De obras-primas obscuras e esquisitas a espetáculos épicos de grande sucesso; eis a lista com as séries da década
Ranquear os melhores programas de televisão de qualquer década é uma tarefa complicada, mas algumas décadas são mais fáceis que outras.
No final dos anos 1970, por exemplo, você poderia facilmente montar um top 10 com as quatro comédias que foram ao ar na lendária programação de sábado à noite de 1973 da CBS- All in the Family, M * A * S * H, The Mary Tyler Moore Show, e The Bob Newhart Show - e um punhado de outros grandes seriados da época, como Say, Táxi, Barney Miller, The Jeffersons e Laverne & Shirley.
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Identificar as melhores séries dos anos 2010 também não é tão simples. Parte disso é o fato de que vários programas que começaram nos anos 2000, continuaram nos anos 2010. Eles deveriam ser elegíveis? Se sim, levamos em consideração todas as temporadas, ou apenas os episódios que foram ao ar nesta década?
Principalmente, porém, devemos tratar da quantidade de conteúdo televisivo que recebemos ao longo de um período que passou a ser conhecido como Peak TV. A pressa para que as redes a cabo sigam a HBO, FXe AMC no ramo prestigioso do drama, além da chegada da Netflix e das guerras de streaming, significa que há exponencialmente mais programação a considerar. E muita dela é fantástica.
A última vez que classifiquei tantas séries, havia muitas regras envolvidas. Agora, decidimos seguir apenas duas: 1) A maioria dos episódios deve ter sido exibida nesta década; e 2) no máximo duas temporadas podem ter sido veiculadas antes de 2010.
Com isso, Breaking Bad passou no teste. Enquanto isso, Mad Men atendia apenas a primeira regra - e entraria no top 10 com base nas temporadas de 2010 -, mas não na segunda.
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Esta lista inclina fortemente para séries com roteiro e ficção narrativa - e muitas vezes para produções que habilmente equilibram comédia e drama. Também renuncia em grande parte as minisséries, até mesmo as aclamadas como Show Me a Hero ou Chernobyl, preferindo a ideia da televisão como uma experiência contínua ao longo dos anos.
Com essas questões fora do caminho, aqui estão as séries que eu considerei como as 50 melhores dos anos 2010.
Importante: Dos 50º ao 11º, as séries estão apenas listadas na ordem determinada pela RS EUA. Do 10º lugar até o primeiro, os programas vêm acompanhados de uma explicação do que os transformou em produções tão marcantea para a década de 2010.
Apesar da ampla arte, Louie e Horace and Pete - todos de Louis C.K. - não estão nessa lista após acusações de assédio contra C.K. fazerem sombra sobre o trabalho do diretor e comediante. Ainda assim, muitos dos programas feitos graças à Louie estão aqui, incluindo a drama-comédia da FXque ele ajudou a produzir com a antiga parceira criativa Pamela Adlon.
Um livro de memórias velado da vida de Adlon como mãe e atriz vagamente famosa, a série tem uma vibração convidativa, quase sonhadora, onde cenas fluem juntas para não permitir que um enredo elaborado se desenrole. Mas assim entenderemos como é para o alter ego de Adlon, Sam, ser mãe de três filhas desafiadoras, mas amorosas, ou diminuir as expectativas sobre as próprias perspectivas românticas nesta fase da vida.
Adlon continuou a terceira temporada sozinha após as acusações contra C.K. virem à tona. E, Better Things não perdeu o ritmo, mantendo-se como programa de TV em que você não assiste, mas confortavelmente se afunda.
As temporadas anteriores estão disponíveis na Hulu.
Quando adolescente, Daniel Holden foi condenado pelo estupro e assassinato da namorada, e depois sentenciado ao corredor da morte. Quando Rectifycomeça, Daniel (Aden Young) é um adulto assustado em encontrar-se livre da prisão após uma nova evidência de DNA aparecer.
A descrição da trama sugere um suspense em que Daniel e sua irmã Amantha (Abigail Spencer) começam uma intensa caçada pelo 'verdadeiro' assassino. Mas a série da SundanceTV não estava particularmente interessada em ser uma espécie de Law & Order, preferindo focar na pancada emocional do retorno a um mundo que Daniel nunca esperou ver novamente.
Uma experiência etérea, profundamente espiritual, Rectify era uma série em que muito pouco parecia ocorrer em termos de enredo (Daniel escuta o cover "Many Rivers to Cross" de Harry Nillson com um novo amigo), mesmo que tudo parecesse acontecer em termos de como Daniel, Amantha, a cunhada Tawney (Adelaide Clemens), a mãe Janet (J. Smith-Cameron), e outros entendiam as próprias novas existências improváveis. Uma série dolorosamente bonita.
A produção está disponível na Netflix.
"Você me faz puxar, eu te derrubo". Esse foi o lema do norte-americano Marechal Raylan Givens, um pistoleiro moderno criado pelo lendário romancista criminal Elmore Leonard, corporificado para a TV pelo ator Timothy Olyphant, de charme super-humano.
A ameaça de Raylan não era uma ameaça vazia, mas a eficácia daquelas sete palavras era puro Leonard: magro, mesquinho, evocativo e terrivelmente divertido. Quando Raylan foi atribuído ao estado-nativo Kentucky, ele foi colocado contra um vilão depois do outro, mas sempre retornando ao antigo inimigo e combustível, Boyd Crowder (Walton Goggins, de alguma forma mais charmoso que Olyphant).
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O bom e raro drama também era divertido. O programa da FXcontratou uma estrutura que muitas séries "filmes de 10 horas" fariam bem em seguir, com uma produção de episódios independentes na primeira metade da temporada para manter as coisas animadas antes do caos mais serializado que se seguiria.
Em um episódio, Raylan encontra Boyd à beira de matar um homem que Raylan precisa levar para outro lugar. Enquanto os inimigos de longa data se encaram, Boyd se pergunta: "Bom, você está me perguntando ou me dizendo?"; enquanto Raylan brinca: "Faz você se sentir melhor, você pode falar para as pessoas que eu perguntei." Nenhuma bala voa esse dia, porque as palavras de Raylan são a única violência necessária.
A série está disponível no Amazon Prime Video.
Antes de Donald Glover ser um dos atores mais engraçados em Community, ele era um dos escritores mais afiados em 30 Rock. Ele mudou do mundo das sitcoms para focar na carreira de rap como Childish Gambino, mas também para que ele pudesse escrever o próprio material, em vez de ser uma engrenagem na máquina de outro programa de TV.
O resultado: essa profundamente específica, sempre surpreendente comédia da FXna qual Glover interpreta Earn Marks, um estudante de Princeton que larga os estudos e tenta escapar da pobreza agenciando a carreira no hip-hop de seu primo Alfred (Brian Tyree Henry), também conhecido como Paper Boi.
Mais do que qualquer outra série nesta lista, (e mais que qualquer série dessa década, a não ser por Louie), Atlantamanteve você adivinhando sobre que tipo de programa ele queria ser. Um episódio pode ser uma leve e hilária história sobre as vergonhas sofridas por Paper Boi para apaziguar o único homem na cidade que sabe como cortar seu cabelo. (A carranca exasperada de Henry é uma incível arma cômica.)
O próximo seria uma história de horror - um comentário incisivo sobre a conexão entre abuso, auto-aversão e algum dos grandes músicos negros do século 20 - onde o companheiro de Alfred, Darius (Lakeith Stanfield) encontra-se em uma mansão mal-assombrada do personagem bizarro chamado Teddy Perkins (interpretado por Glover, irreconhecível debaixo de uma pilha de maquiagem).
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Como muitas séries dessa lista, cada nova temporada parece dependente da programação e inspiração do ocupado criador. As impagáveis duas primeiras fazem valer a pena esperar pela próxima.
A temporadas anteriores estão disponíveis na Hulu.
Os melhores dramas da TV do início do século 21 eram Cavalos de Tróia que usaram metáforas de gênero (mafia para The Sopranos, policiais e bandidos para The Wire, faroeste para Deadwood) para contrabandear os maiores comentários sobre nascimento e/ou morte do sonho Americano.
O programa da década de 2010 que melhor seguiu esse modelo foi esse drama de espionagem (de novo do FX) que não era um show tão secreto sobre casamento. É uma Virginia suburbana no alvorecer dos Estados Unidos de Ronald Reagan, e um par de agentes da KGB, que se autodenominam Philip e Elizabeth Jennings (Matthew Rhys e Keri Russell), fingindo estar casados há tanto tempo que têm dois filhos adolescentes. E, isso enquanto Philip começou a sentir que deseja tratar o relacionamento deles como o negócio real.
The Americans trabalhou estupendamente bem como um suspense de espionagem, particularmente quando Philip tropeçou em tornar-se o melhor amigo de Stan Beeman (Noah Emmerich), o agente de contra-inteligência do FBI que se mudou para o outro lado da rua. Mas os momentos mais dolorosos - particularmente um trem passando por uma plataforma enquanto “With Or Without You” toca - eram sobre os difíceis compromissos que maridos e esposas, pais e filhos, têm que fazer ainda em uma vida muito menos perigosa do que aquela que o Sr. e a Sra. Jennings levaram.
A série está disponível no Amazon Prime Video.
Mais humor e coração partido em proporções espertas, cortesia da criadora e estrela, a genialPhoebe Waller-Bridge, como uma mulher bem-intencionada e autodestrutiva que não consegue sair do seu próprio caminho.
Por um lado Fleabagse acomoda confortavelmente em uma longa tradição de farsa obscena, enquanto a personagem-título faz uma má escolha após a outra, frequentemente voltando-se para nós na platéia para compartilhar sua decepção consigo mesma e com aqueles que a rodeiam. (Quando outros programas dessa década dirigiram o dispositivo endereçado diretamente para o chão, as características expressivas de Waller-Bridge tornaram-no uma delícia; na segunda temporada, tornou-se um comentário sobre a relação entre personagens fictícios e seu público.)
Por outro lado, o programa é uma meditação profunda e de quebrar corações sobre a solidão, enquanto Fleabaglida com a morte da melhor amiga Boo (Jenny Rainsford), afastamento de da irmã Clare (Sian Clifford) e o pai viúvo (Bill Paterson), e - na segunda temporada de criação de fenômenos - a atração inevitável por um padre gostoso (Andrew Scott).
Em uma época em que nenhum programa parece estar realmente morto, Waller-Bridge tem sido inflexível ao dizer que a despedida de Fleabagé a última que ela quer mostrar de seu alter ego. O final e a série como um todo são tão perfeitos que espero nunca mais ver Fleabag.
A produção está disponível no Amazon Prime Video.
Mais uma série capaz de fazer você rir e chorar incontrolavelmente de um momento ao outro. O que inicialmente parecia uma sátira inteligente, mas familiar, do showbiz, sobre uma dderrotada estrela de sitcom nos anos 1990 (Will Arnett) lutando contra a própria irrelevância, logo se revelou algo muito mais profundo, mesmo que nunca perdesse a borda cômica.
Enquanto BoJack está em uma batalha contra a depressão e o vício, a série (criada por Raphael Bob-Waksberg) é simultaneamente uma paródia histérica dos clichês anti-heróis da TV e um exemplo genuinamente comovente do gênero.
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BoJack implanta todas as ferramentas do livro, do jogo de palavras (como empresária e ex de BoJack, Princess Carolyn, Amy Sedaris, é frequentemente chamada a fazer trava-línguas chocantes e intrincados) a palhaçadas obscenas (o companheiro assexual de BoJack, Todd, dublado por Aaron Paul, uma vez brigou com os pais libertinos de sua namorada). Mas também é um profundo aviso de que solidão que pode aleijar BoJack, Princess Carolyn, Todd, Diane (Alison Brie), e até o gregário Mr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins).
O programa pode ir para qualquer lugar e ser qualquer coisa, das desventuras silenciosas de BoJack no fundo do oceano, a ele fazendo um monólogo de um episódio sobre a mãe falecida. A maioria dos programas da Netflix se destaca muito bem; este é fenomenal.
A produção está disponível na Netflix.
Para o propósito deste exercício, nós estamos contando os episódios que foram ao ar a partir de 1 de Janeiro de 2010. Isso significa que perdemos a história original do professor Walter White se tornando um produtor de metanfetamina - um dos melhores episódios piloto da história da televisão - assim como algumas outras clássicas prestações dos primeiros dois anos da série da AMC, como "4 Days Out", em que Walt (Bryan Cranston) e seu pupilo Jesse Pinkman (Aaron Paul) ficam presos no deserto.
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Mas Breaking Bad, na primeira temporada, era um programa ainda em descoberta, e até na segunda não era bem o Monte Rushmore que se tornaria a partir da terceira temporada. Praticamente todos os momentos icônicos em que pensamos quando lembramos da balada de Heisenberg - Hank vs. os primos, Gus Fring ajeitando a gravata , e especialmente o final implacável e devastador da série - ocorreu nesta década.
Breaking Bad, de diversas formas continua sendo o ápice do que as narrativas dramáticas na televisão podem fazer, com sua mistura de enredos episódicos fascinantes e a longa, gradual e brutal descendência moral de Walt em toda a série. Temos muito disso a partir de 2010.
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Disponível na Netflix.
Perder os episódios de 2009 é ainda menos doloroso aqui do que é em Breaking Bad. Tudo o que nos custa é a primeira temporada da série da sitcom NBC, onde a funcionária pública de Amy Poehler, Leslie Knope, apareceu como uma prima sem noção de Michael Scott, do The Office.
Também nos custa alguns episódios, desde o início da segunda temporada, onde os co-criadores Greg Daniels e Mike Schur estavam começando a descobrir a melhor forma de escrever Leslie (menos esquecida, mais uma força amigável da natureza), seu inabalável chefe amante da carne Ron Swanson (Nick Offerman), o ansioso amigo Andy Dwyer (Chris Pratt), e o resto.
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Em maio de 2013, o episódio chamado "Master Plan" adicionou Adam Scott (como homem de números - e futuro interesse amoroso de Leslie - Ben Wyatt) e Rob Lowe (como fixador político terrivelmente entusiasmado, Chris Traeger) para o grupo, e Parks saiu em uma das grandes corridas da história da comédia. Uma sincera e ridícula ode ao serviço civil, amizade e comidas de café da manhã, Parks captura o otimismo da época Obama.
Disponível na Hulu
Dois por cento da população global simplesmente desapareceu sem qualquer explicação da ciência ou religião. E agora? A adaptação de Damon Lindelof e Tom Perrotta do romance de Perrotta sobre as consequências desta ruptura estava frequentemente - particularmente em sua primeira temporada mais atrevida - entre os dramas televisivos mais emocionantes desta ou de qualquer outra década.
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Não vacilou diante da tristeza e loucura de personagens como o irracional policial Kevin Garvey (Justin Theroux), sua muda esposa Laurie (Amy Brenneman) ou, principalmente, Nora Durst (Carrie Coon), que perdeu o marido e os dois filhos no que ficou conhecido como Partida Súbita. Mas o empenho em explorar a mágoa dessa realidade paralela também significava que Lindelof, Perrotta, a diretora Mimi Leder, e companhia estavam notavelmente bem equipados para mergulhar em seus aspectos mais estranhos e até mais engraçados.
A segunda e a terceira temporada um pouco menos sombria do programa se comparam confortavelmente com o melhor que os dramas clássicos da HBO da década anterior tinham a oferecer, enquanto os personagens viajaram para o Texas, Australia, e ocasionalmente para um hotel na vida após a morte onde Kevin teve que cantar karaokê para voltar para sua família no mundo real.
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Onde Lost, de Lindelof, foi atacado por não fornecer respostas satisfatórias aos mistérios da ilha, The Leftovers começou prometendo que nunca explicaria a partida. Então Nora meio que fez de qualquer maneira no final lindo, mas de uma maneira que parecia totalmente fiel ao espírito dessa conquista incrível e inescrutável.
Nenhum programa dos anos 2010 foi mais triste - ou mais catártico, especialmente quando nosso próprio mundo começou a fazer cada vez menos sentido - mas nenhum show também foi mais criativo, inesperado ou simplesmente divertido como The Leftovers.
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Disponível no HBO Now.
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