O evento aconteceu na Cinemateca de São Paulo na segunda-feira, 31. Amigos e artistas prestigiaram o pré-lançamento do documentário, entre os convidados estavam Eduardo Suplicy, Seu Jorge, Rael e Dexter
O filme Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo teve uma pré-estreia exclusiva para convidados na Cinemateca de São Paulo na segunda-feira, 31 de outubro. A sessão programada para às 19h30 teve um atraso de 15 minutos, mas foi por um bom motivo: o elenco do filme e a produção responsável estavam presentes e fizeram suas falas antes do início do documentário de 116 minutos.
A diretora Juliana Vicente abriu o discurso agradecendo a equipe que trabalhou na produção do filme, aos Racionais MC´s e enalteceu Eliane Dias, esposa de Mano Brown e produtora do filme, além de recordar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República no domingo, 30.
Em seguida a diretora passou o microfone para Mano Brown, que foi ovacionado e, com poucas palavras, relembrpou que Lula foi eleito presidente do Brasil. “É um dia de felicidade muito grande pra mim. A cidade acordou leve, a quebrada acordou leve, naquela paz, há muito tempo que não sentia isso, momento único”, complementou ele, agradecendo a Juliana e seus companheiros de equipe.
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Já Eliane Dias falou do sonho em fazer um trabalho em vídeo com o grupo. Desde 2014 ela vinha captando imagens em vídeo, pois a ideia inicial era fazer um DVD, mas acabou virando filme que terá estreia oficial na Netflix nesta quarta-feira, 16 de novembro.
O documentário começa com cenas do Capão Redondo, bairro periférico da Zona Sul de São Paulo, sob a trilha de “1 por Amor, 2 por Dinheiro” do disco Nada como um Dia após o Outro dia, lançado em 2002, trazendo o início da carreira do grupo, as dificuldades financeiras e a violência que os cercavam.
Também aborda a importância do Largo São Bento, onde a turma do hip-hop sempre se reunia e de onde saíram muitos artistas.
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Ao longo do documentário, muitas imagens de arquivo dos anos 1990, recortes de jornais com casos de violência no Brasil e acervo de família para contar a história ao longo de mais de 30 anos de carreira. Também recorda sobre a boa execução que “Homem na Estrada” do álbum Raio X Brasil teve pelas emissoras do país, o que deixou Mano Brown chateado, pois o cantor queria que a mensagem da canção chegasse somente para o público da periferia, não que tivesse uma grande projeção nacional.
Um dos episódios também abordados no filme aconteceu em 2007, na Virada Cultural em São Paulo, fato que incendiou o centro da capital, fazendo com que o grupo ficasse marcado como perigoso para a sociedade, mal visto e proibido de fazer shows ao ar livre.
Em 2012, graças ao clipe da canção "Marighella", gravado na ocupação Mauá, a história mudou. Foi um trabalho crucial para o conjunto que ficou marcado devido ao episódio citado anteriormente, que fez com que no mesmo ano os Racionais vencessem o prêmio VMB na categoria Melhor Clipe do Ano.
Esse trabalho foi um divisor de águas na carreira do grupo, fundamental para que fizesse com que os Racionais retornassem ao centro em 2013, como uma das atrações da Virada Cultural.
O cantor Dexter, conhecido como Oitavo Anjo, amigo do grupo, é um dos entrevistados na produção e falou para a Rolling Stone Brasil da importância do grupo e de Mano Brown na sua vida. Confira:
“O Brown começou a produzir dentro da cadeia em 2000, mas eu colo com o Brown desde 1990. São 32 anos de amizade, muita coisa de lá pra cá, e Racionais é isso, são heróis os quatro, são pessoas que amam, pessoas que fazem, são instrumentos da cultura hip-hop, que mudou gerações e vão continuar mudando, a música dos caras é muito honesta, muito sincera, pra produzir Oitavo Anjo, uma música que fala bastante com as pessoas também, tudo isso aprendi com eles, fazer, a escrever. No fundo, no fundo é só deixar o coração falar, foi isso que o Brown me falou nos anos 90”.
O que transformou o grupo Racionais em um dos maiores nomes do rap nacional? Conforme o depoimento do vocalista Mano Brown no filme, foi o sentimento de raiva que tomou conta e o fez escrever canções sobre suas vivências e experiências ao longo de 35 anos de carreira.
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