Por que o Europe se nega a repetir o som dos anos 1980, segundo Joey Tempest
Banda sueca ficou famosa por som voltado ao glam metal, mas desde sua reunião, nos anos 2000, traz abordagem orientada ao blues rock
Bia Cardoso (@b_carddoso) sob supervisão de Igor Miranda
Publicado em 13/04/2025, às 09h00
Dos nomes do hard rock que fizeram sucesso na década de 1980, o Europe está entre aqueles que melhor conseguiram se reinventar. O grupo rompeu em 1992 e retornou em 2003 após uma reunião pontual em 1999. Desde então, os álbuns pós-volta pouco refletem a sonoridade praticada anteriormente.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o vocalista Joey Tempest relembrou como a reunião do grupo sueco foi significativa para a mudança de sonoridade. Com o guitarrista John Norum — que havia saído em 1986 — de volta à banda, o glam metal com forte carga de teclados deu lugar a um blues rock onde a guitarra está na linha de frente, mas sem deixar os demais instrumentos ofuscados.
Ele disse:
“Nos encontramos no começo de 2000, no apartamento de Mic Michaeli em Estocolmo. John estava de volta. Dissemos: ‘Vamos fazer uma jornada juntos. Vamos ter uma aventura e explorar sons’. Não estávamos tão interessados em nos repetirmos o tempo todo, como algumas bandas fazem, pois elas têm seus fãs. Não acho que isso seja algo ruim; acho legal, pois os fãs se sentem em casa toda vez que há um novo álbum. Mas pensamos um pouco diferente. Queremos nos animar também. Cada novo álbum é uma nova aventura.”

Na visão do cantor, um grupo ainda mais veterano serve de inspiração: o Deep Purple. A respeito dos colegas ingleses, ele diz:
“Há algumas bandas que fazem isso, mas o Deep Purple sempre foi uma inspiração para nós nesse sentido. Eles também têm reviravoltas sonoras, nós gostamos disso. Isso nos mantém animados. Espero que os fãs também gostem. Obviamente, haverá fãs que querem ouvir a mesma coisa que The Final Countdown o tempo todo, mas é difícil para nós, não ficaríamos felizes em tentar repetir as coisas. Queremos manter as melodias e nos conectar com o público, mas queremos um novo começo a cada álbum — apesar de que neste próximo disco teremos alguma conexão com o passado.”
Não quer dizer, porém, que Tempest e seus colegas deixem de olhar para trás. O quinteto demonstra respeitar muito o legado construído ao longo de 46 anos de estrada — número que deixa o cantor surpreso, visto que, quando mais jovem, não imaginava ter uma carreira tão duradoura.
“Quando se é mais jovem, pensa-se duas semanas à frente. Hoje, planejamos três a cinco anos à frente, pois o tempo se move diferente agora. Quando se está mais velho, tudo passa mais rápido. Quando jovem, você pensa ser imbatível. Você entra na onda, ainda que às vezes caia dela e leve alguns anos para retornar. 2024, quando fizemos 45 anos, foi muito emocionante. É incrível estar com os mesmos caras que conheci quando tinha 15 anos, os mesmos integrantes. É muito especial. Ainda não conseguimos acreditar que seguimos juntos. As brigas são menores hoje em dia: antes, havia egos e você brigava por coisas pequenas que se tornavam grandes. Hoje sabemos que não faz sentido brigar.”
Europe no Brasil
O Europe é uma das atrações confirmadas do festival Monsters of Rock, que acontece em 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo. A banda ainda se apresenta em uma segunda data, dessa vez, em Brasília, três dias antes, no festival Arena of Rock, marcado para ocorrer na Arena BRB Mané Garrincha. Há ingressos à venda nos sites Eventim (SP) e Bilheteria Digital (Brasília).
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