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Música / Rick Astley

Por que Rick Astley sentia que outros músicos queriam bater nele nos anos 80

Cantor fez enorme sucesso com hits do porte de “Never Gonna Give You Up”, mas sentiu que nunca teve o prestígio que merecia

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 28/02/2024, às 09h40

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Rick Astley (Foto: Getty Images)
Rick Astley (Foto: Getty Images)

Embora tenha encontrado fama bem cedo na música — por volta dos 21 anos —, Rick Astley não teve vida fácil nesse segmento. O cantor de “Never Gonna Give You Up” foi alvo de críticas e piadas logo quando estourou, em uma situação que foi levada à década de 2000 após o videoclipe da música tornar-se um dos primeiros memes globais.

Ele sempre levou o meme na boa, por vezes até entrando na brincadeira publicamente, mas a rejeição na década de 1980 lhe afetou bastante. Na época, uma das maiores críticas residia no fato de seu trabalho ser conduzido pelo trio de produtores e compositores Mike Stock, Matt Aitken e Pete Waterman, conhecidos como Stock Aitken Waterman (SAW). Para muitos, Astley era apenas um “produto”, pois sua obra era formatada por profissionais bem mais experientes — e o próprio sentia que até mesmo outros músicos desejavam “dar um soco” nele nos velhos tempos.

Em entrevista a Justin Hawkins (via Express), Rick relembrou que, apesar do sucesso, o prestígio artístico não veio como o esperado na década de 1980. Ele destacou:

“Todo mundo… quer dizer, não todo mundo, mas havia uma parte de pessoas que odiava Stock, Aiken Waterman e qualquer um que saísse de seu prédio — inclusive eu. Então, eles podem ter ouvido ‘Never Gonna Give You Up’, sem perceber quem a produziu, e disse: 'Essa é uma boa música pop? Sim, está tudo bem!' Mas no momento em que se torna falam de Stock, Aiken Waterman, comentam: ‘ah, ele é um fantoche, é tudo enlatado’. Não era legal.”

A animosidade era sentida sempre que Astley estava com outros artistas. Ele destacou:

“Em todos os lugares que eu entrava… se os outros artistas e pessoas ao redor da gestão fossem extremamente pop, eu me sentia bem, mas se eu fosse a um lugar onde houvesse ‘músicos’, eu só ficava pensando que todos na sala pensavam que eu era um idiota e queriam me dar um soco. Juro por Deus.”

Do underground ao mainstraem

A sensação de Rick Astley não era por acaso. Antes de se destacar globalmente como um cantor pop, o britânico rodou por bandas desconhecidas, inclusive como baterista.

“Sendo honesto, é doloroso passar por isso. E também... eu caio em algumas situações estranhas no sentido de que, quando jovem, toquei bateria em uma banda por alguns anos. Tornei-me cantor. Compus músicas. Aí eu conheci Stock, Aiken e Waterman e disse: ‘que diabos é isso?’. E eles disseram ‘aqui, nós criamos as músicas, você simplesmente senta lá, certo?’.”

Por fim, Rick contou que compôs quatro músicas para seu primeiro álbum, Whenever You Need Somebody (1987) — algo bem incomum entre os artistas da SAW. De resto, as canções eram feitas pelo trio, incluindo o hit “Never Gonna Give You Up”. Porém, foram justamente as quatro criações de Astley que impressionaram os representantes da RCA, gravadora com a qual Pete Waterman queria vinculá-lo.

“Eu cantei essas quatro músicas e Peter Robinson (gerente de A&R da gravadora) perguntou: ‘quem compôs as músicas?’. Pete Waterman disse: ‘foi Rick, ele também é um ótimo compositor’. Então essas quatro músicas acabaram no disco.”

Ao todo, Rick Astley lançou nove álbuns de estúdio. O mais recente, Are We There Yet?, saiu em outubro de 2023 pela BMG.

Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.