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Música / ENTREVISTA

Sensação do pop psicodélico, Crumb faz shows no Brasil com álbum de 'energias conflitantes'

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Lila Ramani, guitarrista e vocalista da banda Crumb, falou sobre turnê no Brasil e lançamentos recentes

Crumb é formada por Lila Ramani, Bri Aronow, Jesse Brotter e Jonathan Gilad (Foto: Adam Intrator)
Crumb é formada por Lila Ramani, Bri Aronow, Jesse Brotter e Jonathan Gilad (Foto: Adam Intrator)

Apesar de lançar músicas de um gênero nichado, Crumb tem ganhado cada vez mais notoriedade na cena indie e do pop psicodélico. Após dois anos da primeira e última vinda ao Brasil, o grupo, formado por Lila Ramani (guitarra e vocal), Bri Aronow (sintetizadores, teclados e saxofone), Jesse Brotter (baixo) e Jonathan Gilad (bateria), retorna ao país para três shows solo.

Introspectiva, um tanto quanto tímida e reservada, Ramani conversou com a Rolling Stone Brasil para falar sobre as três apresentações por aqui, que acontecem nesta sexta, 22, no Agyto (Rio de Janeiro); 23 de novembro no Cine Joia (São Paulo); e 24 de novembro no Opinião (Porto Alegre). Os ingressos estão disponíveis neste link.

"Estivemos em turnê com nosso novo álbum pelos Estados Unidos nos últimos meses e tem sido incrível. Vamos trazer um pouco disso, tocar músicas do novo disco, músicas dos nossos trabalhos antigos... todas músicas diferentes de todas as épocas," afirmou. "Sim, vai ser, vai ser divertido. Mesmo da última vez que tocamos em festivais, os fãs foram incríveis. Então só posso esperar que haja um nível de energia ainda mais louco por parte da multidão."

Esta será a primeira vez de Crumb no Brasil em turnê solo (a estreia deles por aqui aconteceu em 2022, na edição de 10 anos do Balaclava Fest). Inclusive, segundo a cantora, os integrantes da banda são fãs da música brasileira, especialmente daquelas lançadas nos anos 1970 e voltadas à sonoridade psicodélica: "Coisas assim [são] realmente inspiradoras para nossa música."

Além disso, Lila Ramani explicou como chegou a conhecer pessoalmente alguns artistas brasileiros, como a galera do Boogarins, durante uma das edições do South by Southwest no Texas, Estados Unidos. Ela ainda destacou Sessa, "de quem sou fã e vi ao vivo alguns anos atrás. Foi incrível."

Crumb cresceu

Ramani vê com bons olhos a evolução do grupo nos últimos anos, especialmente pelas participações em grandes festivais, como Wide Awake e Primavera Sound Barcelona. "Fico impressionada quando realmente penso sobre isso, mas isso se tornou muito normalizado. Mas sim, quando você senta e gosta realmente de fazer show para uma multidão de milhares de pessoas em um país diferente, é um grande privilégio e uma bênção, e espero continuar fazendo isso," celebrou.

Questionada sobre o crescimento da música indie nos últimos anos, especialmente com a popularização das redes sociais, a artista se esquivou: "Não sei. É difícil para mim identificar o que é música indie. Não sei se isso realmente descreve o que fazemos, exceto pelo fato de que não estávamos em uma gravadora, o que é algo bonito e único sobre nós."

De Ice Melt a AMAMA

Ice Melt (2021) foi produzido e lançado no período de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19. Porém, quando Crumb voltou à estrada, houve um crescimento notável na venda de ingressos da banda - assim como aconteceu com diversos outros artistas e festivais.

Você poderia ver que as pessoas estavam famintas por música e contato humano. E agora parece que todo mundo está fazendo isso de novo. Há tanta música saindo, tanta coisa acontecendo, que pode ser um pouco cansativo. Mas, felizmente, nossos fãs ainda vêm aos shows, e os shows dessa turnê foram melhores do que nunca. A turnê mais incrível que tivemos até agora. Então é bom ver que não diminuiu a velocidade.

Ambos discos de estúdio possuem grande experimentação de estilos musicais, que passeiam do indie rock e pop psicodélico ao jazz. Este é um grande desafio para o quarteto dentro dos estúdios, que precisa lidar com diversas ideias diferentes e semelhantes ao mesmo tempo.

"É um desafio tentar incorporar cada uma de nossas vozes na música, porque todos nós temos vozes diferentes por meio de nossos instrumentos. O que você ouve em nossa música é um monte de energias conflitantes - não de um jeito ruim -, apenas tudo embrulhado em um," explicou Lila Ramani.

"E acho que às vezes é melhor ter limites para o que você pode fazer e, de certa forma, torna tudo mais difícil. Mas estamos sempre tentando servir a música em si, e não pensar em nossos próprios egos e em nos expressar. Se isso faz sentido," continuou.

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