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Rosalía: "Em Motomami, fiz e disse exatamente o que queria"

Vencedora na categoria Álbum do Ano no Grammy Latino 2022, Rosalía falou sobre sua carreira na capa de dezembro da Rolling Stone EUA; confira

Redação Publicado em 13/12/2022, às 19h00

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Rosalía no Grammy Latino 2022 (Foto: Getty Images)
Rosalía no Grammy Latino 2022 (Foto: Getty Images)

O primeiro contato que ela teve com a música foi na igreja. Bem pequena e influenciada pelo melódico coro, convenceu seus pais a colocarem-na em aulas de música. Mas foi só com 13 anos que Rosalía começou a treinar flamenco, época em que chegou a estudar com o renomado José Miguel Vizcaya.

Anos mais tarde, a jovem graduada na Catalunha College of Music de Barcelona tornou-se uma artista internacional, reverenciada em todo o mundo. Hoje aos 30 anos, Rosalía não apenas conquistou uma legião de fãs, como ainda “transformou-se em uma vanguardista que pulveriza fronteiras, conhecida por sua gama enciclopédica de referências culturais”, segundo narrado pela jornalista Josefina Bietti.

Acontece que, recém-premiada no Grammy Latino, Rosalía é a capa de dezembro da Rolling Stone Estados Unidos. E, em entrevista à Josefina Bietti, a cantora espanhola falou não apenas sobre os últimos momentos de sua carreira, como também sobre os bastidores do grande disco Motomami.

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Uma evolução

Antes do sucesso que inspirou a turnê Motomami World Tour, Rosalía lançou dois discos de estúdio, que definiram um certo tom em sua carreira: Los Ángeles, em 2017, e El mal querer, em 2018. Contrariando quem esperava que ela mantivesse o mesmo clima em seu próximo disco, entretanto, Rosalía desviou do flamenco barroco e entrou para o universo do reggaeton e do hip-hop.

Entre colaborações com J Balvin, Travis Scott e Ozuna, a artista teve de aprender a criar com um enorme desafio: a pandemia de Covid-19. A um oceano de distância de sua família, Rosalía gravava novos projetos e lidava com uma fama diferente da que conhecia como artista independente.

Eu não cresci assim. É algo novo para mim na minha vida e acho que, como não estou acostumada com isso, fiquei tipo, 'Como me sinto sobre isso?’,” lembrou Rosalía. “[A pandemia] foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Eu queria muito voltar para casa, mas sabia que, se voltasse, estaria colocando o projeto em risco. Havia uma grande probabilidade de eu não terminar.”

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Por sorte, segundo narrado pela capa da Rolling Stone EUA, Rosalía terminou seu projeto e lançou Motomami em março de 2022. E, segundo a artista, o disco foi a forma que ela encontrou de fugir do constante julgamento sofrido pelas artistas femininas. “Ao meu redor, estou constantemente vendo esse fenômeno que sempre me surpreende, de mulheres e seus talentos [sendo colocados] nessas categorias predeterminadas: a sexy, a louca, a mandona, a diva”, explicou a cantora.

Mas essas categorias não levam a lugar nenhum, são apenas limitantes. Quero fugir dessa categorização porque não ajuda em nada. Isso não ajuda a sua criatividade. É apenas algo que te restringe, então não me interessa.”

Muito dessa vontade de extrapolar os limites e escapar das caixas, inclusive, vêm das próprias inspirações de Rosalía, que fluem desde o cantor de flamenco Manolo Caracol, até Camarón de la Isla e Willie Colón. “Espero que, com a minha música, outras pessoas possam encontrar artistas incríveis que me entusiasmam muito. Eu encontro inspiração em tantos lugares e estilos diferentes. É lindo, porque me sinto feliz em poder nomear de onde vêm minhas referências”, afirmou ela.

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Cultura motorizada

Segundo Rosalía explicou na entrevista, enquanto alternava entre o inglês e o espanhol, por vezes recorrendo ao catalão, Motomami “é um álbum caótico”. Mas não pense que o disco é sinônimo de bagunça — até porque o lançamento não apenas foi indicado a duas categorias do Grammy, como ainda ganhou o prêmio de Álbum do Ano no Grammy Latino em novembro.

“Eu queria que o álbum parecesse uma montanha-russa emocional, que era o que eu estava sentindo naquele momento da minha vida. Eu queria aquela dinâmica, aquela sensação constante de toma y daca, de dar e receber”, explicou Rosalía. “Eu sinto que, em Motomami, eu fiz e disse exatamente o que queria dizer e fazer, em meus próprios termos. Depois disso, não há como voltar atrás.”

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Ainda durante a entrevista, entre referências à tendências do TikTok e reflexões de poetas ou filósofos do século 17, Rosalía lembrou que o título do disco Motomami surgiu da cultura do motociclismo, com a qual cresceu na cidade de Sant Esteve Sesrovires. A inspiração, contudo, também veio da mãe, que andava de motocicleta e transmitia muita força, assim como outras mulheres da família de Rosalía.

Buscando uma “liberdade absoluta”, então, Rosalía lançou um dos maiores sucessos de 2022 e, ao ouvir seu nome na cerimônia do Grammy Latino, não conseguiu esconder a emoção, correndo para os braços do namorado, Rauw Alejandro, e da irmã mais velha, Pili. “Abracei as duas pessoas que mais amo nessa vida, porque elas também sabem o quanto lutei para terminar esse álbum”, afirmou.

“Começar um álbum não é um grande desafio se você sonha com isso, mas terminá-lo… isso é outra coisa. Não faço música pensando em dinheiro, não faço música pensando em prêmios, embora agradeça se conseguir alguma dessas coisas. [Faço isso] porque sei que é por isso que estou aqui.” 

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