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50 anos do disco que mudou Liverpool (e o mundo)

EDGARDO MARTOLIO Publicado em 22/03/2013, às 00h10 - Atualizado às 12h05

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A avenida Penny Lane, em Liverpool - EDGARDO MARTOLIO
A avenida Penny Lane, em Liverpool - EDGARDO MARTOLIO

A primeira vez que visitei Liverpool foi no rigoroso inverno de 1978. A cidade era relativamente pequena, mas vibrava. As músicas dos Beatles ainda tocavam por todos os lados sem que ninguém se importasse se a banda existia ou não. Os quatro gênios ali nascidos ainda eram todos vivos e apareciam nos jornais quase diariamente. E, naquele ano, o grande clube da cidade, o Liverpool Football Club, passava pela melhor fase de sua história: acabara de ganhar pela segunda vez a Liga dos Campeões da Europa e, em meio a ela, tinha vencido uma Copa UEFA e também a Supercopa da Europa. Todo mundo tinha um cachecol do time. Os pubs ferviam. As pessoas, chamadas por muitos de “liverpudlians”, eram as mais inquietas do Hemisfério Norte. Bebadamente alegres, se abraçando e se socando. Mas sempre sorrindo. E gritando. Pouco elegantes, mas invejavelmente felizes.

Please Please Me: faixa-a-faixa.

Passarem-se mais de três décadas daquela viagem e estou novamente em Liverpool. Voltei a chegar de carro (por isso não conheço o John Lennon Airport) e, assim, percorro-a toda por curiosidade. Nos prédios, as características pouco mudaram. O clima também é o mesmo, apesar de, desta vez, o sol ter sido um amigo mais solidário com este repórter. Sei que o desemprego está batendo com vontade. Tenho a percepção de que há menos bares, poucos restaurantes e menos pubs. E tenho certeza absoluta de que há menos pessoas se divertindo neles. Não escuto a gritaria noturna daqueles dias.

Da última vez, os Beatles – principalmente John Lennon – e o clube de futebol de camisa vermelha eram assunto obrigatório em qualquer lugar. No posto de gasolina, no hotel, nas ruas. Homens e mulheres de qualquer idade falavam desses temas que, com enorme justiça, os tinham convertido em ingleses de primeira classe. Hierarquia que dificilmente Liverpool tornará a conquistar. Hoje voltaram a ser a cidade portuária de sempre (a segunda nesse quesito do Reino Unido: Liverpool é a saída para o mar da pujante e mediterrânea Manchester).

O rio Mersey divide a cidade em duas metades, que se comunicam pelo ferryboat do Pier Head, onde se elevam as altas, e agora centenárias, torres do Royal Liver Building. São famosas porque no topo se destacam dois pássaros de cimento, conhecidos como os liverbirds, emblemas da cidade desde 1207, data na qual o rei John I autorizou sua construção. Roger, um desempregado que encontrei na discoteca El Alma de Cuba, ambientada em uma antiga igreja, me diz que Ringo Starr queria que o grupo se chamasse The Liverbirds. Conta-se que John Lennon teria vetado a ideia porque os integrantes da banda eram mais do que dois.

Começo a perceber o que acontece com a memória desta cidade 50 anos depois que os Beatles editaram o primeiro disco da carreira, Please Please Me, no dia 22 de março de 1963, gravado em pouco menos de 10 horas, em 11 de fevereiro do mesmo ano. Os Beatles nunca vão desaparecer porque sua música continuará soando, como soa e soará a música de Mozart ou Bach. E aqui, nesta cidade, sempre serão os meninos inesquecíveis, embora já não tenham o mesmo peso de antes.

É por Please Please Me que voltei a Liverpool, por causa da proximidade desta data comemorativa. Não há nada que se possa escrever dos Beatles ou de qualquer um deles que alguém já não tenha sido escrito, dito, pesquisado ou refletido. Mas as bodas de ouro de algo tão inesquecível quanto o primeiro álbum do maior grupo musical que o século passado produziu só se cumprem uma vez.

Nunca pensei em comprar o ticket do Magical Mystery Tour para visitar Penny Lane, beber no The Cavern ou visitar os lares de Paul McCartney e Lennon, ambos propriedades do Patrimônio Nacional da Inglaterra. Como sempre, ou quase sempre, e como na vez anterior, fui sozinho a todos esses lugares para evitar que o mito que ainda alimenta 75% do turismo local não me devore nem distorça a realidade. Nesse clima de fanatismo, tudo parece ontem, tudo faz acreditar que o tempo não passou. O que é mentira. E não passou só porque meu cabelo agora é cinza. Mas também porque os ingleses já enterraram outros mitos mais recentes, como Amy Winehouse, e hoje também sofrem pelo craque Paul Gascoine, outro assolado pelas drogas. Mas após os Beatles, Liverpool, especificamente, nunca mais foi a mesma e nem teve vida própria. Seu hino bem poderia entoar “Deus salve os Beatles”, e não a rainha.

Aqui também nasceram outros artistas lendários da música moderna, como Frankie Goes to Hollywood, OMD, Elvis Costello e The Christians. Mas eles não sepultariam a memória dos Beatles. O ritmo do desemprego, por exemplo, tem mais força nesse sentido. Os ecos da inflação também fazem sua parte. Hoje, isso preocupa mais a esses cidadãos do que comemorar o cinquentenário de Please Please Me.


Atualmente, é possível encontrar alguns jovens que lamentam não ter vivido a época da gloriosa Liverpool. Jerry conta que, duas décadas atrás, quando viajava como mochileiro para qualquer lugar da Europa, sempre era bem tratado, tanto nas alfândegas quanto nos comércios e hospedagens, porque como cidadão da terra dos Beatles merecia respeito. “Tratavam-me como se eu fosse um deles”, ele diz. Seu amigo mais novo, curiosamente chamado Ringo, assinala que “nessa época, Jerry e seus amigos ganhavam até mulheres por serem de Liverpool; hoje, com a minha geração, isso infelizmente já não acontece”. Rosalyn, que está com eles, diz que “todos nós, filhos de Liverpool, devemos alguma coisa aos Beatles, mas eles já não significam tanto quanto significaram para nossos pais”.

No Albert Dock, ponto nevrálgico da cidade, nas margens do estuário do Mersey, onde Liverpool continua a não dormir, o barulho já não é inglês: tornou-se propriedade dos turistas. São eles que mantêm acordado o lugar. Aí sim a força dos Beatles é altamente predominante: 99% desses turistas visitam a cidade só para ver o legado dos garotos de Liverpool. Quase ninguém vai aos museus (há vários e bons; aliás, o dos Beatles é dos piores e custa caro: quase 16 libras cada ingresso, ou R$ 48) nem ao hipódromo de Aintre, outra paixão britânica. Salvo em dias de jogo, poucos visitam o mítico estádio do Anfield Road. Praticamente todos vão por causa dos Beatles.

O que mais chama a minha atenção nessa viagem é que quase ninguém lembra que daqui a pouco vão ser celebrados os 50 anos de Please Please Me, o primeiro disco da banda, que, pese as limitações fonográficas da época, foi considerado o número 29 no ranking de 500 melhores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone EUA.

No Igloo, outro local que estava na moda por lá, onde a cor azul e a ideia do gélido são destaque, só os fregueses acima de quarenta anos conhecem curiosidades dos Beatles. Os mais jovens não se entusiasmam nem um pouco com o passado. É obvio que todos sabem do Fab Four, mas não conhecem detalhes como um brasileiro conhece os de Ronaldo, ou um argentino, os de Maradona. Nessa faixa etária, se fala mais dos Rolling Stones do que dos Beatles. Os notívagos do novo século possuem mentes mais globais, próprias deste tempo, e não se importam com o local, de serem da mesma terra.

Em 1963, quando gravaram na sede de EMI, em Abbey Road, os Beatles tocaram durante incansáveis 585 minutos para deixar prontas as 10 músicas novas que integraram o lançamento. Quatro das faixas não precisaram ser gravadas, pois tinham aparecido em dois singles anteriores (“Ask Me Why”, “Love Me Do”, “P.S. I Love You” e “Please Please Me”). Oito delas foram compostas pela dupla John Lennon e Paul McCartney. A imprensa, anos depois, qualificou essa empreitada como uma maratona digna de grandes astros. E foi mesmo. Toda essa informação pode ser confirmada no número 10 da Mathew Street: sim, no famoso The Cavern. Mas aqui é covardia. Eu não poderia deixar de voltar a visitá-lo. Ali, todo o ar que se respira cheira a Beatles. Não serve como amostra, inclusive porque aqui os “liverpudlians” pouco pisam – apenas aqueles que vêm para paquerar turistas.

É neste local de tijolos vermelhos que falo com Andrew, um especialista que toda semana acompanha alguém ao The Cavern e, por duas cervejas e 25 libras, relata, em duas horas, a história da banda no local, conta seu significado e, instigado, chega ao capítulo onde resume o que aconteceu com o primeiro álbum: “Às dez da manhã daquela segunda-feira, 11 de fevereiro, junto a George Martin, os Beatles começaram a gravar. Foram quase dez horas: três sessões de três horas cada, tentando reproduzir o som que eles faziam no The Cavern. Aliás, a primeira ideia de Martin era gravar ao vivo no próprio Cavern”. Andrews lembra que Martin resumiu aquela jornada assim: “Foi uma simples interpretação do repertório musical que costumavam oferecer a seu público, ao vivo, no The Cavern”.

Andrews sabe de cor o texto oficial daquela jornada. Ele conta que, nesse dia, os garotos de Liverpool nem saíram para almoçar de tanto entusiasmo. Pareciam adivinhar que esse primeiro grande álbum mudaria suas vidas, a dos moradores de Liverpool e as nossas. Um mês depois, o disco chegaria ao número um de vendas no Reino Unido e lá permaneceria por mais de 30 semanas. Aliás, com ele, os Beatles se tornaram os mais jovens músicos a chegar ao topo da lista com o álbum de estreia.

A primeira canção gravada foi “There's a Place”, com Lennon nos vocais principais e McCartney fazendo harmonia vocal. Gravaram dez vezes para só depois prosseguir com “I Saw Her Standing There”, que era conhecida no pub como “Seventeen” (nela, Paul relata seu relacionamento com Iris Caldwell, de 17 anos, iniciado quando a viu dançando twist, de meias pretas, no Tower Ballroom de New Brighton). McCartney a cantou em nove oportunidades.


Após o descanso dos técnicos, gravaram a balada “A Taste of Honey”. Em seguida, em “Do You Want to Know a Secret”, George Harrison debutou como vocalista principal: Lennon e McCartney escreveram a música para ele. “Misery”, de tom triste, foi interpretada em dupla por John e Paul. Inicialmente tinham pensado nessa canção para a cantora Helen Shapiro, que a rechaçou por ser “reflexiva demais”. A história também conta que Allan Clarke e Graham Nash, dos Hollies, ajudaram na criação da letra.

No fim da tarde, gravaram “Hold Me Tight”, a canção que mais deu trabalho: fizeram treze versões e, ainda assim, ficou “mais ou menos”. Por isso, foi cortada do álbum. Mas ela foi regravada no dia 12 de setembro do mesmo ano para o disco seguinte, With the Beatles. Em quatro tentativas, gravaram “Anna (Go to Him)”, tema original de Arthur Alexander – o primeiro que não pertencia a nenhum deles. Logo, Ringo Starr estreou cantando “Boys”, antes interpretada pelo quarteto feminino The Shirelles, escrita por Luther Dixon e Wes Farrell. George Harrison, Lennon e McCartney interpretaram quatro vezes “Chains”, dos consagrados Gerry Goffin e Carole King, gravada originalmente pelo The Cookies (a versão que foi para o disco é a da primeira tentativa). E quando o estúdio pretendia encerrar a jornada, gravaram “Twist and Shout”, que ficou para o final devido ao resfriado de Lennon, que a essa altura já afetava demais a sua voz. Andrews, meu interlocutor, lembra que o tema tinha feito sucesso nos Estados Unidos um ano antes, na interpretação dos Isley Brothers.

Nove dias mais tarde, George Martin, sem a presença dos Beatles, gravou no piano sua participação em “Misery” e na celeste em “Baby It's You”. No dia 25 de fevereiro, fez as mixagens definitivas e pagou 400 libras esterlinas ao estúdio, tiradas do caixa da gravadora Parlophone, que trabalhava com um orçamento anual de 55 mil libras. Até então, apenas tinha coberto, por ordem da União de Músicos Britânicos, as 22,50 libras exigidas para cada músico da banda (7,5 libras por sessão). Nesse dia, Martin também disse que o álbum se chamaria Off the Beatle Track. Mas felizmente foi lançado em 22 de março de 1963 como Please Please Me, do selo Parlophone, com número de catálogo PMC 1202 (PCS 3042 / versão estereofônica). Nele, me conta Andrews – a quem eu já paguei as 25£ e as duas cervejas exigidas –, as composições de ambos aparecem assinadas pela única vez como “McCartney-Lennon”. Em todos os outros álbuns sempre seria “Lennon-McCartney”; ou seja, com John figurando em primeiro lugar.

Já é tarde em Liverpool e olho para as escadas escuras do The Cavern. A frequência é fraca e as poucas pessoas presentes estão com duas cervejas nas mãos: a partir de certa hora a casa entrega duas cervejas pelo preço de uma. Entre estes bamboleantes beatlemaníacos, eu imagino Brian Epstein, o empresário que gestou essa gravação há exato meio século, se apresentando a George em setembro de 1961. Falando com John, elogiando Paul e cumprimentando Ringo. Depois de tudo o que escutei esta noite, tenho a sensação que essa cena está acontecendo naquele momento, perante meus olhos. Mas vou embora e vejo que é só a minha cabeça que acha aquilo. Para todos os demais isso é história. É tempo passado. Não por acaso, lembro-me bem daquela Liverpool de 1978. Eu também tinha ido ao trabalho, como jornalista. Minha reportagem, na época, era no clube Birmingham, clássico adversário dos “Diabos Vermelhos” de Liverpool, que ficava a pouco mais de uma hora dali. Lembro que os cinco ou seis graus de temperatura, que invariavelmente eram a média, não entristeciam o dia a dia do melhor momento da história de Liverpool, quando sua alegria me marcou. Alegria que agora não encontrei: quase nem encontrei os Beatles, a não ser nos lugares turísticos.

Volto a Londres, no Mini Cooper alugado em Heathrow, e escuto o CD – remasterizado – que me levou a Liverpool: Please Please Me. Quando acaba, na metade do caminho, sintonizo a FM 96.2 Touch de Coventry, de boa cobertura na estrada M6, que anuncia que também acabaram os jogos do dia e que o Liverpool F.C. perdeu do Stoke City, pelo campeonato inglês, de 3 a 1, no Britannia Stadium. Evidentemente, o tempo passou e as coisas mudaram. Faltam pouco mais de cem quilômetros, preciso me consolar. Coloco outra vez o CD e canto com os Beatles: “I don't want to sound complaining”(“Eu não quero parecer estar reclamando”).


CURIOSIDADES

A capa

Angus McBean foi o autor da fotografia da capa e Tony Barrow escreveu as notas da contracapa do álbum. Mas a capa que todos conhecemos não era a pensada por George Martin, que amava o Zoológico de Londres e os tinha imaginado posando diante da casa de insetos. O problema é que eles não conseguiram autorização para isso. Então, em vez disso, os quatro Beatles foram clicados na sacada do escritório da EMI, em Londres. Martin escreveu, tempos depois: "As fotos foram concluídas rapidamente, como a gravação das músicas”.

A mesma imagem foi usada posteriormente para a capa da coletânea The Beatles 1962-1966, editada em 1973. E Angus McBean recriou a mesma foto para o álbum Get Back (1969), mas ela acabou não sendo utilizada.

Uma curiosidade da capa é que Please Please Me foi publicado quando a Parlophone estava mudando o desenho do rótulo e, por isso, a primeira edição do álbum foi a única a trazer a etiqueta do selo da Parlophone em preto e dourado, versão que se tornaria muito procurada pelos colecionadores. A versão seguinte da gravadora para Please Please Me foi em preto (o fundo) e amarelo (as letras), etiqueta que Parlophone usaria até 1969, quando trocou pelo rótulo preto e prata e acrescentou o logotipo da EMI dentro de um box retangular.

No Brasil

Na época, cada país tinha autonomia para modificar as capas, os títulos, traduzir e até editar ou não os álbuns, inclusive para trabalhar seus conteúdos de modo diferente do original. No Brasil foi isso o que aconteceu; assim “I Saw Her Standing There” saiu no álbum Beatlemania (1964), e “Please Please Me”, “Boys”, “Baby It’s You”, “Twist and Shout” e “Do You Want To Know A Secret” no disco The Beatles Again. “A Taste Of Honey” e “There’s a Place” ficaram no EP de 1964, com “Twist And Shout” e “Do You Want to Know A Secret”. “Love Me Do” saiu em outro EP do mesmo ano.

Nos Estados Unidos, o nome mudou para Introducing the Beatles e se lançou pela discográfica Vee-Jay em 22 de julho de 1963. Com uma capa diferente, mas o mesmo conteúdo do álbum britânico. Dois anos depois foi relançado pela Capitol Records com o título The Early Beatles. Só treze anos depois, em 1976, a discografia mundial se consolidou e os LPs começaram a ser lançados em todos os mercados com a mesma capa, mesma seleção de canções e o mesmo nome. Este primeiro álbum, em CD, só foi lançado em 26 de fevereiro de 1987.

1963

No ano em que os Beatles chegaram ao topo pela primeira vez, também estreavam com seu álbum inicial a italianíssima Rita Pavone, com temas como “Come te non c'è nessuno”, Trini López, com a famosíssima “La Bamba” no Trini Lopez at PJ's, e o mercado conhecia o primeiro álbum de Barbra Streisand, que ganhou três Grammy.

No Brasil não houve grandes estreantes, mas Elis Regina editava seu terceiro álbum com doze faixas, entre as quais “A Virgem de Macarena”, “Tristeza de Carnaval”, “1, 2, 3, Balançou” e “Adeus, Amor”, de Almeida Rêgo e Newton Ramalho. E, pela primeira vez juntos, Vinicius de Moraes e Odete Lara lançavam seu disco com seus próprios nomes como único apelo na capa.

O ano foi marcante para os ingleses por outros dois grandes assuntos que ganharam a mídia,: o caso Profumo, um dos mais famosos da história de espionagem no Parlamento, e o assalto ao trem-correio Glasgow-Londres (o maior roubo registrado até então). No mundo também houve com o que se entreter além dos Beatles, pois foi fechada a famosa prisão americana de Alcatraz; na Iugoslávia, o Marechal Tito foi declarado presidente vitalício; na Arábia Saudita, o então príncipe regente (depois rei) Faisal abolia a escravidão; nos Estados Unisos, foi assassinado o presidente de John F. Kennedy; o Papa João XXIII morreu no Vaticano e a cosmonauta russa Valentina Therechkova se transformou, aos 26 anos, na primeira mulher a orbitar várias vezes a Terra, a bordo da nave soviética Vostok 6. No Brasil, retornou o sistema presidencialista, com João Goulart.

Inspiração

A canção que deu nome ao primeiro álbum dos Beatles foi inspirada no tema “Please”, popularizado por Bing Crosby, e que a mãe de John Lennon cantava em casa quando ele era pequeno. A letra usa as palavras please (por favor) e pleas (pedidos) de um modo suficientemente interessante para chamar a atenção de muitos, inclusive de John. Ele a juntou com outra influência, a da canção “Only the Lonely”, do roqueiro americano Roy Orbison, conhecido como “The Big O”, que Lennon escutava cotidianamente. Mas a primeira versão foi criticada pelo produtor George Martin, que pediu várias mudanças, por ser excessivamente semelhante à música de Orbison. John mudou as batidas – o tempo –, melhorou as harmonias, criou uma introdução que não existia originalmente e incluiu a gaita (por influência de Delbert McClinton, que a tocava na banda de Bruce Channel, para quem os Beatles abriram shows alguns meses antes de gravar). John também reescreveu parte da letra.