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[Acontece] As Bahias e a Cozinha Mineira cativa com sonoridade brasileira e letras que dosam o lírico e o politizado

“O que queremos é promover uma quebra de estereótipo. As pessoas esperavam de nós um disco estigmatizado pela cultura queer e drag queen”, afirma Assucena Assucena

Gabriel Nunes Publicado em 15/08/2016, às 17h12 - Atualizado em 16/08/2016, às 13h25

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Time completo: (no sentido horário) Vitor Coimbra, Rob Ashto en, Raquel Virgínia, Danilo Moura, Carlos Eduardo Samuel, Assucena Assucena e Rafael Acerbi - Julieta Benoit/Divulgação
Time completo: (no sentido horário) Vitor Coimbra, Rob Ashto en, Raquel Virgínia, Danilo Moura, Carlos Eduardo Samuel, Assucena Assucena e Rafael Acerbi - Julieta Benoit/Divulgação

Das modestas apresentações acústicas em ocupações estudantis na FFLCH/ USP (Universidade de São Paulo) às vistosas performances em shows lotados Brasil afora, o grupo As Bahias e a Cozinha Mineira vem conquistando ouvintes desde que estreou, em 2015, com o disco Mulher.

Capitaneada pelas vocalistas Assucena Assucena e Raquel Virgínia e pelo guitarrista Rafael Acerbi, a banda nasceu nos corredores da faculdade de História, em meados do ano 2011, quando a cantora britânica Amy Winehouse morreu. “A morte dela foi um grande trauma para nós”, lembra Assucena. “Decidimos homenageá-la e formamos o grupo Preto pro Preto, uma tradução livre de ‘Back to Black’.”

As despretensiosas incursões musicais do trio originariam posteriormente As Bahias e a Cozinha Mineira, cujo nome alude ao apelido que as duas cantoras compartilham (ambas ficaram conhecidas na faculdade como “Bahia”) e à origem de Acerbi – mineiro de Poços de Caldas. “Foi um momento de experimentação”, afirma o guitarrista. “Mal chegamos na USP e já estávamos promovendo saraus e intervenções artísticas no prédio de história.”

Quase quatro anos se passaram antes que o grupo entrasse em um estúdio para registrar as canções que deram origem ao disco Mulher. Fortemente inspirado pela discografia setentista da cantora Gal Costa, o álbum traz ainda uma veia política, atuando simultaneamente como obra de arte e discurso de resistência.

“O que queremos é promover uma quebra de estereótipo. As pessoas esperavam de nós um disco estigmatizado pela cultura queer e drag queen”, afirma Assucena, que, assim como Raquel, é transexual. “Vivemos em um país extremamente machista e hipócrita, que o tempo todo torna invisíveis as pessoas trans. Queremos mostrar que transexuais podem ter banda de MPB e se tornarem artistas, sim”, acentua Raquel. “Eu também quero falar sobre o meu álbum, mas falar sobre transexualidade é dar visibilidade, é mostrar que nós somos pessoas normais, que também sofrem e que também gozam.”