Anthony Hopkins desabafa sobre sobriedade e afastamento da filha: ‘A vida é dolorosa’
Em livro de memórias, icônico ator celebra 50 anos longe do álcool e revisita os momentos mais difíceis da vida
Gabriela Nangino (@gabinangino)
Ator, diretor e produtor galês, Anthony Hopkins alcançou a fama global com sua interpretação do vilão Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes (1991) — papel que lhe rendeu seu primeiro Oscar de Melhor Ator. Nascido em 1937, ele realizou aparições em dezenas de filmes aclamados pela crítica, como Vestígios do Dia (1993), Nixon (1995) e Amistad (1997).
Quase 30 anos depois, Hopkins conquistou seu segundo Oscar em 2021 por Meu Pai (2020), tornando-se o ator mais velho a receber o prêmio. Com mais de seis décadas de carreira, ele é considerado um dos nomes mais icônicos do cinema em atividade: além das duas estatuetas do Oscar, acumula ainda quatro BAFTAs, dois Emmys e um Prêmio Laurence Olivier.
Agora, aos 87 anos, o astro aderiu à tendência Hollywoodiana e anunciou o lançamento de um livro de memórias. Intitulada We Did Ok, Kid, a autobiografia chega às livrarias na próxima terça-feira, 4 de novembro. No Brasil, ela será publicada na mesma data pela Editora Sextante, sob o título Até que deu tudo certo, com tradução de Rogério Galindo. “Eu gostei e acho que você também vai gostar”, disse Hopkins em um vídeo nas redes sociais. “Leia.”
A obra atravessa diversos aspectos da vida do ator, desde sua carreira no cinema e no teatro — incluindo os bastidores de papéis marcantes, como Lecter —, sofrimentos de sua infância e dilemas familiares.
Mas um fator, em especial, atravessa todas essas esferas: a luta de Hopkins com a sobriedade. Em dezembro de 2025, o ator celebra 50 anos sóbrio, mas o vício lhe trouxe muitos custos no passado, tanto em sua trajetória pessoal quanto profissional. Segundo a sinopse, o livro oferece “um olhar profundamente honesto sobre os momentos mais difíceis de sua vida”.
Um dos enfoques é o relacionamento de Anthony com sua filha, Abigail Hopkins. Em entrevista recente ao The New York Times, ele falou sobre o afastamento entre os dois há mais de 20 anos, e reconheceu que o alcoolismo contribuiu para o fim de seu primeiro casamento com Petronella Barker e para o rompimento do vínculo com Abigail.
“Eu poderia guardar ressentimento pelo passado, mas isso é a morte. Você precisa reconhecer uma coisa: que somos imperfeitos. Não somos santos. Fazemos o melhor que podemos. A vida é dolorosa”, disse, via NME.
No início de 2025, Abigail revelou em uma postagem no Instagram que foi diagnosticada com câncer em 2020, e celebrou que o tumor agora estava em remissão. “Fiz um curta-metragem documentário, Under This Sky, que analisa minha própria experiência com câncer de intestino de um ponto de vista emocional e psicológico e leva o público a uma jornada de descoberta, explorando maneiras de nos curarmos de traumas, usando exercícios, movimento e trabalho criativo. Logo após o término do meu tratamento, comecei a trabalhar em músicas para um álbum beneficente, Stardust. Toda a renda será destinada à instituição de caridade Royal Marsden Cancer Charity”, compartilhou.
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Hoje, Hopkins mora em Los Angeles com sua esposa, Stella Arroyave. Ele diz que Stella tentou entrar em contato com a enteada, mas não obteve sucesso. “Minha esposa enviou um convite para que [Abigail] viesse nos ver”, comentou. “Nem uma palavra de resposta. Então, pensei: ‘Ok, tudo bem. Desejo-lhe tudo de bom, mas não vou desperdiçar sangue por isso.'”
Em entrevista ao The Telegraph em 2006, Abigail havia dito que estava aberta a se reconciliar com seu pai, mas não sabia como se sentir em relação a ele. “Nunca fomos realmente próximos. Nunca discutimos grandes questões da vida. Porque, bem, nosso relacionamento sempre foi muito esporádico. Nunca me senti à vontade para discutir esse tipo de coisa com ele.”
No livro, Hopkins também adentra nas motivações de seu vício, e narra o momento em que percebeu a dimensão do problema em que ele estava inserido. Em entrevista, ele complementou: “Às vezes as pessoas se machucam. Às vezes nós nos machucamos. Mas não dá para viver assim. Você tem que dizer: Supere isso. E se não conseguir, tudo bem, boa sorte. Não tenho julgamentos. Mas fiz o que pude. Então é isso. É tudo o que eu quero dizer.”

Segundo a revista People, além do mergulho no passado, o astro do cinema escreve sobre seu presente, o processo de envelhecimento e sua relação com a mortalidade. Uma coleção especial de fotografias pessoais está inclusa na obra.
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