Rod Stewart 80 anos: o grande vocalista que o rock perdeu com o tempo
Antes de mergulhar na música pop, cantor britânico fez parte dos relevantes Jeff Beck Group e Faces, bem como desenvolveu bons álbuns solo
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 10/01/2025, às 12h18Rod Stewart lembra Roberto Carlos em certos aspectos. Ambos tiveram proximidade com o rock no início de suas carreiras, mas abandonaram o gênero em busca de uma pegada mais popular — e, claro, mais rentável.
O inglês, nascido em 10 de janeiro de 1945, construiu uma carreira fascinante até metade da década de 1970. A partir de então, sua trajetória ficou marcada por uma série de trabalhos questionáveis — e alguns momentos ligeiramente bregas que curiosamente apresentam alguma qualidade.
Início com o Jeff Beck Group
Ainda na década de 1960, Stewart surgiu no Jeff Beck Group, com o talentoso e já falecido guitarrista que dá nome ao projeto. Os álbuns Truth (1968) e Beck-Ola (1969) fazem um elo bastante concreto entre o blues rock e o psicodélico. É menos lisérgico que Jimi Hendrix Experience e menos bluesy que o Cream.
Gene Simmons, verborrágico vocalista e baixista do Kiss, chega a dizer que o Jeff Beck Group era superior ao contemporâneo Led Zeppelin quando ambos surgiram. À Guitar World, afirmou:
“Ronnie Wood é bem pouco apreciado. Ele é melhor no baixo do que na guitarra [instrumento que assumiria no Faces e Rolling Stones]. Para quem quer melhorar (no baixo), recomendo ouvir os primeiros álbuns do Jeff Beck Group – Truth e Beck-Ola. Na minha opinião, eles matam qualquer coisa que o Led Zeppelin e outras bandas tenham lançado no mesmo período.”
Faces e carreira solo
Ambos os trabalhos do Jeff Beck Group fizeram mais sucesso nos Estados Unidos do que no Reino Unido, terra de origem dos músicos envolvidos. A boa imagem fora da Europa serviu de modo satisfatório para a criação do Faces, projeto formado após o fim do Small Faces e com Rod Stewart nos vocais, além de Ronnie Wood agora nas guitarras.
Mais orientado ao blues, o Faces existiu por apenas seis anos, mas foi o suficiente para a produção de quatro bons álbuns de estúdio. O destaque é A Nod Is As Good As a Wink... to a Blind Horse (1971).
Paralelamente, Stewart trabalhava desde 1969 em uma trajetória solo. Fez proveito de forma ainda mais inteligente da boa reputação que conquistou nos Estados Unidos para se lançar por lá.
O som de sua carreira solo continha os elementos das bandas que integrou. Porém, agregava uma pitada americana calcada tanto no folk quanto no country, em acréscimo ao hard/blues rock que praticava convencionalmente.
O resultado não poderia ser diferente: a partir do excelente disco Every Picture Tells a Story (1971), Stewart conquistou sucesso de vez na América e, consequentemente, no mundo. E conseguiu isso sem abdicar da qualidade, pois há muitas excelentes músicas nesses registros iniciais.
Todos os discos que envolvem o inglês até A Night on the Town (1976) são dignos de nota. Até seus mergulhos ocasionais no pop nesse período apresentaram resultados de audição agradável.
A partir da segunda metade dos anos 1970, Rod foi seduzido pela música disco e, em longo prazo, pelo pop. Com o tempo, moldou sua imagem para tornar-se, enfim, um crooner — não exatamente de jazz, mas de canções populares. Manteve-se na ativa nos últimos tempos mais com releituras do que canções autorais, mesmo as assinadas por outros colaboradores.
Os méritos de Rod Stewart
Vale enfatizar que Rod Stewart nunca foi do tipo compositor — tanto que a maior parte de seus trabalhos solo, especialmente nos primeiros anos, reúne covers e colaborações externas. Mas tinha (e segue tendo) uma capacidade de interpretação acima da média, além de ser um bom produtor e saber como adaptar canções já existentes em versões próprias.
Ele não é só o cantor que o rock perdeu, como também o crooner que Elvis Presley se tornaria caso não morresse em 1977. Porém, não dá para criticar sua transição para sons mais populares e não tão memoráveis: a conta bancária agradeceu, visto que tornou-se um dos artistas mais vendidos na história da música, com 100 milhões de cópias comercializados.
Mesmo no pop, Stewart provou-se diferenciado. Ainda assim, bate a curiosidade: e se ele tivesse continuado na mesma pegada do que apresentou entre 1968 e 1976?
Álbuns recomendados:
- Jeff Beck Group: Truth (1968) e Beck-Ola (1969)
- Faces: A Nod Is as Good as a Wink... to a Blind Horse (1971) e Ooh La La (1973)
- Carreira solo: Gasoline Alley (1970), Every Picture Tells a Story (1971), Never a Dull Moment (1972) e Atlantic Crossing (1975)
+++ LEIA MAIS: Rod Stewart está se aposentando? Cantor se explica após burburinho com nome de turnê
+++ LEIA MAIS: A banda dos anos 1960 que supera Led Zeppelin, na opinião de Gene Simmons
+++ Clique aqui para seguir a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Clique aqui para seguir o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram