todo mundo recentemente

Em dado momento, só havia restado Angus Young da formação mais duradoura da banda; colegas foram se afastando por problemas diversos

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 26/02/2023, às 09h47 - Atualizado em 08/03/2023, às 19h57

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Angus Young (Foto: AP)
Angus Young (Foto: AP)

Quando os fãs do AC/DC puderam ouvir o álbum Power Up, lançado em 13 de novembro de 2020, o sentimento não era apenas de empolgação por poder conhecer músicas novas da banda. Foi quase como uma sensação de alívio. Era a prova de que um dos grupos mais lendários da história do rock foi capaz de resistir a diversos contratempos em seus últimos anos.

Em algum momento da década passada, todo mundo esteve fora do AC/DC com exceção do guitarrista Angus Young. A primeira baixa foi a do também guitarrista Malcolm Young, irmão de Angus, que foi afastado em 2014 após um quadro avançado de demência. A solução foi caseira: o sobrinho dos músicos, Stevie Young, acabou escalado para sua vaga. Infelizmente, Malcolm faleceu em 2017, aos 64 anos.

Antes da turnê do álbum Rock or Bust, primeiro trabalho com Stevie, o baterista Phil Rudd, hoje com 68, teve problemas com a justiça da Nova Zelândia. Foi acusado de portar drogas e planejar o assassinato de um funcionário. Seu posto foi ocupado em todos os shows da excursão por Chris Slade, que já havia feito parte do grupo entre 1989 e 1994.

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Durante a tour, outra baixa: o vocalista Brian Johnson, agora com 75 anos, teve que ser afastado devido a problemas auditivos. Caso continuasse a se apresentar, poderia perder o pouco que restava de sua audição, danificada não apenas pelos anos de rock and roll, como também por sua outra paixão, o automobilismo. Em parte das datas, foi substituído por ninguém menos que Axl Rose, cantor do Guns N’ Roses e fã declarado da banda.

Ao fim de tudo isso, o baixista Cliff Williams não viu razões para continuar no AC/DC. Anunciou sua aposentadoria pouco antes da última data da turnê. Além da decepção de não ter mais alguns de seus mais longevos companheiros, o músico que hoje tem 73 anos alegou problemas de saúde que já complicavam sua vida durante aquela excursão.

O AC/DC resiste

Em dado momento, depois da turnê de Rock or Bust, só havia sobrado o próprio Angus Young, 67 anos, da formação mais duradoura do AC/DC, que existiu entre 1980 e 1983 e de 1994 a 2014. Stevie, 66, também permaneceu, mas o músico só entrou após o afastamento de Malcolm. Axl Rose e Chris Slade eram apenas substitutos de Johnson e Rudd, respectivamente. Cliff Williams, aposentado, sequer teve um substituto anunciado.

Ainda assim, um dos grupos mais casca-grossa do rock and roll resistiu. Brian conseguiu recuperar a audição por meio de um aparelho especial, descrito por ele como “inovador”. Phil provou que não estava planejando nenhum assassinato, então foi condenado apenas pelo delito de porte de drogas: oito meses de prisão domiciliar e pagamento de multa. Por fim, Cliff acabou por reconsiderar sua opção pela aposentadoria.

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Os três se reuniram com Angus e Stevie entre agosto e setembro de 2018 para gravar a maior parte do material ouvido em Power Up, décimo sétimo álbum de estúdio do AC/DC. As sessões aconteceram no estúdio Warehouse, em Vancouver, no Canadá, com o produtor Brendan O’Brien.

Por que continuar?

Em uma entrevista à rádio SiriusXM (via Blabbermouth), Angus Young foi convidado a explicar por que o AC/DC, no fim das contas, continuou. A resposta foi tão breve que fez tudo virar uma coisa simples e natural.

“Eu apenas continuo fazendo isso. É uma parte de mim. É da minha perspectiva. Gosto de fazer música para o AC/DC e tocar essas músicas. E eu venho fazendo isso há tanto tempo. Acho que sei fazer isso melhor do que qualquer outra coisa. Acho até que sei fazer isso melhor do que qualquer coisa que eu tenha aprendido nos meus anos de escola.”

Na mesma entrevista, o músico revelou como se reencontrou com os velhos amigos. A iniciativa partiu, curiosamente, dos empresários da banda.

“Nosso pessoal de gestão nos contatou em 2018 perguntando se eu toparia fazer um álbum. Eu tinha muito material feito junto com Malcolm, no qual trabalhamos ao longo dos anos. Então, pensei: sim, vou juntar essas ideias e ver quem quer fazer parte disso e entrar em estúdio. Foi ótimo, pois todos quiseram estar envolvidos: Brian, Cliff, Phil, Stevie e eu. Foi ótimo podermos voltar a ficar juntos e fazer algumas músicas novas de rock and roll para o mundo ouvir.”

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Por fim, Angus negou que o irmão Malcolm tenha tido gravações usadas em Power Up. O saudoso guitarrista foi o coautor de todas as músicas, mas atuou apenas na composição.

“A contribuição de Malcolm é principalmente nas ideias de músicas, que ele criou comigo. É, basicamente, a contribuição de Malcolm ao álbum todo. Ele estava lá em espírito e você sempre o sentirá. Ele está lá, especialmente comigo. Ele faz parte de meus pensamentos. Sempre estou pensando nele, assim como todos estão.”

Embora Power Up tenha sido lançado no fim de 2020, o AC/DC não sobe aos palcos desde 20 de setembro de 2016, último show da turnê Rock or Bust. Ou seja: Angus e Stevie não se reuniram com Brian, Cliff e Phil nos palcos. Todos eles estão reclusos e sem se apresentar nem mesmo em ocasiões solo, exceção feita a Johnson, que participou dos eventos em homenagem a Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters falecido em 2022.

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Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.