ENTREVISTA

Tash Sultana fala à RS sobre shows no Brasil, evolução artística e momento pessoal

Artista da Austrália, que ganhou fama através de sua construção de loops ao vivo, se apresenta no Rio de Janeiro (04/11) e São Paulo (05/11) sete anos após sua estreia no Lollapalooza

Pedro Hollanda

Tash Sultana em 2023 (Foto: Frank Hoensch/Redferns)
Tash Sultana em 2023 (Foto: Frank Hoensch/Redferns)

Muito mudou desde a última vez que Tash Sultana tocou no Brasil, durante o Lollapalooza 2018. Na época, seu álbum de estreia, Flow State (2018), ainda estava para sair. O público brasileiro só tinha como referência o EP Notion (2016), início de uma discografia que vai do reggae à soul music, passando ainda por influências de R&B e psicodelia.

Sete anos se passaram desde então — um período considerável na vida de qualquer pessoa, especialmente alguém tão jovem, hoje com 30 anos.

Perto de retornar ao país com a turnê do EP Return to the Roots (2025) – dia 4 de novembro no Rio de Janeiro (Circo Voador) e 5 de novembro em São Paulo (Audio), com realização da 30e via ecossistema Índigo – Tash se abriu à Rolling Stone Brasil sobre as mudanças desde então. A começar pelo show, que reflete sua evolução como artista:

“Sou uma pessoa completamente diferente em comparação à primeira vez que vim ao Brasil, e o show também é todo diferente. A produção é completamente diferente. O cenário é diferente, tenho praticado muito por muito tempo para me tornar melhor musicista do que era em 2018. Toco guitarra melhor, canto melhor, me apresento melhor. Isso é natural.”

Formato de show solitário — mas nem tanto

A apresentação segue centrada em torno da performance criando loops instrumentais. Tash é multi-instrumentista e grava seus materiais de forma solitária, em formato também reproduzido nos shows. Agora há, porém, uma banda à disposição para acompanhar em dados momentos da performance.

A justificativa para isso é bem simples:

“É bem estabelecido que sou artista solo, mas chega um ponto que preciso de mãos extras. Depende da música. Algumas canções requerem mudanças de tom, tempo. Sem falar que não dá para alterar a velocidade de algo depois do loop feito. Eu consigo fazer coisas com loop que ninguém mais no planeta faz. Levei a extremos super técnicos. Mas às vezes você só quer fazer uma jam com outras pessoas.”

A decisão de se cercar com uma banda poderia ser vista por alguns como sinal de queda de confiança. Sultana, porém, garante não ser o caso. É, na realidade, algo que lhe fez aproveitar muito mais a experiência ao vivo:

“Eu gosto muito mais de estar no palco hoje em dia em comparação ao passado. Quando alguém cresce como artista, como instrumentista, isso vem com uma dose maior de confiança.”

Momento pessoal

Essa confiança como artista talvez tenha lhe ajudado recentemente na vida pessoal. Sua esposa, Jaimie, foi diagnosticada com câncer no final de 2024, e Tash também desenvolveu um quadro de síndrome de ativação de mastócitos, uma doença autoimune crônica que causa respostas alérgicas aleatórias. Isso levou a uma reavaliação das prioridades de vida e carreira:

“Os tempos nos quais faço centenas de shows por ano… Isso não vai acontecer no futuro. O que fiz pelos últimos cinco a dez anos foi ótimo, mas quase me matou em certos pontos e não é exatamente o que quero fazer pelos próximos cinco ou dez anos. Quero focar em outras partes da minha vida, porque tocar música é apenas uma parte de um todo.”

Apesar disso, Tash mostrou empolgação de reencontrar o público brasileiro, reforçando o quanto artistas estrangeiros sentem o carinho do público daqui. Especialmente nos pedidos para tocar no Brasil.

Sultana falou:

“Quase todo comentário nas minhas redes sociais é um pedido para vir ao Brasil. Eu sei que as plateias serão incríveis porque não venho há sete anos e o show novo é incrível.”

*Ingressos para os shows de Tash Sultana no Rio de Janeiro (Circo Voador, 04/11) e São Paulo (Audio, 05/11) estão à venda por meio do site Eventim.

Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como IgorMiranda.com.br, Scream & Yell e Rock'n'Beats.
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