Músico responsável por musical que estreia nesta sexta (1) em São Paulo conta como atualizou o clássico dos cinemas para o palco, à luz do movimento Me Too
Nem é preciso o ouvido mais afinado para reconhecer, naqueles primeiros toques de bateria, o clássico 'Oh! Pretty Woman', de Roy Orbison. A faixa de 1964, sucesso desde o lançamento, acabou ressignificada em 1990, quando ilustrou uma das cenas clássicas do cinema - a 'transformação' de Vivian Ward, personagem de Julia Roberts, em Uma Linda Mulher. De tão perfeita, aliás, a trilha passou a ser sinônimo da trama - e gerou um desafio extra para Bryan Adams, que precisou reimaginar a trama para uma versão em teatro musical da história.
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Agora, Uma Linda Mulher - O Musical, estreia no Brasil nesta sexta-feira (1º), com a trilha adaptada para o português. Escrita por Adams em parceria com Jim Vallance, o espetáculo conta com Thais Piza no papel de Vivian, e com Jarbas Homem de Mello como Edward Lewis, e recria, no palco do Teatro Santander, a história do bilionário que se apaixona por uma trabalhadora sexual. E, se a versão para o cinema contou com nomes de peso como Roxette, David Bowie e Red Hot Chili Peppers, no palco coube a Adams e Vallance o desafio de traduzir o romance.
"O interessante de escrever para um musical, é que é diferente de um álbum. Você não está escrevendo, você está usando metáforas. Você conta a história para que quando as pessoas estejam sentadas na plateia, elas saibam exatamente o que está acontecendo entre aqueles personagens", disse Adams em entrevista para a Rolling Stone Brasil.
A escolha do cantor acabou ajudando a produção a dialogar com o universo oitentista e noventista que virou sinônimo de Uma Linda Mulher. Mas para ele, o trabalho veio como um desafio inédito de produzir para o teatro, algo em que nem ele, nem o parceiro Jim Vallance tinham experiência.
"Ouvi que a produção estava acontecendo. Então um amigo me apresentou ao produtor e o diretor me ligou. Fomos a um teste em Nova York. Jim [Vallance] comentou que não sabia se aquele era seu mundo. Também não é o meu mundo, mas pensava que podia ser divertido."
A dupla então apresentou-se em frente à produção e ao próprio autor do filme, J. F. Lawton. No mesmo dia, receberam sinal verde para dar início à trilha.
À novidade de precisar reescrever um clássico para o palco, uma plataforma inédita para os dois até então, Adams e Vallance precisaram lidar com algo que a versão cinematográfica de Uma Linda Mulher não previra: a mudança de costumes. Mais que escrever uma trilha, a dupla precisaria traduzir a história, por vezes problemática, em meados dos anos 2010, à luz do movimento Me Too - movimento popular que trouxe à luz o assédio sexual sistêmico sofrido por mulheres por décadas.
Para Adams, a resposta veio na forma como tratou do tema nas letras - em vez de focar em pontos espinhosos da trama, como a indústria do sexo, ele optou por lançar luz sobre a relação entre os protagonistas.
"Veja, a história é sobre uma trabalhadora do sexo que conhece um bilionário, então não é exatamente sobre o movimento Me Too, entende? E começamos a escrever mais ou menos na mesma época que o movimento Me Too. Por toda a imprensa, líamos que não se pode mais falar sobre certos temas - mas isso acabou não importando tanto, porque é uma história sobre duas pessoas se apaixonando", disse o músico.
"É uma história de amor. E o cenário poderia ser qualquer um. Poderia ser uma pessoa conhecendo um bilionário em uma loja, talvez. É sobre duas pessoas se conhecendo na mágica do momento. Sobre alguém que entra em sua vida e o faz perceber coisas que você não sabia sobre si."
Uma Linda Mulher - O Musical estreia nesta sexta-feira (1) no Teatro Santander. O elenco conta com 25 atores, incluindo Thais Piza e Jarbas Homem de Mello. O espetáculo fica em cartaz em São Paulo até o dia 17 de dezembro, com sessões de quinta a domingo, das 16h às 20h.
Serviço:
UmaLindaMulher, O Musical
Data: De 01 de setembro a 17 de dezembro
Local: Teatro Santander
Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo - SP
Horário: Às 16h e às 20h
Ingressos: Sympla