Criadora e estrela de Fleabag, Phoebe Waller-Bridge é uma das personalidades mais aclamadas dos últimos anos
Phoebe Waller-Bridge é uma das autoras e atrizes mais aclamadas dos últimos anos. A londrina de 34 anos começou a carreira no teatro com monólogos viscerais e logo foi para a televisão.
Na TV, ela despontou com Crashing, mas foi com a fantástica Fleabag que Waller-Bridge se tornou uma das mulheres mais aplaudidas da indústria de entretenimento. As duas séries abriram espaço para a escritora seguir se reinventando e influenciando o mercado.
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Não é à toa que ela continuou o trabalho espetacular nas produções Killing Eve e Run. Além disso, marcou presença no cinema em grandes franquias, como Star Wars, e será responsável pelo roteiro de 007: Sem Tempo para Morrer.
Para entender mais sobre a atrista, selecionamos 18 motivos para conhecer e amar Phoebe Waller-Bridge, que revoluciona a indústria. Confira a lista:
Apesar de ter papéis pequenos na indústria antes de 2013, foi a partir desse ano que Phoebe começou a levantar o ‘império’ que tem hoje. Na época, a jovem apresentou, no Festival Fringe de Edimburgo, Fleabag, que antes de virar uma série, era um monólogo criado para o teatro.
A performance da londrina ganhou destaque e, assim, a jovem conseguiu despontar duas séries na TV. Fleabag, na BBC (depois distribuída pela Amazon), e Crashing, no Channel 4 (disponível na Netflix).
Ao sair do teatro e entrar na TV, Phoebe se tornou uma das autoras que abriram espaço para a renovação das narrativas das comédias dramáticas. Fleabag, o trabalho que colocou a dramaturga em um patamar único, revelou a tragicomédia moderna, que deu um respiro para o gênero, antes subestimado e abafado pelas sitcoms.
Fleabag acompanha a protagonista jovem que enfrenta os dilemas da vida adulta, desde o luto da melhor amiga até um romance proibido com um padre (o icônico Hot Priest). No entanto, quase na mesma época da produção da Amazon, Phoebe também criou, escreveu e protagonizou Crashing, da Channel 4.
Ambientada em um hospital abandonado, a história acompanha as jornadas embaraçosas dos personagens. No ano de lançamento, em 2016, a série passou um pouco despercebida pelo público na BBC, mas com o sucesso de Fleabag foi parar no catálogo da Netflix.
Queridinha do público e dos críticos, Phoebe consolidou tanto o protagonismo dentro do mercado de comédia dramática que parece que ninguém cria histórias como ela. Isso se afirmou com a estreia de Killing Eve.
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A produção assinada por Phoebe narra a investigação de Eve Polastri (interpretada pela incrível Sandra Oh) em busca da assassina fashionista Villanelle (a talentosa Jodie Comer). Além dessa série, também podemos ver a criatividade da dramaturga em Run, da HBO. A produção mostra as desventuras de ex-namorados que fogem da rotina depois de se contatarem depois de anos.
Com tantas histórias viciantes e intensas, Phoebe mostrou ser uma das grandes autoras dos últimos anos - e tendo excelente controle sobre a própria obra e destino dela.
Um dos principais fatores que fizeram o trabalho de Phoebe se conectar tanto com o público é a forma como ela aborda de forma vulnerável e singular a faixa dos 20 anos. Em uma espécie de pós-coming-of-age, a autora traduz a idade estranha de maneira embaraçosa e reconfortante em Crashing e Fleabag.
O desafio de se identificar com a família, amigos, trabalho, namorados e o sexo é retratado de jeito visceral nas séries. Apesar de não sermos iguais aos protagonistas, percebemos atitudes dos personagens parecidas com nossas.
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Pelo histórico deles, isso nem sempre parece ser uma coisa boa, mas não deixa de ser algo. Ver as falhas de outros aos 20 e tantos anos é, ao mesmo tempo conflituoso e confortável.
Se em Crashing e Fleabag temos a narrativa dos desafios da vida adulta, Killing Eve e Run acrescentam a todo esse drama elementos de espionagem com personagens mais velhos - mas igualmente não tão maduros.
Killing Eve foi baseada nos livros de Luke Jennings. A adaptação de Phoebe cria uma narrativa viciante de gato e rato ao mostrar a perseguição de Eve contra Villanelle. As duas criam uma relação bastante obsessiva e tensa - e o espectador acompanha tudo com certa apreensão.
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De maneira menos séria, digamos assim, Run não é uma trama tão intensa como KillingEve, mas tem elementos policiais bem desenvolvidos. Sem muitos spoilers, depois de uma reviravolta, os dois protagonistas precisam fugir da polícia.
Um dos grandes feitos de Waller-Bridge é saber contar uma história incrivelmente densa e profunda em poucos capítulos. Todas as séries da autora citadas não têm mais de oito capítulos em cada temporada - e algumas chegam a ter apenas seis.
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Além disso, cada episódio de Crashing, Fleabag e Run não passa de 30 minutos. A mais longa é Killing Eve, que pode ter pouco mais de 40 minutos. Com narrativas intensas, mas curtas, as produções de Phoebe são perfeitas para uma maratona.
Phoebe tem o poder de escrever relacionamentos realmente estranhos e inusitados. Em Killing Eve, para começar, temos uma policial e uma serial killer em uma relação de desejo intenso e abafado. Em Fleabag, a protagonista se relaciona com um padre, enquanto a madrinha dela se casa com o pai da personagem. Em Crashing, um homem divorciado de meia-idade vira o ‘muso’ de uma artista muito mais jovem.
Essas relações no começo esquisitas vão a cada episódio ganhando mais espaço com o espectador, que simplesmente é seduzido pelas histórias ‘proibidas’. Apesar de parecem alheias no início, elas viram elementos chaves nas série e dão um reconforto para o público com os próprios relacionamentos confusos.
Em entrevista à Vogue, Phoebe foi questionada sobre a reação dela ao escrever um roteiro. A reposta da autora foi: “Pânico, pânico e esperança”. Curiosamente, é assim que algumas pessoas se sentem quando assistem algum trabalho dela. Ao longo do enredo, somos tomados por emoções perturbadoras e embaraçosas, que no final se transformam em nostalgia.
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Cada cena escrita pela dramaturga vem como uma onda: no começo estamos no topo dela, quase alcançando o céu de tanto divertimento; e no final somos jogados ao solo com um soco com as frases potentes e cheias de gatilhos.
Phoebe sempre dá espaço para os personagens batalharem na cena, seja para fins positivos ou negativos. Todos os diálogos são ao mesmo tempo hilários e viscerais - e bem rápidos.
Um segredo, mas nem tão segredo assim para quem é fã do trabalhado da autora: as personagens dela não são criadas para agradar o público. Elas são falhas, protagonistas de momentos constrangedores e têm decisões questionáveis.
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Retratadas como mulheres modernas independentes, Phoebe não planeja criar personagens estereotipadas e irreais. Por isso, acompanhamos os traumas e prazeres das protagonistas como se elas fossem próximas da gente - e até conseguimos nos identificar em alguns momentos com elas.
As séries de Phoebe também revelam uma visibilidade LGBTQ+. Em Crashing, temos os personagens Sam e Fred, que começam um romance depois de formarem uma dupla em um jogo. Os dois dividem muitas cenas juntos e o público pode acompanhar com cuidado a evolução do relacionamento do casal.
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E a própria Phoebe interpretou uma personagem LGBTQ+ em uma das criações dela. Em Run, ela é a taxidermista Laurel, que começa a se relacionar com a policial Babe Cloud. Infelizmente não pudemos ver o casal evoluir, já que a série terminou, mas foi uma surpresa ver a autora fazer a participação na produção.
É impossível não notar a química do elenco de todas as séries de Phoebe - elemento importante que o diálogo inteligente de Phoebe exige. Seja em qualquer relação, os personagens estabelecem um relacionamento vivo e cheio de carisma que transborda até chegar no espectador. É extremamente divertido acompanhar a dinâmica entre eles.
Esse elemento está presente em Fleabag. Desde a primeira cena da série, a protagonista conversa diretamente com você. É quase intimidador, mas no final ficamos ansiando para que a personagem olhe para gente, seja para rir, flertar ou ficar apreensivas juntas.
É como se fosse um pequeno universo criado entre você e a personagem em segredo, escondido. Tanto que quando outro personagem nota esse ‘sumiço’ da protagonista, a gente se diverte, enquanto se sente em perigo.
A cena em Fleabag da parede de pênis com certeza e uma das mais lembradas da série. E sim, é realmente uma parede repleta de moldes do órgão genital exposta em um exibição de arte, chamada de “sexhibition”.
A responsável pela obra é a madrinha (interpretada por Olivia Colman). Ela construiu um modelo dos pênis dos homens que ela já se relacionou, o que inclui o pai de Fleabag. Em uma cena desconfortável e hilária, a jovem descobre qual dos moldes é do pai dela.
O objeto é tão marcante que a própria Phoebe Waller-Bridge o levou para a casa.
Além de Fleabag ganhar aclamação da crítica, a produção de Phoebe também virou uma queridinha de Barack Obama. O ex-presidente dos Estados Unidos revelou que uma das três séries que ele "considera tão poderosas quanto os filmes" é justamente Fleabag.
O mais curioso e inesperado? Na primeira temporada, a protagonista se masturba enquanto assiste a um discurso de Obama.
Nos últimos anos, Phoebe Waller-Bridge revelou ser uma das grandes vencedoras das premiações mais importantes da TV.
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Por Fleabag, a autora conquistou três Emmys, dois Globos de Ouro e um BAFTA - todos em 2019. Em 2016, KillingEve levou para casa um Gotham Award e, em 2019, conseguiu um Emmy e um Globo de Ouro. Enquanto isso, por Crashing, Waller-Bridge recebeu uma indicação a revelação em produção de roteiro para o BAFTA em 2016.
Por ser uma estreia recente, Run ainda não foi indicada para prêmios. No entanto, ela está cotada para receber nomeações no Emmy e no Globo de Ouro.
Fora da TV, Phoebe já traça uma carreira promissora no cinema. Em abril de 2019, a autora foi contratada para participar do roteiro de 007: Sem Tempo para Morrer. Waller-Bridge é a segunda mulher a roteirizar um filme do agente em 57 anos da franquia.
Em entrevista ao Virgin Radio, a dramaturga comentou sobre o trabalho no filme: “[Eu fui chamada para] polir diálogos e basicamente oferecer diferentes alternativas. Eles me deram algumas cenas e falaram tipo, você pode escrever algumas alternativas para isso, ou ter outra ideia sobre para onde [a cena] pode ir no meio ou como ela irá acabar”.
Marcando a despedida de Daniel Craig do papel de James Bond, o longa ganhará um respiro e se renovará com a visão impactante e desafiadora de Phoebe.
A estrela da tragicomédia também já participou do universo sci-fi de Star Wars. Em Han Solo: Uma História Star Wars, Phoebe dublou a voz da dróide L3-37. A robô foi a primeira dróide mulher a aparecer na saga de George Lucas. Inclusive, a personagem dela não tinha nenhum dono, diferente de todos os outros robôs da franquia, como R2-D2 e C-3PO.
Pelo tempo no teatro e pelo resultado incrível dos roteiros de Phoebe, não é surpresa quando descobrimos que muitas das falas dela em Star Wars foram improvisadas. A equipe do filme, segundo a Vanity Fair, deu liberdade artística e criativa para a atriz.
Depois de ser aclamada e premiada, Phoebe fechou contrato com a Amazon. A autora e atriz assinou um acordo com a empresa para desenvolver novas séries para a plataforma de streaming. O acordo valerá por três anos e garante um pagamento para a estrela de cerca US$ 20 milhões anualmente.
Com a parceria, podemos esperar por trabalhos ainda mais incríveis, inquietantes e desafiadores de Phoebe Waller-Bridge.
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