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Blues e muito charme

B.B. King encanta na noite de sábado, 20, em São Paulo

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 21/03/2010, às 15h06 - Atualizado em 15/05/2015, às 12h21

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Em 2012, B.B. King se apresentou em São Paulo.  - Roberto Larroude
Em 2012, B.B. King se apresentou em São Paulo. - Roberto Larroude

O bluesman já chegou a anunciar sua aposentadoria. Depois, falou que iria fazer alguns shows de despedida. Finalmente disse que iria continuar tocando até onde desse. Aos 84 anos, naturalmente B.B. King não tem o vigor de décadas passadas - o músico teve problemas de saúde e agora toca o tempo todo sentado. E nas quase duas horas em que fica no palco, metade do tempo passa falando ou abre espaço para seus músicos interferirem. Foi assim na noite de sábado,20, na Via Funchal, em São Paulo.

O cantor e guitarrista já tinha tocado no mesmo local um dia antes, também com a casa lotada. A B.B. King Band, pequena big band do músico, abriu os trabalhos com duas canções instrumentais: "Manhattan Blues" e "Two I Shoot Blues". Quando King apareceu, foi longamente ovacionado e passou a conversar com a plateia. Sempre simpático, brincou muito e falou de sua alegria em estar no Brasil. "Foram três anos longe, pareceu uma eternidade", disse. Quase 15 minutos depois, ele finalmente cantou "When I Sing The Blues".

A interpretação apaixonada para a balada "I Need You So" (de Ivory Joe Hunter) arrancou muitos aplausos. King fala muito durante toda a performance, mas de uma forma um tanto cansada. Faz isso para poupar a vocal na hora de cantar. Ele ainda interpreta de forma poderosa. King e sua banda mostraram que são uma verdadeira enciclopédia da música negra norte-americana, passando pelo blues urbano, o jump blues, jazz e gospel. Mas acima de tudo King é um showman magnético, cujo charme pessoal está pau a pau com suas imensas qualidades como músico. Brincou o tempo inteiro com as mulheres da plateia, dizendo não gostar de rap porque o estilo denigre as qualidades femininas. E dedicou o standard country "You Are My Sunshine" às garotas presentes no local.

Depois, enalteceu os homens, dedicando aos rapazes "Rock Me". O show já estava chegando ao fim quando ele apresentou duas canções que até hoje são suas marcas registradas: "Key To Highway" e "The Thrill Is Gone". Já prestes a acabar com tudo, reforçou que sente muita saudade do Brasil e se a saúde permitir, volta ao país. Falou que Lucille (o apelido que ele dá a sua guitarra), estava chorando porque era hora de ir embora. Emendou então com o doo wop "Guess Who", um agradecimento aos fãs.

King então disse que iria tocar a ultima. Lembrou do furacão Katrina, que há alguns anos arrasou com a cidade de Nova Orleans, o berço do jazz. O bluesman entoou de forma animada "When The Saints Go Marching In", prestando um tributo, como ele mesmo disse, aos inúmeros talentos que surgiram em Nova Orleans. A plateia cantou junto e ficou de pé, mas quando o MC chegou para levar King embora, o jeito foi tomar o caminho de casa.