Vídeos caseiros de Mamonas, o Doc divertiram grande público na terceira noite do II Festival de Cinema de Paulínia; sessão exibiu ainda desastre cinematográfico Destino, estrelado e produzido pela atriz Lucélia Santos
O público que encarou as duas sessões da terceira noite do II Festival de Cinema de Paulínia riu em dobro. Com o documentário Mamonas, o Doc, dirigido por Cláudio Kahns, a plateia se divertiu com as palhaçadas da banda paulista, de Guarulhos - vítima de um acidente aéreo fatal em março de 1996 - exibidas em vídeos caseiros inseridos no filme. Na segunda parte do evento, o longa Destino, creditado ao cineasta Moacyr Góes, chamou a atenção dos presentes pelo grande número de falhas, e acabou virando motivo de chacota.
Apesar de ter sido "feito e dedicado a todos os fãs dos Mamonas", o filme sobre o grupo capitaneado pelo irreverente vocalista Dinho não parece ter atingido seu objetivo. Não fosse pelo fato de juntar imagens do arquivo pessoal das famílias dos integrantes, com cenas hilárias e inéditas, o documentário teria apenas reiterado o que todos os admiradores da banda já sabem - o começo da carreira, na década de 80, sob o nome Utopia, e o sucesso instantâneo com o primeiro disco, já rebatizados, em 1995.
O episódio da morte dos músicos, amplamente comentada na mídia quando aconteceu, recebeu poucos minutos no filme. Para reforçar o lado brincalhão que levou a banda ao estrelato, animações foram colocadas nas legendas com o nome dos entrevistados - o que, a certa altura, tiram a atenção do espectador e se tornam irritantes. "Adoro trabalhar com jovens e no decorrer da produção do filme recebi muitas dicas. Uma delas foi o uso das animações, o que achei uma boa ideia", disse o cineasta em entrevista coletiva de imprensa neste domingo, 12.
Como instrumento de recordação da banda, o filme é bem sucedido, mesmo causando certo cansaço ao girar em torno dos depoimentos das mesmas e poucas pessoas que trabalharam com o quinteto, como produtor musical Rick Bonadio e o empresário Samy Elia. Os familiares dos músicos também participam. Não há, no entanto, depoimentos de amigos e parentes do guitarrista Bento Hinoto, questão não esclarecida por Kahns.
Destino das telonas
A atriz Lucélia Santos veio a Paulínia para exibir seu novo longa-metragem, Destino. Além de atuar, a artista encarou a empreitada como produtora, ao lado de Diler Trindade, e do diretor Moacyr Góes, ausente no festival. Há 13 anos em andamento, o filme decepcionou com erros técnicos, problemas no roteiro e interpretação quase amadora.
Antes de começar, Lúcelia fez um pequeno discurso diante da plateia sobre seu "bebê". A temática centrada na China tenta "preservar a amizade entre os povos", em uma trama confusa sobre uma jornalista brasileira que se envolve com a cultura chinesa ao acaso.
O drama, na verdade, se tornou uma comédia. Espectadores riam ao presenciar, por exemplo, propagandas de marcas brasileiras explícitas no filme, com diálogos fracos e misturados em três línguas: português, inglês e chinês.
Em entrevista à imprensa, neste domingo, 12, Lucélia lamentou e reconheceu a má qualidade da produção. "Pode não ser um bebê perfeito, mas é o bebê que nós temos", disse a atriz. Pobre menino.