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Música / HIP HOP

Racionais MC's: Como KL Jay e Mano Brown criaram o hit 'Jesus Chorou'?

Enquanto pegava alguns discos de vinil, KL Jay se impressionou com música de Al Green e mandou sample para Mano Brown, que escreveu a letra

Ice Blue, KL Jay, Mano Brown e Edi Rock formam Racionais MC's (Foto: Cortesia da Netflix)
Ice Blue, KL Jay, Mano Brown e Edi Rock formam Racionais MC's (Foto: Cortesia da Netflix)

"O que é, o que é? / Clara e salgada, / Cabe em um olho e pesa uma tonelada." Assim começa "Jesus Chorou," um dos grandes sucessos dos Racionais MC's, lendário grupo de rap brasileiro formado por Ice Blue, KL Jay, Mano Brown e Edi Rock. Mas, afinal, como os artistas criaram esta icônica canção, presente no disco Nada como um Dia após o Outro Dia (2002).

Em vídeo resgatado pelo Rap Mais, KL Jay aparecia em um show e contava a história do processo criativo da faixa composta por Brown. O artista criou a base do beat por meio de um sample de "Free at Last," canção de Al Green que faz parte do álbum Livin' for You (1973).

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O DJ teve contato com a música quando olhava diversos vinis, quando encontrou Livin' for You. Logo na terceira faixa, ele já se interessou pela sonoridade de "Free at Last" e levou o LP para casa, onde sampleou na MPC.

"Fiquei ouvindo durante duas horas," relembrou o artista. "Ouvi a música na sala, na cozinha. [Minha mãe] estava na cozinha fazendo comida e ficou quietinha, porque sabia, intuitivamente, o que eu estava fazendo. Ela falou nada."

Eu ficava ouvindo na cozinha, no quarto, na sala, na rua e no banheiro para ver se soava bem, se a repetição de sample não cansava. Fiquei ouvindo.

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Após construir a batida inicial com sample, KL Jay ligou para Mano Brown: "Mostrei e ele falou assim, daquele jeitão: 'Som louco, hein... louco. Manda para mim que vou colocar o beat.'" Um mês depois, o cantor mostrou "Jesus Chorou" para o DJ.

Ele cantou pelo telefone para mim. Falei: 'Brown, cê é louco, mano!' Aí a gente fez um dos raps mais cabulosos do Brasil, cara.

Por fim, KL Jay aproveitou para exaltar a cultura do hip hop. "Essa é a grandeza do hip hop. Hip hop é ancestral, afrofuturista, pan-africanista. Não é movimento, é cultura. Se fosse movimento já tinha acabado. A cultura que vai durar por mais 100/200 anos!", celebrou. Assista abaixo:

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