Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Shygirl falou sobre carreira e expectativas para o show que fará no Brasil em novembro
No que você pensa quando escuta que uma garota é considerada tímida? Com certeza surgem características bastante claras em sua mente, concepções que Blane Muise quer ressignificar com sua música. Conhecida mundialmente como Shygirl, a britânica de 29 anos virá ao Brasil para o Primavera Sound e conversou com a Rolling Stone sobre carreira e novos projetos.
Dona de um sotaque típico do sul de Londres, Shygirl lançou três singles inéditos nos últimos meses, todos pertencentes ao seu álbum de estreia, Nymph. Mas não se engane com o teor inédito do disco. Blane trabalha com música desde 2016 e já lançou outros dois EPs. Foi através das novas faixas, como ‘Coochie’ e ‘Firefly’, no entanto, que ela conseguiu criar mensagens que falam muito mais sobre quem ela é — como artista e também como Blane.
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As faixas vêm de um espaço mais divertido do meu coração. Existia esse desejo de criar algo mais leve, porque eu acho que muitas pessoas associam dureza à minha música. E acho que deve existir um equilíbrio entre as duas coisas. Para mim, sensualidade pode ser linda e obscura, mas também pode ser leve e divertida.”
Para a artista, que deve lançar Nymph em 30 de setembro, as novas faixas carregam uma grande importância, já que ajudam a ressignificar conceitos ensinados para as mulheres desde o princípio dos tempos. O conceito de ser mulher e a sua sexualidade, então, são temas bastante presentes nas criações da inglesa.
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Eu queria criar algo que falasse sobre meus desejos em relação à feminilidade e minha relação com o fato de me sentir atraída por mulheres. Queria que isso fosse transmitido pela música. É sobre ressignificar a nossa feminilidade e nossa sexualidade. Nós escutamos tanto falar sobre esses temas, mas sob a perspectiva masculina. E, às vezes, as nossas imagens se alinham: nós gostamos de ser sensualizadas de vez em quando e está tudo bem.”
Muito dessa vontade de falar sobre temas considerados tabus, inclusive, reside no fato de que, por anos, a própria Blane acreditou estar sozinha no mundo. “Houveram momentos em que eu senti que era a única pessoa que sentia alguma coisa e isso simplesmente não é verdade. Então ser a ponte para essas emoções é muito importante pra mim”, comentou.
Acontece que, para Shygirl, a conexão entre as pessoas e a possibilidade de se comunicar com seus fãs é o maior objetivo de sua carreira. No final, a britânica não se interessa tanto com os números. “É tudo sobre a humanidade”, afirmou, categórica.
"É incrível que você possa se conectar com os outros sem limites. Não importa onde estamos, todos estamos sentindo as mesmas coisas”, explicou, pontuando que a música é a única linguagem verdadeiramente universal. “A forma como as pessoas se conectam com a minha música tem sido tão orgânica. Elas têm suas próprias experiências e é lindo ver o quão profundas minhas composições são para cada um.”
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Quando questionada sobre a escolha de um pseudônimo, inclusive, a cantora deixou claro que a ideia nunca foi criar uma persona. Para Blane, o nome artístio 'Shygirl' veio de forma bastante natural, para que ela pudesse canalizar toda sua energia na música.
Não sou uma personagem, eu sinto, eu penso e respondo a tudo que meu público faz. É muito importante perceber, como sociedade, que todos afetamos uns aos outros. Mas Blane é quem tem experiências e Shygirl é quem contextualiza e amplia tudo, torna tudo mais compreensível. Dessa forma é mais autêntico.”
Com shows marcados no Brasil (em 5 de novembro), no Chile e na Argentina para o Primavera Sound, Shygirl diz ter grandes expectativas para suas apresentações, já que mal pode esperar para ver como sua admiração pela música latina “vai se mesclar [com suas próprias criações] quando estiver imersa na cultura” dos três países.
Tenho grandes expectativas com a energia que vou receber por aí, mal posso esperar para ser livre e ver a música tomar vida neste sentido”, comentou ela. “Acho que a música que eu faço combina perfeitamente com a liberdade e a estética brasileira. E tem algo sobre a sensualidade da música latina que realmente fala comigo.”
Por fim, com o lançamento de Nymphcada vez mais próximo, Shygirl disse estar ansiosa para apresentar aos fãs o universo criado no álbum. “Hoje em dia, nós consumimos a música através do streaming e torna-se muito fácil ficar preso nos singles. Mas ser capaz de se perder no mundo de um álbum é tão lindo e tão precioso”, comentou a artista.
Quero que as pessoas possam dançar, mas que também possam se encontrar nas pistas de dança e amar quem são. Quero que todos sintam-se orgulhosos de quem estão se tornando e de quem já foram. Não há arrependimentos. Isso é muito do que eu faço da minha música: reconhecer de onde eu venho e as relações que eu tive para encontrar o meu lugar.”
Ouça 'Coochie (a bedtime story)', o mais recente single lançado por Shygirl: