Entenda divergência entre Raimundos e viúva de Canisso, com acusações e réplicas

Fãs de rock brasileiro ficaram surpresos recentemente por acusações feitas pela viúva de Canisso contra o Raimundos. Segundo Adriana Toscano, a banda parou de honrar o contrato de shows do grupo, interrompendo pagamento de partes de cachês à sua família. O grupo nega e, em duas publicações, responde às alegações publicamente.

Em entrevista dia 3 de dezembro ao S.O.M., projeto da Mídia Ninja sobre música, Adriana declarou que o Raimundos realizou normalmente os repasses nos primeiros meses após o falecimento de Canisso, conforme previsto em acordo formal. No entanto, cessaram sem aviso e mudaram o CNPJ da banda sem comunicação à família.

A dimensão do problema foi explorada em entrevista de Toscano à Revista Fórum dia 5 de dezembro. Adriana declarou que Canisso desejava profissionalizar a gestão da banda, mas enfrentava resistência de Digão, único integrante original remanescente depois da perda do baixista, e do então empresário Denis. Um desentendimento grande era a prioridade dada pelo vocalista e guitarrista às suas apresentações solo contra shows do grupo.

Toscano falou:

“Digão vendia shows solo mais baratos do que os cachês cobrados pela banda. Isto sempre foi um ponto de discórdia entre eles. Canisso priorizava a banda de todos as formas.”

Resposta do Raimundos

O Raimundos respondeu inicialmente no último sábado, 6, com uma declaração oficial na qual negaram quaisquer violações de contrato. Além disso, mencionaram que medidas legais estavam sendo providenciadas.

Leia a nota:

“A Banda Raimundos lamenta as alegações e acusações recentemente formuladas pela Sra. Adriana, viúva do Canisso.

Todos os reflexos financeiros de direitos autorais de Canisso foram, são e serão respeitados, como é de conhecimento da própria família, atendendo aos contratos, estatutos de empresas e legislação aplicável.

Cumpre destacar que, para além das obrigações determinadas em lei, a Banda Raimundos prestou apoio e auxílio à família do Sr. Canisso por mera liberalidade e consideração pessoal, jamais se furtando a colaborar de maneira ética, respeitosa e humana.

Qualquer afirmação que extrapole esses fatos carece de fundamento e configura mera especulação, cujos objetivos a Banda lamenta profundamente.

A Banda Raimundos sempre manteve postura íntegra, solidária e responsável em relação à família do Sr. Canisso, repudiando qualquer imputação de conduta leviana.

A Banda informa, por fim, que as medidas legais já estão sendo providenciadas e reitera os votos de respeito, saúde e serenidade a todos.”

Publicação dos contratos

Em publicação no Instagram (via site Igor Miranda) no último domingo, 7, Adriana Toscano clarificou que não existe processo em curso contra o Raimundos de sua parte, apenas a busca pelo cumprimento do contrato. Ela afirmou:

“Ainda não existe um processo, mas existe um contrato assinado para fechamento de show em 2016, por todos os sócios, e havia uma cláusula que previa que em caso de falecimento de qualquer um dos sócios, os herdeiros receberiam. Então, só quero que isso seja cumprido, em honra do Canisso.”

Outra réplica do Raimundos veio na última quarta-feira, 10. Também via Instagram, o grupo disponibilizou trechos do contrato citado por Adriana e outro assinado por Canisso ao sair da formação em 2003. A explicação dada é que o acordo ao qual Toscano se refere não engloba os repasses reivindicados. Estes ficam sob a jurisdição de outra companhia, da qual o baixista vendeu sua participação quando deixou a banda.

Além disso, o Raimundos declarou ser falsa uma acusação de agressão feita por Adriana. Em entrevista ao site do jornalista Leo Dias, a viúva do baixista disse ter sido agredida por Digão, vocalista e guitarrista, nos bastidores de uma apresentação quando Rodolfo Abrantes ainda era integrante. Ela alegou ter tentado intervir em uma briga quando, ao entrar na frente, acabou levando um soco do guitarrista. “A equipe jurídica da banda já foi acionada e adotará as medidas cabíveis contra os responsáveis por essa CALÚNIA!”, diz o grupo.

Quanto aos repasses de direitos autorais das canções, tanto o Raimundos quanto Toscano parecem estar de acordo. Estes continuam sendo feitos aos quatro filhos do músico, falecido em 2023.

“NOTA OFICIAL

A assessoria do Raimundos esclarece que todas as acusações feitas pela Sra. Adriana Toscano, viúva de Canisso, são falsas.

1) É ABSOLUTAMENTE FALSA a acusação de agressão à viúva de Canisso, Sra. Adriana Toscano.
A equipe jurídica da banda já foi acionada e adotará as medidas cabíveis contra os responsáveis por essa CALÚNIA!
2) Com relação à suposta ausência de repasse de valores, esclarecemos que a empresa da qual os herdeiros são sócios (Paulêra) não possui exclusividade para a contratação de shows da banda Raimundos e não é proprietária da marca “Raimundos”. Diante disso, tendo em vista que eles não são músicos e não fazem shows, não devem receber qualquer percentual sobre o valor decorrente dessa prestação de serviço, que é destinado unicamente aos integrantes da banda
3) Os herdeiros possuem o direito apenas de receber a distribuição de lucros da empresa Paulêra, caso haja
4) O registro da marca sempre esteve em nome de outra empresa, cujo único sócio é o Digão.
Canisso se retirou dessa sociedade em 2003, o que é de conhecimento da Sra. Adriana Toscano
5) Os herdeiros continuam recebendo integralmente os valores correspondentes às obras musicais, direitos autorais, ECAD dos shows e demais receitas que lhes são de direito.
6) A banda ofereceu e cumpriu um apoio financeiro voluntário e temporário à família de Canisso.
Esse suporte representa um privilégio que não será permitido às famílias dos atuais integrantes em caso de falecimento. Tudo está documentado e registrado perante os órgãos competentes.”

 

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