Cantora questionou line-up que homenageia música nacional sem representantes amazônicos e disse que reação do Rock in Rio foi "grosseira"
Depois de questionar a ausência de artistas da região Norte no Rock in Rio, a cantora Fafá de Belém voltou a criticar o festival que começa nesta sexta-feira (13).
Fafá chamou a resposta da organização de "grosseira" e disse que não ficou satisfeita (via Splash).
Não fizeram um 'mea culpa', pelo contrário. Fizeram um manifesto sugerindo que eu queria estar lá. Achei muito grosseiro, muito grosseiro. [...] Mas, tudo bem. Minha couraça segura a onda”, disse.
A cantora também explicou as críticas e disse que não tem medo de reações negativas ou dos comentários de que ela estaria tentando cavar uma participação no festival:
"Com 50 anos de carreira e 68 de idade, eu nunca tive travas, mas fui muito cancelada. Muitas vezes fui cancelada, porque eu não me adequava aqui, eu não puxava o saco daqueles [ali]. Hoje, cada vez menos, tenho medo do cancelamento. E, naquele momento, era preciso falar", reforçou.
Sem citar nomes, Fafá de Belém afirmou que seus comentarios foram ignorados por colegas da região. Por outro lado, a postagem foi apoiada por artistas como Joelma, Manu Bahtidão e Dira Paes.
Por fim, a cantora enfatizou a produção cultural e artística do Norte:
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Nós temos pensadores, temos fotógrafos, temos dançarinos, temos pintores, temos cantores, temos autores. E é sobre isso que é esse meu fórum, de sair da alegoria para começar a discutir o pensamento, o ser amazônico, e que temos muito a acrescentar, principalmente para quem quer saber de Amazônia. Ninguém sabe mais da Amazônia do que nós."
No final de abril, Fafá de Belém fez uma publicação no Instagram reclamando da falta de artistas da região Norte do Brasil no line-up do festival.
A Amazônia não faz parte do Brasil? A cultura amazônica, nortista, não é parte deste país?", escreveu na ocasião.
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Entre os nomes que poderiam participar do evento, Fafá de Belém citou Dona Onete, Gaby Amarantos, Joelma e Aíla, além dela mesma.
A artista lamentou que o festival tenha um dia dedicado à música brasileira sem a região norte representada.
Mais uma vez, nos provam que o Norte continua sendo um artigo folclórico usado como e quando querem, para uma imagem 'cool'. Pertencimento é muito diferente do uso por conveniência. Nós aprendemos isso a duras penas, e exigimos respeito", disse.
Na resposta, o Rock in Rio afirmou que a programação ainda estava sendo construída.
O formato único dos shows deste dia, que envolve diversas colaborações inéditas entre os artistas, traz com ele desafios artísticos e logísticos significativos. [...] O Rock in Rio olha para a diversidade como um todo [...] e um exemplo disso foi o Show Pará Pop, no Palco Sunset, capitaneado por Fafá de Belém com grandes nomes do Pará, e que se tornou um dos shows mais emblemáticos da história deste palco", respondeu o festival, se referindo à apresentação da artista em 2019.
O Rock in Rio anunciou, após as críticas, Victor Xamã, Gang do Eletro e Suraras do Tapajós – todos da região norte – como atrações. "Que bom que deu tempo de, antes de fechar, chamar artistas amazônicos", disse Fafá.
O penúltimo dia do Rock in Rio será dedicado à música brasileira. Representantes de diversos gêneros e estilos foram confirmados como atrações do chamado Dia Brasil.
É o caso, por exemplo, de Zeca Pagodinho, Luan Santana, Ana Castela, Alcione, Simone Mendes e Chitãozinho e Xororó.
Esta será a primira vez que artistas sertanejos se apresentam no festival.