Slash explica a diferença entre compor música para bandas e para filmes
Guitarrista tem uma produtora de longas de terror e ocasionalmente participa das trilhas sonoras
Igor Miranda
Publicado em 29/09/2023, às 09h00Slash parece ter três grandes paixões em sua vida: rock and roll, publicações bizarras no Instagram e filmes de terror. Com relação ao último “departamento”, o guitarrista do Guns N’ Roses tem se envolvido de modo que transcende o apreço de fã: ele tem uma produtora de longas com foco no horror — BerserkerGang, além de já ter comandado a Slasher Films — e já produziu trilhas sonoras para essas obras.
Um de seus trabalhos mais recentes é The Breach, filme de ficção científica que está saindo pela BerserkerGang. Em entrevista a Brooke Marsden (via Ultimate Guitar), o dono da cartola mais famosa do hard rock apontou como é gravar material nesse segmento e quais as diferenças com suas bandas “regulares”.
Inicialmente, ele observou que compor música “no contexto de uma banda” requer um tipo de concentração diferente. Riffs e ritmos são a prioridade, enquanto que em filmes, o clima geral é a demanda número um.
“Quando estou compondo no contexto de uma banda, estou apenas montando um ritmo e riffs legais. Começo a pensar em uma estrutura musical. Quando você está compondo uma trilha sonora para um filme ou programa de TV, você está criando um clima para um conceito ou enredo... É usar um lado totalmente diferente do cérebro. [Risos]”
Outro ponto é que Slash realmente gosta de estar envolvido com o trabalho das trilhas sonoras. Ele não apenas compõe as peças, como também faz questão de executá-las. Isso não quer dizer, porém, que ele se encarregue das trilhas inteiras de um filme — até porque não haveria tempo o suficiente para isso.
“Uma das coisas que adoro nesta produtora é que estou envolvido com a música de alguma forma. E não quero ser um compositor de trilhas sonoras completas, assistir ao filme de uma ponta a outra para só daí compor. O que eu faço é criar pedaços, um tema, e depois trabalhar com um compositor para incorporar isso no filme.”
Guitarra nas trilhas sonoras
Também chama atenção o fato de Slash ser, primariamente, um guitarrista. Não é comum ouvir o clássico instrumento de seis cordas em trilhas sonoras de filmes de terror. Por isso, ele também observou durante a entrevista que seu trabalho nesse campo acaba envolvendo outras pessoas.
“Obviamente, eu componho na guitarra, mas usar a guitarra para uma trilha sonora real não é algo que você faz o tempo todo. Então, temos que criar a instrumentação por completo.”
Em outra entrevista, ao NME(via site Igor Miranda), o músico ofereceu mais alguns detalhes sobre o processo. A trilha sonora de The Breach foi criada durante a pandemia, à distância, mas sempre com o envolvimento de mais profissionais.
“Compusemos a trilha sonora durante a pandemia, então fizemos várias coisas à distância. E eu não sou especializado nesse tipo de gravação, então eu apenas compus minhas partes e as enviei. Depois, o departamento de som as colocou nos instrumentos que usamos durante a maior parte do filme. Gravei algumas partes individuais de guitarra e violão que colocamos lá também.”
O filme que assustou Slash
Fã inveterado de filmes de terror desde a infância, Slash é do tipo que cultua produções clássicas do gênero. Ainda ao NME, ele comentou:
“Eu sempre fui um grande fã de terror, especialmente na época em que os filmes de terror realmente assustavam você.”
Na ocasião, também foi convidado a revelar qual longa desse segmento o deixou realmente assustado. A resposta foi:
“Não me assusto muito facilmente. Dito isso, o primeiro A Noite dos Mortos-Vivos (1968) me assustou. Era tão visceral, cru e sombrio. Achei bastante perturbador.”