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Só moleques espinhentos queriam saber do machista Kiss no início, diz produtor

Bob Ezrin trabalhou com a banda em Destroyer (1976) e a trouxe para outro patamar, especialmente por fazer músicos entenderem mudança necessária

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 24/01/2023, às 17h00

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Gene Simmons do Kiss
Gene Simmons do Kiss

Nenhum fã de Kiss é capaz de duvidar que Bob Ezrin elevou a banda para outro patamar. O produtor já era famoso pelos trabalhos com Alice Cooper e Lou Reed quando se envolveu com a banda mascarada, em 1976, pouco tempo após eles terem estourado com o trabalho ao vivo Alive!.

Naquele ano, Kiss e Ezrin trabalharam juntos em Destroyer, quarto álbum de estúdio do grupo. Com uma sonoridade mais sofisticada, o sucesso foi mantido e até mesmo amplificado, em especial devido à balada “Beth”, cantada pelo baterista Peter Criss.

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Para fazer o quarteto completo por Gene Simmons (voz e baixo), Paul Stanley (voz e guitarra) e Ace Frehley (guitarra) subir seu nível, foi necessário entender como a banda estava naquele momento. Na visão de Bob, conforme relatado em recente entrevista ao podcast Rockounters(via Classic Rock), a situação não era nada boa.

“O propósito de ‘Destroyer’, do meu ponto de vista, era fazer com que eles deixassem de ser uma banda de rock que atraía moleques de 15 anos cheios de espinhas e mais ninguém.”

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Para isso, foi necessário introduzir uma ideia vinda de um clássico do cinema para que os músicos compreendessem o objetivo.

“Quando nos conhecemos, eu falei a eles sobre um famoso filme dos anos 1950 chamado O Selvagem, com Marlon Brando e Lee Marvin. Havia dois motoclubes em guerra. O personagem de Lee Marvin era monocromático, todo vestido de preto, um cara mau e desagradável. Já o de Marlon Brando, havia algo nele que era um pouco vulnerável, humano. A mocinha se apaixona justo pelo personagem de Marlon Brando. Falei a eles que no momento eles eram Lee Marvin e só os garotos de 15 anos que diziam: ‘oh, isso é legal’. Queremos expandir para onde todas as garotas olhem para vocês e digam: ‘eu amo esse cara e vou consertá-lo’. Porque é isso que as garotas fazem.”

Kiss, Bob Ezrin e “Beth”

Dessa forma, a presença de “Beth” em Destroyer foi essencial na visão de Bob Ezrin. Ninguém do Kiss queria uma balada no álbum, mas era essa música que iria romper com os paradigmas e mostrar que eles eram mais do que uma banda machista atraindo moleques de 15 anos.

“No início, ‘Beth’ era uma música meio machista, meio arrogante. A letra era um cara dizendo: ‘dane-se, não vou voltar para casa, a banda é mais importante’. Voltei para o meu apartamento, sentei no piano e não sei de onde veio, mas saiu a melodia. Achei a música triste, pois o personagem poderia não voltar para casa e parecia não saber que estava partindo o coração de sua amada. Virou uma balada sensível e triste. Sabia que seria um hit, mas a banda sentia que ela não representava o Kiss. Realmente não, mas representava o Kiss de Destroyer.”

Além de Destroyer, Bob Ezrin trabalhou com o Kiss no malfadado (Music from) The Elder, de 1981, e no bem-recebido Revenge, em 1992. Outros de seus trabalhos pós-Destroyer incluíram álbuns do Pink Floyd (The Wall, A Momentary Lapse of Reason, The Division Bell), Deep Purple (todos os álbuns a partir de Now What?!), entre outros.

Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.