Instituição ainda não considerou bandas como Iron Maiden e Soundgarden, mas já introduziu Madonna, Eminem e Abba, entre outros
Publicado em 02/02/2023, às 20h00
Sempre que anuncia os nomes que podem concorrer às suas homenagens, o Rock and Roll Hall of Fame, museu dedicado ao rock em Cleveland, nos Estados Unidos, gera controvérsia. Isso porque há anos a instituição dá atenção a artistas e bandas de vários outros gêneros além do rock, como pop, country e hip hop.
Só para se ter ideia, nos últimos anos, foram incluídos nomes como Eminem, Dolly Parton, Jay-Z, Whitney Houston, Janet Jackson, Tupac Shakur e Donna Summer. Em cerimônias mais distantes, artistas como Madonna, Miles Davis, Michael Jackson e Abba tiveram homenagens. Todos são excelentes músicos, mas nenhum deles é propriamente do rock.
Enquanto isso, artistas e bandas como Iron Maiden, Ozzy Osbourne (enquanto artista solo, já que foi homenageado com o Black Sabbath), Soundgarden, Rage Against the Machine, Pixies, The Cure, Motörhead e King Crimson, só para listar alguns, nunca receberam o reconhecimento da instituição.
Chegou ao ponto de Dolly Parton ter recusado inicialmente a sua indução. Em comunicado, a cantora country disse que preferia deixar sua vaga para alguém que realmente fosse do rock. Diante disso, a instituição emitiu nota para convencê-la a aceitar e disse que não iria retirar sua homenagem, dizendo:
“Desde o início, o rock and roll tem raízes profundas no rhythm & blues e na música country. Não é definido por nenhum gênero, mas sim por um som que move a cultura jovem. A música de Dolly Parton impactou uma geração de jovens fãs e influenciou inúmeros artistas. Sua indicação para ser considerada para a indução ao Rock and Roll Hall of Fame seguiu o mesmo processo de todos os outros artistas que foram considerados.”
Diante disso e de outras controvérsias relacionadas, a organização do Rock and Roll Hall of Fame divulgou, em coletiva de imprensa realizada no início da semana, qual seria o seu conceito de rock and roll. O comunicado também serve para explicar por que há artistas de outros estilos além do rock na instituição.
O conteúdo, divulgado pelo site Loudwire, é bastante similar ao da nota enviada para Dolly Parton no ano passado. “Nascido da colisão de ritmo e blues, country e gospel, o rock ‘n’ roll é um espírito inclusivo e em constante mudança", afirmou a nota. "Celebra o som da cultura jovem e homenageia os artistas cuja música nos conecta a todos.”
A autoria é atribuída ao CEO do Rock and Roll Hall of Fame, Greg Harris. Dessa forma, levou muita gente a pensar que a organização ampliará ainda mais o leque de homenageados no futuro.
+++LEIA MAIS: Por que o rock moderno não é autêntico, segundo Keith Richards
Nesta quarta-feira (1º), o Rock and Roll Hall of Fame anunciou os indicados à classe de 2023. Iron Maiden, Rage Against the Machine, Soundgarden, Kate Bush, Sheryl Crow, Missy Elliott, Joy Division/New Order, Cyndi Lauper, Willie Nelson, The Spinners, A Tribe Called Quest, The White Stripes e Warren Zevon concorrem a um número não revelado de vagas, mas que tem variado entre 6 e 7 nos últimos anos.
A votação será encerrada em maio e envolverá um time com mais de mil especialistas, entre músicos e profissionais da área. Também foi aberta uma enquete popular — cujo resultado contará como apenas um voto no fim das contas. A cerimônia de homenagens acontece no segundo semestre, em data e local ainda a serem revelados.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.