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Música / REVIEW

Sam Smith se reapresenta ao Brasil em show surpreendente no Lollapalooza

Em sua segunda passagem pelo festival, artista mostrou como revolução pessoal se transportou para a sua arte em apresentação de tirar o fôlego

Henrique Nascimento
por Henrique Nascimento
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Publicado em 25/03/2024, às 01h45

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Sam Smith se reapresenta ao Brasil em show surpreendente no Lollapalooza 2024 (Foto: Reprodução/Multishow)
Sam Smith se reapresenta ao Brasil em show surpreendente no Lollapalooza 2024 (Foto: Reprodução/Multishow)

Em 2019, quando Sam Smith pisou pela primeira vez no Lollapalooza Brasil, tudo era muito diferente. Responsável por hits como "Stay With Me", "I'm Not the Only One" e "Leave Your Lover", Sam já ensaiava uma saída da caixa melancólica em que havia sido colocado como artista e começava a usar a sua voz para falar diretamente com seus iguais.

Em setembro do mesmo ano, assumiu-se como uma pessoa não-binária e promoveu uma revolução pessoal - alvo de críticas infundadas -, mas que não fizeram com que Sam abaixasse a cabeça. Agora, cinco anos depois, retorna para se reapresentar ao Brasil em um show que, nem de longe, lembra as passagens anteriores de Sam pelo país. 

Os sinalizadores usados para iniciar a sua apresentação, no mesmíssimo palco de anos antes, são o primeiro lembrete de que a revolução segue firme e forte. Em meio à fumaça, Sam sobe ao palco, vestido em um look de Vivienne Westwood, que lembra as obras homoeróticas do artista finlandês Tom of Finland, e dá início a "Stay With Me", seu primeiro grande sucesso e uma lembrança de um passado que já não existe mais.

"I'm Not The Only One" e "Like I Can", também presentes no primeiro álbum de Sam, "In The Lonely Hour" (2014), completam a viagem ao passado. Na sequência, elu abandona o paletó e o quepe, e está pronto para se divertir. Sam convida o público a se juntar a elu, mas com uma exigência: que sejam livres, que sejam quem realmente são, sem medo.

Então, aquece com a chorosa "Too Good At Goodbyes", de seu segundo álbum, "The Thrill of It All" (2017), mas logo transforma o lamaçal no Autódromo de Interlagos - resultado das fortes chuvas dos últimos dias - em uma pista de dança, ao emendar "Diamonds", "How Do You Sleep?" e "Dancing With a Stranger".

Cada troca de figurino é motivo de gritos da plateia. À vontade, Sam sobe ao palco em um longo vestido pretoe é ovacionado. Antes de cantar "Good Thing", conversa com o público sobre o aniversário de dez anos de "In the Lonely Hour" e confessa que não esperava comemorar uma década de carreira, mas graças ao apoio dos fãs, a quem dedica a canção, alcançou a marca.

Na sequência, Sam ainda homenageia a backing vocalLaDonna, com quem divide os vocais nos shows desde o início da carreira, com uma versão emocionante de "Lay Me Down", antes de dar uma nova guinada na apresentação, retomando a festa em um ritmo ainda mais intenso.

De surpresa, a canadense Jessie Reyez surge no palco para acompanhá-lo em "Gimme", levando o público à loucura. "Lose You", "Promises" e "I'm Not Here to Make Friends" vêm na sequência e a sensualidade domina o palco, animando ainda mais a plateia do Lollapalooza.

Quando Sam aparece vestindo uma camiseta do Brasil em meio a "Desire", o êxtase é coletivo. Para coroar o segmento, elu arranca a camisa, ao fim de "Latch", antes de deixar o palco, em meio a gritos, para se preparar para o grande encerramento da apresentação.

Se "Stay With Me" seria o motivo de ansiedade do público em 2019, agora a faixa do momento é "Unholy", colaboração com a alemã Kim Petras. Quando Sam ressurge no palco, envolto em um véu e ao som de "Gloria", a plateia já sabe o que está por vir e ergue os seus celulares, pronta para registrar para sempre o grande momento.

Quando a canção acaba, os bailarinos ajudam a despir Sam, que fica de lingerie em meio ao palco. Novas peças são adicionadas ao figurino e, em segundos, as primeiras notas da tão aguardada "Unholy" e uma performance de arrancar o fôlego se desenrola consagrando o renascimento de um artista - que saiu de sua caixa e se recusa a ser colocade em qualquer outra - em total controle de sua arte e, principalmente, de si mesmo.