Fundador d'Os Mutantes diz que se apaixonou pela obra do quarteto de Liverpool desde o primeiro disco, lançado há meio século
Era meados da década de 1960 e Arnaldo Baptista integrava O Konjunto, ao lado do irmão Sérgio Dias e Rita Lee, ainda antes d'Os Mutantes. “Tínhamos um empresário chamado Asdrubal Galvão, que nos fez usar aqueles uniformes”, relembra o músico, rindo ao lembrar da época. “Nossa, não parece que foi há tanto tempo assim”.
50 anos de Please Please Me, dos Beatles: faixa-a-faixa.
Os tais uniformes eram uma influência direta ao estilo adotado pelos Beatles no início de carreira, quando foi lançado o disco de estreia deles, Please Please Me, há 50 anos. “Naquela época, não era todo mundo que usava aquele cabelo”, diz.
Arnaldo, que hoje segue em projeto solo, com os shows do Sarau o Benedito e com o longamente esperado disco Esphera, ainda sem data de lançamento, lembra que ouviu o disco na casa de um amigo. “Os Rolling Stones tinham uma rebeldia, enquanto os Beatles traziam o romantismo. Foi um lado poético que eles levaram adiante”, analisa ele, fã da banda de Liverpool desde a estreia.
Meio século do disco que mudou Liverpool (e o mundo).
Para ele, o romantismo do grupo naquele início tinha uma latinidade tão grande que acabou abraçado pela música brasileira, que adaptou o tal “iê-iê-iê” na Jovem Guarda. “É um lado bem emotivo, pode crer”, diz.
“Num panorama geral, o meu próximo disco tem muito a ver com o Please Please Me”, conta o músico sobre o álbum que vem sendo produzido pelo guitarrista e líder do Cidadão Instigado Fernando Catatau. “Já tenho dez músicas. Vou compondo como uma concha de retalhos”, anunciou. “Esphera soa com ‘espera’. E Please Please Me quer dizer ‘me agrade, por favor’”, completa. “Beatles é tão profundo, não é?”