Sucesso do Philadelphia Soul dos anos 1960 e 1970, grupo completa turnê de seis datas pelo Brasil, adianta detalhes de novo álbum e celebra sucesso entre uma geração de novos ouvintes: "muitos deles estão nos ouvindo pela primeira vez"
Nesta sexta-feira (27), o The Stylistics sobe ao palco do Vivo Rio, completando uma turnê de seis datas do grupo americano pelo Brasil. É a ocasião rara de conferir ao vivo o legado ainda ativo de mais de 55 anos de uma carreira de sucessos, com entusiasmo que persevera e que deve resultar em novo álbum de estúdio - o primeiro em 17 anos - nos próximos meses.
"É sobre amor", define Herb Murrell, um dos integrantes originais do grupo, ao lado de Airrion Love, e de Jason Sharp, que se juntou ao time em 2011. "E o amor se espalhou para o mundo para nós através de músicas como 'You Are Everything', 'Betcha By Golly, Wow', 'You Make Me Feel Brand New'."
Na animada passagem pelo Brasil, que ainda contemplou shows em Brasília, Goiânia, Santos, Curitiba e São Paulo, o trio abusou de hits como “I’m Stone In Love With You” e "You Are Everything", entornando o caldo bom do soul da Filadélfia dos anos 1960 e 1970. Entre carisma e coreografias, fizeram do palco o espelho de uma trajetória que remonta ao caldeirão cultural que perseverou em meio à ebulição musical das últimas décadas - e que chega a um 2024 com impressionantes 1,5 milhão de ouvintes mensais para o grupo, somente no Spotify.
"Isso acontece por causa dos jovens que estão dentro dessas plataformas de música, que, através deles, vira nova música, porque eles nunca ouviram antes, muitos deles estão nos ouvindo pela primeira vez."
Na passagem, a Rolling Stone Brasil conversou com Murrell e Love sobre o legado do grupo, sobre a cena soul da Filadélfia e sobre os próximos passos do grupo, que promete um single ainda para os meses que encerram 2024.
Rolling Stone Brasil: Queria começar falando de legado - são mais de 55 anos na estrada, vendo a indústria como a conhecemos praticamente sendo formada. Na opinião de vocês, o que sua música tem que a torna tão relevante por tantas décadas?
The Stylistics: Em primeiro lugar, nós amamos a canção - tanto as rápidas quanto as lentas. É sobre amor. E o amor se espalhou para o mundo para nós através de músicas como "You Are Everything", "Betcha By Golly, Wow", "You Make Me Feel Brand New". São canções que as pessoas carregam consigo, então somos abençoados em estar nessa posição, de estarmos afiliados às músicas que as pessoas ainda amam depois de todos estes anos.
Nesse ponto em nossa carreira, celebramos todos os anos que se passam agora. Porque, você sabe, muitos dos grupos que saíram ao mesmo tempo que o nosso não estão mais na cena. E nós somos abençoados por ainda estarmos aqui, fazendo o que fazemos. Então é uma celebração, todo dia, todo mês, todo ano. É uma bênção real!
Rolling Stone Brasil: E vocês começaram em um tempo muito único, no auge do rock'n'roll, em plena Invasão Britânica na música dos Estados Unidos... ainda assim, optaram por seguir com seu Philadelphia Soul, com o R&B romântico, como disseram. Em algum momento vocês pensaram em navegar por outros gêneros?
The Stylistics: Bem, nós sempre fizemos canções de amor, mas tivemos a sorte de lançar hits durante a era disco. Não que a gente estivesse tentando ir por esse caminho, é só que aconteceu de as canções decolarem, músicas como "I Can't Give You Anything But My Love", foi foram grandes hits para o The Stylistics. Mesmo baladas ou faixas mid-tempo estavam sendo tocadas em discotecas. Então isso sustentou o grupo durante aquela transição da música, mas não era como se estivéssemos tentando seguir por esse caminho - aconteceu apenas de serem as músicas que estávamos fazendo, então decolamos.
Rolling Stone Brasil: Falando do Philadelphia Soul, talvez valha explicar para nós, do Brasil, o que estava acontecendo naquele momento, que tornou a música da Filadélfia tão única?
The Stylistics: Compositores. Diferentes produtores. Todos trabalhavam sob a tutela de [Kenneth] Gamble e [Leon A.] Huff e do produtor Thom Bell. Então foi um casamento da música, eu diria, que estes compositores tinham a veia para escrever de uma certa forma, comparados com outros selos, labels e companhias. E a Filadélfia, por conta desse caldeirão de compositores e de produtores que se reuniram sob Thom Bell, e Gamble & Huff, acabou tornando possível que [o gênero] fosse um sucesso.
Rolling Stone Brasil: Trazendo um pouco para o cenário atual, vi aqui que vocês têm 1,5 milhão de ouvintes mensais apenas no Spotify. É um número impressionante, mesmo para nomes do pop atual. Como vocês se conectam com essa audiência de hoje no streaming?
The Stylistics: [risos] Bem, o que eu diria é que isso acontece por causa dos jovens que estão dentro dessas plataformas de música, que, através deles, vira nova música, porque eles nunca ouviram antes, muitos deles estão nos ouvindo pela primeira vez. E eles ficam surpresos, dizem: 'Oh, uau!", ou: "Eu conheço essas músicas, minha mãe ou meu pai sempre tocam essa música". É dessa forma que eles se conectam, entende?
Rolling Stone Brasil: E vocês veem conexão da música que vocês com o que tem saído na produção musical de hoje?
The Stylistics: Bom vários dos novos artistas estão sampleando os músicos das antigas, porque é o feeling que eles estão sampleando. E eu acho que isso transcende as décadas em que fizemos sucesso, para levar do oldschool para os novos sons, e acho que isso é o que tem atraído os jovens que têm ouvido nossa música. Então é meio o que acontece.
Rolling Stone Brasil: É claro que, se falamos de lançamentos, precisamos falar do novo álbum de vocês. Soube que se reuniram em estúdio recentemente, é uma ótima notícia! O que devemos esperar?
The Stylistics: Com sorte, estamos finalizando nosso novo álbum. E esperamos lançar um novo single nos próximos meses. E o álbum deve sair por volta de fevereiro. Somos abençoados por ainda conseguir fazer o que fazemos no estúdio.
Rolling Stone Brasil: Vocês estão se encaminhando para encerrar uma passagem de seis datas pelo Brasil. Como tem sido a recepção do público daqui nesta passagem e o que podemos esperar para os shows que faltam?
The Stylistics: Oh, é ótimo! Até agora, está sendo incrível, ver as pessoas saltando por aí, batendo palma, dançando nossas músicas, sabe? E claro, que quando soltamos as grandes músicas, [cantando] "we can make it happen / happen again / we can make it".
Eles podem esperar ouvir todos os hits que tivemos. É claro, "We Can Make It Happen Again", "I Can't Give You Anything But My Love", "You Make Me Feel Brand New". E, claro, conferir as coreografias, é mais do que nós parados lá, cantando. Estamos nos mexendo, dançando e trazendo eles para o que estamos fazendo no palco. É uma situação bem ensaiada. Acho que eles vão gostar.