Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Guilherme Samora, o 'fantasma' da biografia de Rita Lee, falou sobre a trajetória da grande roqueira
Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, morreu na segunda, 8, aos 75 anos. Relembramos entrevista com Guilherme Samora, que editou o livro Rita Lee — Uma Autobiografia, publicada originalmente em novembro de 2022.
Em novembro de 2016, o livro “Rita Lee — Uma Autobiografia” foi finalmente lançado pela Editora Globo, após tempos de desenvolvimento. Escrita pela própria Rita Lee, a obra conta com as edições de Guilherme Samora, provavelmente o maior estudioso do legado cultural da cantora no Brasil, que conversou com a Rolling Stone Brasil sobre a carreira da roqueira.
Ouvido durante o Especial Rita Lee, na mesma época em que a cantora tornou-se capa da Rolling Stone, Guilherme Samora falou não apenas sobre a trajetória de uma das maiores vozes do rock nacional, como também lembrou de sua própria relação com a cantora, de quem tornou-se amigo.
Não lembro muito da vida sem a Rita. Sou uma pessoa muito musical, acredito que muito graças a ela e também aos meus pais. Uma das primeiras palavras que eu falei na minha vida foi maria-mole, por cantar a letra da música dela. Cada vez que saía um disco, eu ia para a frente da loja para comprar.”
Segundo o autor, que também foi o diretor artístico de uma exposição sobre Rita Lee que esgotou ingressos em São Paulo e no Rio de Janeiro, a relação entre fã e ídolo logo tornou-se uma amizade. “Passei a ir em shows, em tudo. E ela via, porque era um fedelho ali”, contou Guilherme.
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“E aí eu passei a entrar muito em camarim, teve uma época que a gente passou a se ligar, logo depois veio a coisa do email, a gente sempre combinava de ir em show. E a gente foi ficando cada vez mais próximo. É uma relação desde muito tempo, desde sempre Rita está na minha vida”, narrou ele.
Responsável pela mugshot de Rita Lee utilizada na capa da biografia, Guilherme participou do lançamento como Phantom, um "fantasma" que dialoga e, por vezes, corrige as memórias da própria autora. “Ela nunca fez planos. E eu lembro que os livros também foram meio sem planos”, contou ele.
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Além de narrar mais detalhes sobre os bastidores da obra, durante a entrevista com a Rolling Stone Brasil, Guilherme também comentou a relação de Rita Lee com seu público e falou sobre o período em que a cantora foi censurada. Isso porque, em suas pesquisas para a mostra sobre a roqueira, Samora descobriu que Rita foi a artista mais censurada do Brasil durante a Ditadura Militar.
Entre um monte de homens que também tinham composições que questionavam, foi justamente uma mulher [a mais censurada]. Não é por acaso”, lembrou o autor. “É muito louco ver onde a Rita chegou, o que é a Rita hoje. Rita é a maior artista deste universo. [...] Grande parte do público dela é adolescente e, para eles, Rita significa uma coisa muito livre.”
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Pontuando que o “Rita Lee — Uma Autobiografia” é um livro “sensacional, uma coisa de memória”, Guilherme finaliza afirmando que sua “missão tem muito a ver com manter a memória da Rita, porque é muita coisa que ela fez”. Confira, abaixo, a entrevista de Guilherme Samora à Rolling Stone Brasil: