Encontro por acaso em cerimônia indígena rendeu ao DJ sua música mais recente, "Meu Amor", ao lado de Ixã
Lançado há apenas duas semanas, "Meu Amor" já supera a marca de 1,5 milhão de visualizações no canal de Alokno YouTube. Uma marca comum aos vídeos do DJ, que nem por isso deixa de ser para lá de expressiva. Na música, uma balada romântica chega acompanhada do vocal suave e melódico de uma voz até então desconhecida. É Ixã, nome artístico e familiar de Hugo Gabriel Messias Pantoja, um jovem de 19 anos que Alok conheceu em uma das etapas de gravação de seu projeto junto a povos tradicionais da Amazônia.
Hugo nasceu fora da comunidade indígena, em Porto Velho, Rondônia, mas acabou entrando para a rotina da comunidade Huni Kuî após o casamento de sua mãe com o líder Mapu Kuî. Em 2019, batizou-se Ixã. E foi como Ixã que conheceu Alok: Mapu, o padrasto indígena do rapaz, integra o próximo trabalho do DJ, que deve resgatar e traduzir os cantos da floresta em álbum e documentário, ainda em 2022.
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Durante a produção, Alok conheceu o enteado de Mapu, um jovem tímido, que "ficou mudo por 8 dias", nas palavras do DJ. Foi somente no encerramento das atividades, durante uma cerimônia, que Ixã soltou a voz - e conquistou o artista veterano:
"No último dia a gente tava realizando uma cerimônia, como uma celebração para finalizar o trabalho, e eu tava de olhos fechados e comecei a ouvir uma voz que eu achei que tava no céu. E quando eu abri os olhos era esse menino cantando, o menino que era mudo", conta Alok, em entrevista exclusiva para a Rolling Stone Brasil, na íntegra abaixo:
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Em menos de dois dias, Ixã entraria em estúdio para gravar uma de suas composições - cantor desde os 9 anos, ele soma mais de 50 letras, em grande parte românticas: "Agora recentemente que eu tenho mudado mais, tenho enxergado a música com outro olhar, olhar de cura, de mudança, mesmo. Você pode fazer mesmo uma diferença enorme", diz o rapaz, em uma entrevista ao lado do DJ. De ouvidos atentos a cada resposta do pupilo, Alok reforça: "a galera fala 'pô, o Ixã ganhou na loteria, foi descoberto pelo Alok', na verdade quem ganhou na loteria fui eu".
Ainda anestesiado com a repercussão do lançamento, Ixã quer usar sua música como instrumento de transformação, especialmente para a população indígena e vulnerável de sua cidade. "Mesmo quando eu morava na cidade, quando não morava com o Mapu, não tinha o conhecimento que haviam povos indígenas passando fome na minha cidade, morrendo de desnutrição. Se eu puder usar essa visibilidade, essa oportunidade para trazer atenção, a coisa vai muito nesse sentido, de poder transformar, mudar a vida dessas pessoas através da música, que eu vejo como instrumento muito forte, muito enorme", defende.
Veja abaixo o vídeo "Meu Amor", de Alok e Ixã:
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