Fomos a um show da artista de 17 anos em Chicago, nos Estados Unidos, para comprovar se o hype em torno dela era real - e é
Billie Eilish não é cool só porque tem Pirate (o termo em inglês para "pirata" no seu nome). Registrada Billie Eilish Pirate Baird O'Connell, a artista tem somente 17 anos, nascida em Los Angeles, na Califórnia, é a nova sensação da música pop, suavemente gótica, e um dos principais nomes da música de 2019 - ao lado do BTS, cuja popularidade não parece conhecer limites.
Billie é uma artista improvável, já que era seu irmão mais velho Finneas, com quem compõe e quem a produz, o mais inclinado à se aventurar pelo universo da música. Foi no quarto da casa onde vivem até hoje que eles tocaram juntos "Ocean Eyes", música escrita por Finneas para uma antiga banda dele. Billie arrasou, a música se tornou um hit. Era 2015, quatro anos atrás, e ela tinha somente 13 anos!
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Billie e Finneas não foram para a escola, passaram a ser educados em casa, em um movimento que tem sido razoavelmente comum em casas norte-americanas. O vídeo oficial de "Ocean Eyes" foi lançado em novembro de 2016, pouco menos de um mês para Billie Eilish completar 15 anos e tem, atualmente, quase 131 milhões de visualizações.
Billie, cuja @ do Instagram era tão cool quanto ela, @wherearetheavocados ("onde estão os abacates?"), desde então, passou a ser um case de sucesso. Porque suas músicas nascem todas da mesma forma, no quarto, com o irmão Finneas, seus pais a ajudam na produção dela e eles vivem na mesma residência, em Los Angeles, mesmo agora que está abarrotada de presentes de marcas ansiosas para serem relacionadas à nova personalidade misteriosa e viciante do pop.
E ela já era tudo isso antes mesmo de lançar o primeiro disco, chamado WHEN WE FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO, em março deste ano. Era apontada como voz a seguir, reunia uma legião de fãs por todo o mundo e trazia também um novo modelo de espelho para a molecada mais jovem.
Billie usa roupas absolutamente largas, porque não quer a sua forma seja pauta de alguma forma, tira fotos com os olhos semi-fechados, como se estivesse sempre cansada e/ou com sono. Também já falou ter passado por uma depressão e ter Síndrome de Tourette.
Ela é hipnotizante para uma geração mais jovem porque canta e age como as pessoas que são como ela, isso é bastante óbvio. A comunicação e a troca de vivências é direta. Suas canções são sombrias também, porque as transformações da adolescência assim o são. Os jovens nascidos nos anos 2000 não se comportam como as gerações de 1990, 1980, etc, e reagem ao mundo ao redor de outra forma. Billie Eilish é o rosto dessa geração.
Não é por acaso que ela foi elogiada por The New York Times e Rolling Stone EUA, e foi elevada ao posto de headliner do Coachella, um dos maiores festivais de música do mundo.
Por isso, a Rolling Stone Brasil foi até Chicago, no início de junho, para entender melhor como é a relação de Billie Eilish com seus fãs e como isso se transforma em um show.
Em 9 de junho, Billie Eilish se apresentaria no Aragon Ballroom, em Chicago, nos Estados Unidos. O lugar, com capacidade para 5 mil pessoas, não era mais suficiente para comportar uma estrela já de primeira grandeza do pop como Billie.
Duas semanas antes da performance, foi noticiada a troca de local do show. Do Aragon Ballroom, um o show seria então realizado no United Center, a arena na qual joga o time de basquete da cidade, Chicago Bulls, com capacidade para mais de 20 mil pessoas.
E para lá fomos. "Esse é o maior lugar que eu já toquei na vida", disse Billie Eilish para um público entregue e pronto para gritar a cada momento que Billie se dirigia a eles. "Então, muito obrigado."
A Rolling Stone Brasil acompanhou a apresentação e comprovou o tamanho dessa estrela em ascenção do pop. E, aqui, listamos razões pelas quais qualquer um que tiver a oportunidade deva estar em uma apresentação de Billie Eilish. Vamos lá?
Existem dois tipos de artistas quando se trata da relação com a imprensa. Existem aqueles impostos pela crítica especializada: consagrados pelos jornalistas, esses artistas tem sua música espalhada ao redor do mundo pela força das palavras, mesmo que seu nome ainda não seja extremamente popular.
Existem outros, aqueles cuja popularidade se dá antes mesmo de algum jornalista ou crítico musical notar a sua existência. Numa sociedade fracionada em bolhas das redes sociais, esse tipo tem sido mais comum. Billie está incluída entre eles. Quando a grande imprensa a notou, de fato, ela já era uma onda gigante pronta para levar qualquer embarcação com sua força.
O The New York Times, maior jornal do mundo, se entregou a ela. "Billie Eilish não a típica popstar de 17 anos. Acostume-se com ela", dizia o título do perfil enorme escrito por Joe Coscarelli, também apresentador do podcast de música e cultura pop do NYT.
Já a Rolling Stone norte-americana publicou um texto com o título de "Billie Eilish: A adolescente do ano", assinado pelo editor e especialista em cultura pop Rob Sheffield. Nele, Sheffield dizia que Billie "reescrevia as regras do estrelato". Quer mais?
Em dado momento do show de Chicago, Billie Eilish se dizia encantada com a quantidade de pessoas presentes para vê-la, mesmo com a mudança de local tão próxima da data do show. O palco é enorme, vai de um lado a outro da arena, e também inclui uma passarela pela qual ela consegue chegar até quase metade da quadra.
Mesmo com um telão luminoso de alta definição trás dela, e a barulheira dos fãs diante de si, Billie Eilish tem uma impressionante capacidade de transformar todo aquele ruído e luminosidade em silêncio, calmaria e escuridão.
Um show de Billie Eilish é um convite ao quarto no qual ela e Finneas gravaram essas canções. No palco, só ela, o irmão e um baterista. Em dado momento, uma cama de verdade surge no fundo do palco e "levita", com Billie e Finneas, ele ao violão, sentados, enquanto tocam "Ocean Eyes".
O show assistido pela Rolling Stone Brasil, na noite de 9 de junho, foi a quinta apresentação de Billie Eilish seguida em cinco dias. Ela percorreu 4.663 Km nesse período. Ainda assim, sua voz, quando os fãs permitiam, era cristalina e muito semelhante ao que se pode ouvir no disco de estreia.
A apresentação em Chicago, mesmo com o upgrade do local da apresentação, os ingressos se esgotaram rapidamente. E o mesmo tem ocorrido com ela nesta disputada turnê baseada no disco WHEN WE FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO e mesmo antes do disco. Até o momento, foram 66 apresentações em 2019. Restam ainda 38 shows no ano - sete deles já estão com ingressos esgotados.
Essa é uma característica comum entre os ídolos teen, é verdade. Mas a idolatria dos fãs de Billie Eilish é elogiável. Do lado de fora, uma fila de dar a volta na arena reunia pessoas vestidas como a artista ou com roupas e adereços vendidos pelo merchandising da cantora.
Lá dentro, filas enormes nas lojinhas, com itens vendidos feito água no deserto, mesmo com o preço alto - um casaco de moletom custava US$ 70, algo em torno de R$ 300. Poucos não tinham, em mãos, um tubo com o pôster especial daquela noite, dado na entrada.
Na arena, um mar de celulares iluminava o espaço como uma lua cheia em noite clara. Todas as 16 músicas do show foram cantadas a ponto de ser difícil realmente ouvir a voz de Billie Eilish. Também era desafiador distinguir o que a cantora dizia ao microfone quando não estava cantando. Eram gritos, muito gritos. Capaz de fazer qualquer um sentir falta de um show do BTS, artistas do k-pop também conhecidos pelos fãs barulhentos.
Billie Eilish é uma grande fã de The Office, série criada na Inglaterra, e recriada pela TV dos Estados Unidos. A versão norte-americana foi mais longeva, foi ao ar por 9 temporadas, de 2005 a 2013 e revelou para o mundo o Steve Carell.
Billie já foi desafiada por Rainn Wilson, ator responsável pelo hilário Dwight Schrute, em um quiz com perguntas dificílimas a respeito da série e, apesar de ter ficado emocionada de frente com o ator, ela se saiu muito bem.
O fanatismo dela é tamanho que decidiu usar trechos de diálogos da série no seu disco de estreia - na música "my strange addiction". Curiosamente, então, realizadores de The Office não conheciam Billie. Hoje, certamente a conhecem.
A música "bad guy", do disco de estreia, brinca com a ideia de Billie Eilish de sempre gostar dos personagens mais malvados nos jogos. Ela o faz com ironia e de forma meio jocosa, mas o som divertido da canção e o "dã", dito por ela, ajudou fomentar um novo meme.
Basicamente, os fãs passaram a recriar o clipe da canção com cenas aleatórias de personagens dançando, ao som da música. Tornar-se meme é para poucos.
Billie Eilish já agradeceu ao fã-clube brasileiro pelo apoio. Ela também ficou entre uma das atrações preferidas do público para o Lollapalooza 2020. Em entrevistas, a cantora sempre diz que sua maior vontade nesta turnê é passa pelo Brasil. A agenda dela em 2019 se encerra no México, em novembro.
Embora existe algum rumor sobre a possibilidade da vinda dela ainda em 2019, a possibilidade maior é que a artista inclua o País na turnê de 2020, mesmo.
Billie Eilish não tem um show muito longo ainda. Tocou, em Chicago, 19 músicas, entre músicas do EP Don't Smile at Me, de 2017, e o disco de estreia, de 2019. Também inclui a música "watch / &burn", single lançado com Vince Staples.
Atenção à dobradinha "i love you" e "ocean eyes", bastante melancólica, no final da performance.
1- bad guy
2 - my strange addiction
3 - you should see me in a crown
4 - Idontwannabeyouanymore
5 - watch / &burn
6 - COPYCAT
7 - WHEN I WAS OLDER
8 - wish you were gay
9 - xanny
10 - all the good girls go to hell
11 - ilomilo
12 - bellyache
13 - bitches broken hearts
14 - listen before i go
15 - i love you
16 - ocean eyes
17 - when the party's over
18 - bury a friend
19 - goodbye
* A reportagem viajou a convite da Choose Chicago
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