MEMÓRIA

Preta Gil e a nudez no álbum de estreia: capa polêmica foi considerada “desnecessária” por Gilberto Gil

Cantora enfrentou críticas e preconceito ao posar nua na capa de seu primeiro álbum, em 2003; gesto de liberdade que foi previsto e questionado por seu pai

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Preta Gil e a nudez no álbum de estreia: capa polêmica foi considerada "desnecessária" por Gilberto Gil
Preta Gil e a nudez no álbum de estreia: capa polêmica foi considerada "desnecessária" por Gilberto Gil - Divulgação/Warner Music

O ano era 2003 quando Preta Gil decidiu se lançar como cantora com um disco que desafiava padrões estéticos e culturais. Pret-à-Porter, seu álbum de estreia, chegou às lojas estampado com uma imagem que se tornaria símbolo de liberdade para alguns e de escândalo para outros: a artista completamente nua. O que ela não esperava era a onda de conservadorismo, julgamento e preconceito que a acompanharia por anos após aquele gesto de afirmação.

Preta, que morreu neste domingo, 20 de julho, aos 50 anos, falou diversas vezes sobre como aquele episódio marcou sua trajetória. Em uma entrevista ao programa Conversa com Bial, em 2019, ela lembrou do alerta feito por seu pai, Gilberto Gil, antes do lançamento. “Eu fui mostrar a capa pra ele, achando o máximo, e ele me disse: ‘Desnecessário, Preta’. Aquilo me confundiu. Meu pai, tropicalista, moderno, me dizendo isso? Mas ele sabia o que viria.

E veio: críticas, ataques, piadas, julgamentos sobre seu corpo, sua atitude e sua liberdade. O que para Preta era um gesto de empoderamento virou alvo de uma reação moralista que a feriu profundamente. “Eu lancei o disco achando que estava abafando, achando que eu era bonita e gostosa. E aí veio uma enxurrada de críticas, de muito conservadorismo, de muito preconceito.

A cantora contou que o episódio a fez duvidar de si. Começou a questionar sua beleza, seu corpo e a procurar uma espécie de “aprovação”. “Eu comecei a querer emagrecer para que parassem de falar de mim. Tipo ‘me deixa em paz’? Eu só queria ser amada, querida.

Com o tempo, e com o amadurecimento artístico e pessoal, Preta compreendeu que o problema nunca foi sua nudez, mas a forma como a sociedade, especialmente a mídia e o público, insiste em vigiar e punir corpos femininos que fogem do padrão. “Eu entendi que o erro não estava em mim, e sim nas pessoas que me julgavam.

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
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