Músico gaúcho explica que a banda já mostrava algumas características que seriam exploradas anos mais tarde pela dupla John Lennon e Paul McCartney
Já no primeiro contato sobre Please Please Me, Marcelo Gross, guitarrista do Cachorro Grande (na foto, à dir.), avisa: “Esse é um dos meus discos favoritos”. O álbum completa meio século de seu lançamento, ocorrido naquele 22 de março de 1963, abrindo as portas do mundo para os Beatles.
50 anos de Please Please Me, dos Beatles: ouça o faixa-a-faixa.
Para o roqueiro gaúcho, o muitas vezes renegado disco é “um dos mais importantes da história”, justamente por isso: “Ele [Please Please Me] inaugura uma das mais perfeitas discografias de todos os tempos”, diz.
“Eles inauguram também um conceito de ‘álbum dos Beatles’, que consistia em não utilizar as canções já lançadas em singles individuais.” Este formato passou a ser usado nos álbuns seguintes dos Beatles. Neste, contudo, foram aproveitadas as quatro canções que saíram em forma de compacto.
Meio século do disco que mudou Liverpool (e o mundo).
O músico conta que, como os Beatles já possuíam quatro das músicas do disco, as sessões de gravação do álbum, realizadas em Abbey Road, foram “frenéticas”. “Esse esquema de gravação fez com que o disco soasse espontâneo e vigoroso”, explica. “É o único que eles gravaram neste esquema ‘ao vivo’, tocando e cantando ao mesmo tempo.”
Gross, que prepara o lançamento do seu disco solo, nota que é possível perceber, em Please Please Me, algumas características que seriam levadas adiante por John Lennon e Paul McCartney. “É o álbum que apresentou o som deles para o mundo”, diz, citando, por exemplo, “I Saw Her Standing There”, um “rock de McCartney explodindo as caixas de som”, e “Misery”, que mostrava uma característica vulnerável de Lennon, algo que “ele iria desenvolver em ‘I'm a Loser’ e ‘Jealous Guy’”, completa. “Passados 50 anos, é difícil não se render ao charme e ao vigor de Please Please Me.”