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Acreditar e Conquistar

Em segundo disco, brasileiros do CSS explodem em criatividade na trajetória de conquista do circuito independente global

Por Paulo Terron Publicado em 24/07/2008, às 19h08

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Capa de <i>Donkey</i>. Disco está sendo dado gratuitamente pela Trama no portal ÁlbumVirtual - Reprodução
Capa de <i>Donkey</i>. Disco está sendo dado gratuitamente pela Trama no portal ÁlbumVirtual - Reprodução

Se você é mal-humorado, não adianta nem dar play em Donkey, o segundo álbum do CSS (anteriormente conhecido no Brasil como Cansei de Ser Sexy). É um disco tão cheio de alegria, diversão, esperança e amor que talvez seja insuportável para quem não está de bem com a vida.

Claro, a primeira amostra do trabalho "Rat Is Dead (Rage)", distribuída gratuitamente na web antes do lançamento do CD, pode ter dado uma impressão contrária. Mas mesmo ela - que fala sobre proteger uma amiga que foi sacaneada pelo namorado (o "rage" do título, em tradução para o português, talvez dê uma pista sobre a identidade da protagonista) - tem um subtexto de amizade e união, com a mensagem de que "ele nunca mais vai te machucar".

O resto é só felicidade. A abertura, com "Jager Yoga", já deixa o convite em aberto (com uma guitarra soando como algo que o B-52s gostaria de ter feito): "Não viemos ao mundo / Para andar à toa / Viemos para sair com você / Venha conosco / Vamos brindar", em uma tradução completamente livre. Quem já ouviu "Left Behind", o primeiro single, tem a impressão de que o álbum está mais roqueiro que Cansei de Ser Sexy (lançado em 2005). Pode até ser - só que isso não quer dizer que seja um disco 100% de guitarras. Aliás, o instrumento mais marcante, que permeia quase todas as faixas com destaque, é o baixo (agora assumido definitivamente por Adriano Cintra, que antes ficava a maior parte do tempo na bateria). O CSS parece ter encontrado um meio do caminho perfeito: as novas canções soam mais completas (e complexas). Fica a dica para a série de bandas brasileiras que tenta emular o sucesso do grupo: não basta esconder as composições fracas atrás de uma "parede eletrônica". Boas melodias são essenciais.

É impossível não perceber a evolução vocal de Lovefoxxx. Mais confortável, ela consegue variar os estilos de interpretação - sempre com uma doçura capaz de colocar um elefante em coma diabético.

Comprove em "Beautiful Song", que ainda tem um angelical solo de teclado (!), e em "Air Painter", que tem uns "uh uh uhs" parecidos com os de "Golden Skans", hit do Klaxons, a banda do namorado da cantora, Simon Taylor-Davis. Não deve ser gratuito, já que a letra fala sobre a descoberta das pequenas coisas que fazem o amor crescer, a saudade e os segredos de casal.

Como o CSS nasceu com espírito de banda baladeira, Donkey também tem músicas prontas para esquentar as pistas. "Move" tem um clima "anos 80 via Gwen Stefani", extremamente dançante. "Let's Reggae All Night"

É para os extremistas do lado eletrônico, com seus sintetizadores extravagantes (e nada de reggae, apesar do título). O único momento difícil do disco está em "Believe Achieve" - que tem um som denso, cheio de camadas e até scratches. No final, o choque maior é o de perceber que há até um violão na base!

Em cerca de cinco anos de carreira, o CSS conseguiu apagar a fronteira que existia entre o pop brasileiro e o gringo. Donkey - que tem boas músicas, uma ótima produção (do próprio Cintra) e execução - foi gravado em São Paulo por brasileiros. Resta saber se por aqui finalmente eles vão ser reconhecidos pelo o que realmente importa: a arte.